Surto do vírus hMPV na China pode causar nova pandemia? Entenda

Surto do vírus hMPV na China pode causar nova pandemia? Entenda

Nas últimas semanas, notícias do surto do vírus metapneumovírus humano (hMPV) na China têm assustado a população mundial. Fazendo paralelos com o coronavírus, que surgiu em condições semelhantes e na mesma época, muitos acreditam que o metapneumovírus humano pode ser responsável pela próxima pandemia.

Porém, o cenário não é tão apocaliptico assim. Ao contrário do SARS-CoV-2, o hMPV não é novidade para a medicina. O vírus foi identificado pela primeira vez em 2001, apesar de a comunidade científica acreditar que ele estivesse circulando entre nós há décadas.

“Ele é um dos responsáveis pelos sintomas de resfriados e quadros gripais que enfrentamos todos os anos, principalmente em crianças, idosos e indivíduos imunocomprometidos”, explica o infectologista Leonardo Weissman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Hospital Regional de Itanhaém. Ele também é professor do curso de Medicina da Unaerp Guarujá, em São Paulo.

O vírus, que é monitorado pelo Ministério da Saúde há anos, é transmitido por secreções respiratórias de pessoas infectadas e se espalha pelas gotículas de saliva expelidas ao tossir, espirrar ou falar. O contato direto com secreções respiratórias de um paciente doente (ao tocar uma superfície contaminada ou levar as mãos ao rosto) também pode transmitir o patógeno.

O coordenador-geral de Vigilância de Vírus Respiratórios do Ministério da Saúde, Marcelo Gomes, incentiva a população a se manter em dia com as vacinas contra Covid-19 e gripe como estratégia de prevenção. “O uso de máscaras por pessoas com sintomas gripais e resfriados ajuda a diminuir a transmissão de todos os vírus respiratórios, inclusive o metapneumovírus”, afirma.

Lavar as mãos, evitar tocar o rosto, cobrir a boca ao tossir ou espirrar, limpar superfícies compartilhadas e evitar contato próximo com pessoas doentes são outras medidas de prevenção para o hMPV e outras doenças respiratórias. Crianças, idosos e pessoas com baixa imunidade formam o grupo de risco.

“O metapneumovírus humano já é muito conhecido. Ele não é como o coronavírus, que veio de um animal e pegou uma população sem resposta imune – o que determinou tantos quadros graves. Já existe uma resposta imune do hMPV na população, então, a princípio, não existe a possibilidade de quadros disseminados graves, como foi a Covid-19”, considera o médico Marcelo Otsuka, coordenador do comitê de infectologia pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) em entrevista anterior ao Metrópoles.

Há risco de pandemia de hMPV?

Na terça-feira (7/1), a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que o surto de hMPV na China está dentro do esperado para o período de inverno no hemisfério norte.

“O hMPV é um vírus respiratório comum. Embora alguns casos possam ser hospitalizados com bronquite ou pneumonia, a maioria das pessoas infectadas apresenta sintomas respiratórios superiores leves, semelhantes ao resfriado e se recupera após alguns dias”, afirmou a OMS em comunicado à imprensa.

A organização diz estar em contato com autoridades de saúde da China e que, até o momento, não foram recebidas informações sobre padrões incomuns de surtos. O governo chinês também informou que o sistema de saúde não está sobrecarregado e o país não está em emergência de saúde pública.

Weissmann também considera o risco de pandemia baixo quando comparado a outros vírus conhecidos, como o influenza e o SARS-CoV-2. Ele lembra que é preciso ter cuidado, mas não há motivo para pânico.

“O hMPV nos lembra que, embora a Covid-19 tenha dominado a atenção nos últimos anos, há muitos outros vírus que continuam a circular e demandam nossa vigilância”, alerta.

Doença causa sintomas muito semelhantes aos do vírus sincicial respiratório e do resfriado

O que explica o surto de hMPV na China?

Além do período de inverno, quando o tempo frio resseca as vias respiratórias e as pessoas tendem a ficar aglomeradas em locais fechados, existem vários fatores que explicam a situação da China.

O infectologista aponta que, durante a pandemia, a população chinesa ficou de quarentena, com máscara, e teve menos contato com vários vírus além do coronavírus — especialmente as crianças pequenas, que não desenvolveram imunidade por não terem sido expostas a eles.

“Agora que a rotina voltou ao normal, esses vírus estão circulando mais e encontrando pessoas com menor imunidade contra eles. Isso cria condições ideais para o aumento de casos, como estamos vendo com o hMPV”, explica Weissmann.

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Fonte: Metrópoles