Pancada forte na cabeça pode reativar vírus adormecidos no corpo

Uma pancada forte na cabeça pode desencadear consequências que vão além do dano físico. De acordo com um estudo recente publicado na revista científica Science Signaling, traumatismos cranianos graves podem reativar vírus latentes no organismo, como o herpes simplex 1 (HSV-1), e contribuir para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, incluindo o Alzheimer.

Pesquisadores da Universidade Tufts, nos EUA, e da Universidade de Oxford, no Reino Unido, utilizaram mini cérebros criados a partir de células-tronco para investigar a relação entre lesões cerebrais e a reativação do HSV-1. O estudo revelou que mesmo lesões leves e repetidas podem “acordar” o vírus, que permanece latente no organismo após uma infecção inicial.

Um traumatismo poderia afetar o cérebro?

“Nos perguntamos o que aconteceria se submetêssemos o modelo de tecido cerebral a uma perturbação física, algo semelhante a uma concussão. O HSV-1 acordaria e iniciaria o processo de neurodegeneração?”, explica Dana Cairns, engenheira biomédica e líder do estudo. A resposta, segundo os experimentos, foi afirmativa.

Uma semana após a simulação de uma lesão, os mini cérebros apresentaram aglomerados de proteínas e emaranhados característicos de doenças como o Alzheimer.

Além disso, os pesquisadores observaram sinais de neuroinflamação, aumento de células imunes pró-inflamatórias e danos ao tecido cerebral.

Ligação entre HSV-1 e Alzheimer

O HSV-1 já é conhecido por seu papel como um dos fatores de risco para neurodegeneração. Estudos anteriores mostraram que o material genético do vírus está presente em 90% das placas de proteína em cérebros de pacientes com Alzheimer.

Agora, o novo estudo reforça a hipótese de que o traumatismo craniano pode ser um gatilho para a reativação do vírus, agravando o impacto no cérebro.

Os experimentos também indicaram que o efeito do traumatismo é mais pronunciado em cérebros jovens. Mini cérebros envelhecidos por apenas quatro semanas sofreram mais danos após a lesão do que aqueles com oito semanas, sugerindo que órgãos em desenvolvimento podem ser mais vulneráveis.

O impacto de lesões repetidas

Lesões repetidas, como as observadas em esportes de contato ou em acidentes, aumentaram ainda mais os danos cerebrais nos modelos estudados.

“Nossos resultados mostram que o traumatismo cranioencefálico causa a reativação do HSV-1 latente em nosso modelo cerebral 3D e que, se a lesão for repetida, o dano é muito maior do que após um único golpe”, destaca a equipe no artigo.

Caminhos para prevenção

Com base nos achados, os pesquisadores sugerem que tratamentos anti-inflamatórios e antivirais podem ajudar a diminuir os danos causados pelo traumatismo craniano.

“Estudos futuros devem investigar possíveis maneiras de prevenir a reativação do HSV-1 no cérebro, reduzindo assim o risco de desenvolver doenças neurodegenerativas”, propõem os autores.

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Fonte: Metrópoles

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