Poluição do ar no império romano pode ter baixado o QI dos europeus

Um estudo publicado nessa segunda-feira (6/1) sugere que a poluição atmosférica no auge do império romano pode ter sido tão elevada que comprometeu o desenvolvimento cognitivo da população europeia, resultando em uma redução média do quociente intelectual (QI) de até 3 pontos naquele período.

Baseados em análises de três núcleos de gelo do Polo Norte armazenados em densas camadas de profundidade, os pesquisadores identificaram um aumento significativo nos níveis de chumbo atmosférico entre 100 antes de Cristo (a.C.) e 200 depois de Cristo (d.C.), período que coincide com a expansão máxima do império romano. A equipe estimou que viver em tal nível de exposição ao chumbo teria levado a uma queda de 2,5 a 3 pontos no QI médio da população.

O teste de QI é pouco utilizado hoje em dia para medir a capacidade cognitiva, mas ainda é apontado como uma possibilidade de comparativo entre desempenhos intelectuais. Ele é dividido em faixas de resultado e uma variação de apenas 12 pontos separa uma pessoa identificada como de “inteligência normal” daquela considerada “muito superior”.

“Ao ser analisada em um nível populacional geral, um índice de queda de três pontos é muito alto”, afirma o especialista em ciclo da água Joe McConnell, autor principal do estudo, em comunicado à imprensa.

O estudo, liderado pelo Instituto de Pesquisa do Deserto (DRI) nos EUA, indica que as consequências da poluição antiga sobre a saúde humana podem ter impactos de mais longo prazo do que se imaginava. Os resultados foram publicados no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Por que o ar do império romano era tão poluído?

Vivendo em contextos urbanos como os atuais e encarando as consequências das mudanças climáticas, é difícil para alguém de hoje imaginar como o ar de uma cidade antiga seria tão poluído.

A resposta está no que era queimado. Além da constante presença de fogueiras domésticas, a região próxima a Roma concentrava uma intensa mineração e fundição de prata, mineral que sustentava a economia do império. A prata era extraída da galena, um mineral rico em chumbo, que era derretido para extrair o metal. Por isso, para cada grama de prata que era purificada, milhares de gramas de chumbo eram liberados no ar.

O uso de aquedutos, panelas e utensílios domésticos feitos de prata ampliavam a exposição, especialmente entre as elites e moradores das áreas urbanas. Pesquisas anteriores já haviam estimado que a quantidade de chumbo no ar em Roma era três vezes pior do que a observada na média das cidades americanas atualmente.

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Mina de prata desativada nos arredores de Roma

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Amostra de gelo mostra múltiplas camadas que foram analisadas para identificar níveis de poluição atmosférica

Reprodução/DRI

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Mina de prata desativada nos arredores de Roma

Reprodução/DRI

Uma história ao lado do mineral tóxico

A pesquisa utilizou registros de gelo preservados no Ártico para reconstruir os níveis de poluição atmosférica da época. O especialista destaca que esta é a primeira vez que registros de poluição por chumbo em núcleos de gelo são utilizados para estimar impactos humanos em escala continental.

“A poluição por chumbo acompanhou a existência humana até que nos anos 1970 chegamos a registrar níveis até 40 vezes mais altos do que os encontrados no império romano. Desde então, tornou-se cada vez mais evidente para epidemiologistas e médicos o quão ruim o metal é para o desenvolvimento humano”, comenta McConnell.

O chumbo é um metal pesado tóxico para humanos até mesmo em pequenas doses. Ele não é processado pelo organismo e se aloja nos órgãos, especialmente no cérebro, fígado e rins, afetando o sistema nervoso e causando intensas dores de cabeça que podem levar a alterações de personalidade.

O estudo descobriu que a poluição atmosférica por chumbo começou durante a Idade do Ferro e atingiu um pico durante o final do século 2 antes de Cristo (a.C.), no auge da república romana. Em seguida, declinou acentuadamente e só voltou a aumentar por volta do ano 15 a.C. após a ascensão do império romano.

A poluição por chumbo permaneceu alta até a peste antonina (um surto de varíola), de 165 a 180 d.C., que afetou severamente o Império Romano. Foi somente na Alta Idade Média, por volta do ano mil, que a poluição por chumbo no Ártico excedeu os altos níveis sustentados no auge de Roma.

A equipe também analisou como os ventos atmosféricos espalharam a poluição por vastas regiões da Europa, incluindo a Grã-Bretanha e o norte da África. Mapas recriados em computador revelaram altos níveis de contaminação mesmo em áreas afastadas dos centros de mineração.

Além da diminuição cognitiva, os pesquisadores alertam para outros impactos à saúde causados pela exposição ao chumbo, como infertilidade, anemia e problemas cardiovasculares.

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Fonte: Metrópoles

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