Testosterona: veja riscos e contraindicações do hormônio anabolizante

Em busca de ganho rápido de massa muscular e melhor desempenho na academia, um número crescente de entusiastas do mundo fitness tem recorrido à reposição de testosterona fora das indicações médicas. A prática, no entanto, não é segura: o uso indevido do hormônio pode causar efeitos que vão desde alterações cardiovasculares, incluindo hipertrofia cardíaca, até problemas psicológicos e infertilidade.

Na versão sintética, a testosterona é associada a uma série de ésteres. Os compostos modulam a duração da absorção do hormônio pelo organismo, mas não alteram sua composição. Eles são usados porque a testosterona pura tem meia-vida muito curta, sendo absorvida em menos de duas horas.

“Os ésteres são como casulos que fazem a testosterona ficar mais rígida e tornam sua absorção mais lenta, permitindo que os pacientes que fazem tratamentos de reposição não precisem aplicar o remédio com tanta frequência. Eles não alteram o funcionamento da substância. A testosterona é sempre a mesma, ao usar um éster longo a gente não tem maiores doses do hormônio, elas podem estar mais ou menos diluídas”, explica o educador físico Leandro Twin, da Bluefit, um dos maiores influenciadores do Brasil quanto ao tema anabolizantes.

Como medicamento, os diferentes ésteres são indicados para a reposição hormonal em homens com hipogonadismo, uma deficiência congênita ou adquirida na produção do hormônio pelo corpo. A testosterona sintética está disponível na forma injetável, mas também há versões em comprimidos e até em gel, conforme orientação médica.

Entretanto, seu uso se popularizou para ganho de massa muscular (anabolismo), em que são usadas versões altamente concentradas em forma injetável. São comuns as falsificações tanto da substância quanto de receitas para adquiri-la em farmácia, mas seu uso estético para conquistar músculos pode até aumentar o risco de infarto e AVC.

O que é a testosterona?

A testosterona é o principal hormônio masculino, produzido naturalmente nos testículos nos homens e em pequenas quantidades nos ovários nas mulheres. É responsável por funções como o desenvolvimento de características sexuais secundárias, aumento da massa muscular e densidade óssea. Também contribui no metabolismo de lipídios e de carboidratos, na função dos rins e no crescimento da próstata.

A reposição de testosterona é indicada para homens que apresentam hipogonadismo, uma condição caracterizada pela baixa produção do hormônio, e pode ser feita através de ésteres como cipionato, enantato e propionato, que variam na duração de suas ações. Enquanto o cipionato possui oito dias de meia vida, o undecilato supera os dois meses.

Para que foi criada a versão sintética e quando?

Na década de 1920, a medicina conseguiu extrair do testículo de animais a primeira testosterona que, usada em outros animais castrados, conseguiu remasculinizar seus organismos. A partir dessa descoberta, se iniciaram as buscas por criar versões sintéticas do hormônio. Em 1934, o químico Leopold Ružička descobriu como fazê-lo e ganhou um prêmio Nobel por isso.

Ao ser produzida em larga escala, a intenção era que a testosterona fosse usada para tratar condições médicas como distúrbios hormonais em homens que foram amputados ou tinham feridas de guerra. Desde então, a substância tem sido amplamente estudada e regulamentada.

Tem registro na Anvisa? Para que tipo de uso?

No Brasil, a testosterona tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é aprovada exclusivamente para fins terapêuticos, como a reposição hormonal em pacientes com deficiência comprovada. Seu uso estético ou para ganho de performance é proibido. Desde 2023, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a prescrição de hormônios com fim estético.

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Quais os efeitos?

Quando utilizada corretamente sob boa orientação médica (quando a deficiência é confirmada em exames bioquímicos), a reposição de testosterona pode trazer benefícios como aumento da energia, melhora da densidade óssea e da massa muscular.

O endocrinologista Clayton Macedo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-SP), explica que a testosterona tem sempre um efeito duplo, causando o anabolismo, ou seja, o ganho de massa, mas também o androgenismo, em que se reforçam no organismo as características masculinas e os efeitos secundários do hormônio.

“Ela é amplamente usada para aumento de força e hipertrofia muscular como um suplemento, uma dose extra além do que o organismo já produz. Normalmente, para induzir esses efeitos, a testosterona precisa ser usada em doses altas, o que pode levar a sérias complicações”, explica.

Quais são os riscos do uso estético?

A suplementação inadequada em doses excessivas pode gerar efeitos colaterais significativos. A curto prazo, pode provocar agressividade, irritabilidade e retenção de líquidos. Já os efeitos de longo prazo incluem alterações cardiovasculares, hepáticas e neurológicas, aumentando até o risco de morte súbita.

“O hormônio pode causar hipertensão, aumento do colesterol ruim e espessamento do sangue, fatores que elevam o risco de infarto, AVC e morte súbita”, completa Macedo. Além disso, o uso prolongado pode causar disfunção hepática, com o desenvolvimento de hepatite medicamentosa e até tumores no fígado.

Os problemas não se limitam a esses órgãos. Um efeito colateral comum da suplementação é a infertilidade e a atrofia testicular. “Esse desequilíbrio pode ser irreversível em alguns casos, especialmente quando o uso da substância é prolongado e em doses muito altas. A sobrecarga também pode levar à disfunção erétil e à queda da qualidade de vida, além do aumento do risco de câncer de próstata”, alerta o urologista Rodrigo Trivilato, de Goiânia (GO).

Além disso, é comum o aumento de acne, queda de cabelo e retenção de líquidos. As aplicações intramusculares também trazem problemas como abscessos, infecções e transmissão de doenças como hepatite, quando as seringas são compartilhadas.

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Fonte: Metrópoles

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