Risco de câncer começa a aumentar antes do nascimento, sugere estudo
O risco de ter câncer ao longo da vida pode começar a aumentar ainda no útero, segundo um estudo publicado nessa segunda-feira (27/1) na revista Nature Cancer. A pesquisa, feita em camundongos, identificou que a ativação de determinados genes, a chamada epigenética, pode começar ainda durante o desenvolvimento fetal.
Os cientistas do Instituto Van Andel, na Alemanha, ativaram os genes do conjunto Trim28, que estão diretamente ligados à suscetibilidade à doença, em fetos de ratinhos. A depender da etapa de desenvolvimento, a ativação dos genes esteve ligada a diferentes tipos de tumor.
Se ela ocorre ainda no início da gestação, aumenta o risco de tumores líquidos, como leucemia ou linfoma. Se acontecerem mais perto do parto, as ativações levaram ao desenvolvimento de tumores sólidos, como de pulmão, próstata ou mama.
“Nossas descobertas mudam a forma como entendemos o risco de câncer, mostrando que ele pode ser moldado desde o início da vida e oferecendo uma nova perspectiva para estudar a doença”, afirma o médico Andrew Pospisilik, coautor do estudo, em comunicado à imprensa.
Os camundongos começaram a manifestar replicações celulares irregulares com apenas 10 dias de nascidos, algo semelhante a um ano em idade humana.
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Segundo o Instituto Nacional de Câncer, para cada ano do triénio 2020/2022 serão registrados cerca de 625 mil casos da doença no Brasil
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Extremamente comum no país, o câncer de pele é caracterizado pelo aparecimento de tumores na pele em formato de manchas ou pintas com formatos irregulares. Relacionada à exposição prolongada ao sol, exposição a câmeras de bronzeamento artificial ou por questões hereditárias, a doença pode ser tratada através de cirurgias, radioterapia e quimioterapia
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O câncer de mama é causado pela multiplicação descontrolada de células na mama. Apesar de ser comum em mulheres, a enfermidade também pode acometer homens. Entre os sintomas da doença estão: dor na região da mama, nódulo endurecido, vermelhidão, inchaço e secreção sanguinolenta. O tratamento envolve cirurgia para retirada da mama, quimio, radioterapia e hormonioterapia
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Mais frequente em homens, o câncer de próstata apresenta os seguintes sintomas: sangue na urina, dificuldade em urinar, necessidade de urinar várias vezes ao dia e a demora em começar e terminar de urinar. Cirurgia e radioterapia estão entre os tratamentos da doença
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Embora possa estar relacionado com hipertireoidismo, tabagismo, alterações dos hormônios sexuais e diabetes, por exemplo, o câncer de tireoide ainda não é bem compreendido por especialistas. Apesar disso, tratamentos contra a doença envolvem terapia hormonal, radioterapia, iodo radioativo e quimioterapia, dependendo do caso
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O câncer de pulmão é um dos tipos com maior incidência no Brasil. Relacionado ao uso ou exposição prolongada ao tabagismo, tem como principais sintomas a falta de ar, dores no peito, pneumonia recorrente, bronquite, escarro com sangue e tosse frequente. A doença é tratada com quimioterapia, radioterapia ou/e cirurgia
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No Brasil, o carcinoma epidermoide escamoso tem a maior incidência entre os canceres de estômago. Os tratamentos envolvem cirurgia ou radioterapia e quimioterapia
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O câncer de estômago é diagnosticado após a identificação de tumores malignos espalhados pelo órgão e que podem aparecer como úlceras. Relacionado à infecções causadas por Helicobacter Pylori, pela presença de úlceras e de gastrite crônica não cuidada, por exemplo, a doença pode causar vômito com sangue ou sangue nas fezes, dor na barriga frequente e azia constante
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O câncer de colo de útero tem como sintomas sangramento vaginal intermitente, dor abdominal relacionada a queixas intestinais ou urinárias e secreção vaginal anormal. O tratamento envolve quimio, radioterapia e cirurgia
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O câncer de boca é uma doença que envolve a presença de tumores malignos nos lábios, gengiva, céu da boca, língua, bochechas e ossos. É mais comum em homens com mais de 40 anos e tem como sintomas feridas na cavidade oral, manchas na língua e nódulos no pescoço, por exemplo. O tratamento envolve cirurgia, quimio e radioterapia
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Epigenética e o risco de câncer
A epigenética, que regula como e quando as instruções do DNA são executadas, desempenha um papel crucial nesse processo. Erros epigenéticos podem desregular mecanismos de controle celular, permitindo que células defeituosas sobrevivam e se multipliquem.
Os pesquisadores propositalmente causaram os erros epigenéticos, fazendo os camundongos nascerem com níveis reduzidos do gene Trim28. Ao fazer essa alteração, a equipe descobriu que se aumentava o risco de todos os tipos de câncer. As próximas investigações devem fazer intervenções mais pontuais para entender os efeitos no desenvolvimento de cada câncer.
“Se nós (como uma comunidade) pudermos identificar regiões similarmente sensíveis do genoma do câncer humano, então estaremos melhor equipados para estratificar e tratar pacientes de forma otimizada”, escrevem os cientistas no artigo.