Com o recorde de produção de carnes bovina, suína e de aves em 2024, o setor de bovinos busca expandir e conquistar novos mercados em 2025. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) mira no Japão e outros três países.
A exportação da carne bovina brasileira ocorre por meio da iniciativa Brazilian Beef, fruto da parceria entre a entidade privada e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), do governo federal.
O que você precisa saber
- A produção nacional de carnes bovina, suína e de aves foi estimada em torno de 31,57 milhões de toneladas em 2024, o maior nível já registrado na série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
- A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2024 em 4,83%, acima do limite da meta estipulada (de 4,5%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
- Dentro do grupo Alimentação e Bebidas, que foi o que mais pressionou no resultado global da inflação, os preços das carnes subiram 20,34% no ano passado. Ou seja, a inflação das carnes ficou quatro vezes maior que a inflação geral.
- De acordo com o IBGE, o aumento no valor das carnes pode ser explicado pelos seguintes fatores: 1) clima seco e forte estiagem, que contribuíram para a diminuição da oferta; 2) menor quantidade de animais abatidos, devido justamente ao clima seco; e 3) elevado número de exportações da proteína.
- O impacto negativo de eventos climáticos adversos no ano passado também é citado pelo governo Lula (PT) para justificar a alta nos preços de alimentos em diferentes regiões do Brasil.
- A produção suína e de aves deve crescer em 2025, enquanto a produção da carne bovina deve encolher, mas ainda é projetado que seja o segundo maior volume de produção já registrado no quadro de bovinos, atrás somente de 2024.
“Nós temos mercados a serem abertos que representam grande fatia do mercado consumidor mundial de carne bovina, dentre eles o Japão, o Vietnã, a Turquia, e a Coreia do Sul. Alguns deles estão em diferentes estágios de negociação. Mas, juntamente com o governo brasileiro, com o Ministério da Agricultura, vamos batalhar para que este ano de 2025 seja o ano que nos dê a oportunidade de levar a carne brasileira a esses destinos”, disse o presidente da Abiec, Roberto Perosa.
O gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, explicou ao Metrópoles que as carnes foram um componente que teve grande influência na composição do número final da inflação de 2024. “Esse movimento de alta veio mais intenso no segundo semestre por conta de eventos climáticos (seca e queimadas). Isso tudo reduziu área de pastagem, aí isso traz uma elevação nos custos de produção e leva a uma elevação nos custos de produção”, argumentou.
Ele disse que outro fator que influenciou na alta de preços foi o aumento das exportações, porque, com o dólar alto, se tornou mais rentável para o comerciante exportar do que vender o produto internamente. “Quando você reduz oferta internamente do produto, tem impacto no preço”.
Na quarta-feira (29/1), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, defendeu as exportações brasileiras. “Quando a gente bate recorde de exportação não está concorrendo com o mercado interno. Ao contrário, nós estamos estimulando a economia, gerando emprego, gerando renda. E aí a renda mais alta para o brasileiro, ele consegue comprar mais alimentos”, argumentou.
Números da carne bovina
Em 2024, a produção de carne bovina atingiu 10,91 milhões de toneladas, a maior já registrada pela Conab. Os embarques cresceram em relação a 2023, saindo de 3,03 milhões de toneladas para 3,78 milhões de toneladas.
A China continua sendo o maior consumidor, com participação de 46%, seguida dos Estados Unidos, com 8%, e dos Emirados Árabes Unidos, com 4,6%. Estes dois últimos países, respectivamente, aumentaram em 52% e 72% os volumes embarcados do Brasil, em relação a 2023.
Com a maior produção, a disponibilidade interna de carne bovina também registrou alta, projetada em torno de 7,19 milhões de toneladas.
A estimativa da Conab é que a produção em 2025 seja menor que a registrada no ano anterior, estimada em 10,37 milhões de toneladas. Ainda assim, este é o segundo maior volume de produção já registrado no quadro de bovinos, atrás somente de 2024.
As exportações seguirão aquecidas, e podem ficar em torno de 3,86 milhões de toneladas, o que resultará em uma disponibilidade interna de aproximadamente 6,58 milhões de toneladas, índice semelhante ao registrado em 2023, mas cuja diminuição prevista em 2025 será equilibrada pelos aumentos produtivos das demais proteínas, mantendo a disponibilidade per capita acima dos 102 kg/habitante/ano.
Fonte: Metrópoles