Sob pressão de alimentos, IPCA-15 desacelera, mas supera projeções

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, mostra que os preços de bens e produtos subiram 0,11% em janeiro, após taxa de 0,34% registrada em dezembro — o que representa recuo de 0,23 ponto percentual. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24/1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou acima do esperado pelo mercado financeiro. A previsão da Warren Investimentos era de deflação de 0,02%.

O que é o IPCA-15:

  • O IPCA-15 difere do IPCA, que mede a inflação oficial do país, na abrangência geográfica e no período de coleta, que começa no dia 16 do mês anterior. Por essa razão, ele funciona como uma prévia do IPCA.
  • O indicador coleta dados sobre as famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. Ele abrange: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Brasília e Goiânia.
  • Em dezembro do ano passado, o IPCA-15 avançou 0,34%. Com isso, acumulou alta de 4,71% em 2024. A meta de inflação é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%).
  • Em janeiro de 2023, a inflação medida pelo IPCA-15 apresentou alta de 0,55% em relação ao mês anterior — ou seja, dezembro.
  • Já em janeiro de 2024, o índice ficou em 0,31%.

Nos últimos 12 meses até janeiro, o IPCA-15 acumula alta de 4,50%, abaixo dos 4,71% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2024, o índice foi de 0,31%.

A alta do IPCA-15 foi influenciada pelos preços do grupo Alimentação e bebidas, com avanço de 1,06% e impacto de 0,23 ponto percentual no total do índice em janeiro. O grupo tem maior peso no índice.

A partir das 9h desta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe ministros para buscar solução que consiga mitigar os efeitos da inflação que incide sobre os alimentos. Foram convocados para a reunião os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

Preço dos alimentos sobe em janeiro

O grupo de Alimentação e bebidas, de maior peso no índice, teve elevação de 1,06% em janeiro. Ainda no grupo, a alimentação no domicílio registrou variação de 1,10%.

Contribuíram para o valor do mês:

  • a alta nos preços do tomate (17,12%) e do café moído (7,07%).
  • a queda nos preços da batata-inglesa (-14,16%) e do leite (-2,81%).

Por outro lado, a alimentação fora do domicílio desacelerou de 1,23% (em dezembro) para 0,93% (em janeiro). Os subitens lanche (0,98%) e refeição (0,96%) registraram variações inferiores ao mês anterior (1,26% e 1,34%, respectivamente).

Habitação em queda e Transportes em alta

A segunda maior influência foi do grupo Transportes, que subiu 1,01% no mês e teve impacto de 0,21 ponto percentual. Dentro do grupo, o subitem passagem aérea subiu 10,25%. Já o subitem ônibus urbano aumentou 0,46% no mês.

No recorte dos combustíveis (0,67%), o etanol (1,56%), o óleo diesel (1,10%), o gás veicular (1,04%) e a gasolina (0,53%) apresentaram altas.

Enquanto no grupo Habitação, único a apresentar recuo (-3,43%), a energia elétrica residencial recuou 15,46% em janeiro e foi o subitem com maior impacto negativo no índice (-0,60 ponto percentual).

A queda, de acordo com o IBGE, ocorreu devido à incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de janeiro.

Destaques do IPCA-15

Dos nove grupos analisados pelo IBGE, oito registraram alta. A única taxa negativa veio do grupo Habitação, que recuou 3,43% no mês (com impacto de -0,52 ponto percentual no IPCA-15). Segundo o IBGE, esse resultado ajudou a conter o índice em janeiro.

Confira a variação de cada grupo em janeiro:

  • Alimentação e bebidas: 1,06%;
  • Transportes: 1,01%;
  • Artigos de residência: 0,72%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,64%;
  • Vestuário: 0,46%;
  • Despesas pessoais: 0,40%;
  • Educação: 0,25%;
  • Comunicação: 0,15%;
  • Habitação: -3,43%.

Confira o impacto de cada grupo no IPCA-15 de janeiro:

  • Alimentação e bebidas: 0,23 ponto percentual;
  • Transportes: 0,21 ponto percentual;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,08 ponto percentual;
  • Artigos de residência: 0,03 ponto percentual;
  • Vestuário: 0,02 ponto percentual;
  • Despesas pessoais: 0,04 ponto percentual;
  • Comunicação: 0,01 ponto percentual;
  • Educação: 0,01 ponto percentual.
  • Habitação: -0,52 ponto percentual.

O IPCA-15

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 13 de dezembro de 2024 a 14 de janeiro de 2025 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 13 de novembro a 12 de dezembro de 2024 (base).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.

A próxima divulgação do IPCA-15, referente a fevereiro, será em 25 de fevereiro.

Projeções do mercado financeiro para a inflação

Os analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC), no relatório Focus dessa segunda-feira (20/1), subiram a projeção da inflação para 2025, 2026 e 2028. Por outro lado, a estimativa para 2027 permaneceu inalterada.

O mercado alterou a projeção da inflação de 2025 de 5% para 5,08% — ou seja, para os economistas o índice continua acima do teto da meta fiscal deste ano, que é de 4,5%.

Com isso, os analistas esperam que a inflação fique cada vez mais distante do centro da meta definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% com variação de 1,5 ponto percentual para cima (4,5%) e para baixo (1,5%).

Confira as demais projeções da inflação:

  • Para 2025, passou de 4,05% para 4,10%.
  • Para 2027, continua a mesma da semana passada: 3,90%.
  • Para 2028, cresceu de 3,56% para 3,58%.

No ano passado, o IPCA fechou em 4,83%, confirmando o estouro da meta em 2024. No mês passado, a inflação avançou 0,52%, puxada principalmente pela alta no grupo Alimentação e Bebidas (1,18%).



Fonte: Metrópoles

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