São Paulo – Aprovado em 2023 pela Anvisa, a chegada definitiva do medicamento nirsevimabe ao Brasil representa um avanço na prevenção do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), uma das principais causas de bronquiolite, pneumonia e hospitalizações em bebês com menos de um ano.
O imunizante, um anticorpo monoclonal de dose única e ação prolongada, já teve sua incorporação aprovada no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para bebês prematuros e com comorbidades que têm planos de saúde.
Agora, especialistas e instituições aguardam a decisão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que pode garantir o acesso à imunização também na rede pública. A consulta pública já foi finalizada e resta a publicação do parecer final.
Nos estudos clínicos, o nirsevimabe demonstrou reduzir em 83% as hospitalizações por infecções respiratórias relacionadas ao VSR em bebês nascidos a termo. Em países onde a aplicação do imunizante foi adotada em larga escala, como no Chile, houve uma queda de 90% nas hospitalizações pediátricas ligadas ao vírus, sem registros de óbitos no período avaliado.
O que é o VSR
- O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecções respiratórias em bebês e crianças pequenas, sendo responsável por uma parcela significativa das internações pediátricas.
- Os sintomas incluem indisposição, febre e tosse, mas um dos aspectos mais preocupantes é o “chiado no peito”, o som agudo semelhante a um assobio, que pode ser ouvido durante a respiração.
- No ano epidemiológico de 2024, foram registrados 161.718 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), com 46,5% deles apresentando resultados positivos para algum vírus respiratório.
- Entre esses casos, 34,9% foram causados pelo VSR, destacando sua relevância como um problema de saúde pública que exige atenção e medidas preventivas.
O que diferencia o novo imunizante do que já existe?
Atualmente, o SUS já oferece o palivizumabe, um anticorpo monoclonal indicado para a prevenção do VSR em bebês prematuros extremos e crianças com doenças pulmonares crônicas ou cardíacas congênitas. No entanto, a aplicação precisa ser feita mensalmente durante toda a sazonalidade do vírus, o que gera desafios logísticos e de adesão.
O nirsevimabe, por sua vez, tem duração prolongada e exige apenas uma dose para oferecer proteção durante toda a temporada de circulação do vírus. Segundo o pediatra infectologista Daniel Jarovsky, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o novo imunizante representa um avanço significativo.
“Ele é um upgrade do palivizumabe, com potência muito maior e meia-vida mais longa, o que significa que a proteção é mais duradoura e com um perfil de segurança ainda melhor”, explicou o especialista durante o evento Novo Capítulo na Prevenção do VSR, que aconteceu nesta quinta (30/1) em São Paulo.
Impacto da incorporação no SUS
O VSR representa um risco para a saúde infantil e um desafio para a saúde pública. No Brasil, entre 2013 e 2022, a taxa de hospitalizações por infecção do vírus em crianças menores de dois anos aumentou 33% ao ano. Bebês prematuros e com comorbidades respiratórias são os mais vulneráveis, mas o vírus pode levar a complicações sérias também em crianças saudáveis.
Com a incorporação no SUS, o acesso ao nirsevimabe permitiria ampliar a proteção contra o VSR, reduzindo o número de internações pediátricas e desafogando o sistema de saúde.
“A chegada do imunizante ao Brasil, já com acesso garantido aos grupos mais vulneráveis nos planos de saúde, é um passo importante. A incorporação no SUS permitiria que todos os bebês, independente das condições de nascimento ou saúde, tivessem acesso à melhor proteção disponível contra o VSR”, destaca o pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBI).
A repórter viajou a convite da Sanofi.
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Fonte: Metrópoles