O filme “Dois Papas” retrata o momento de renúncia do papa Bento XVI, no início de 2013, e a escolha do cardeal Jorge Mario Bergoglio – que viria a se tornar o papa Francisco – para ocupar o posto em seu lugar.
O longa-metragem lançado em 2019 gira em torno de um encontro fictício entre Bento XVI (Anthony Hopkins) e o futuro papa Francisco (Jonathan Pryce), no qual os dois personagens discutem sobre suas visões distintas em relação ao mundo e ao catolicismo, logo antes da renúncia ser apresentada.
Dirigido pelo brasileiro Fernanda Meirelles, “Dois Papas” é um filme de ficção — embora os produtores tenham estudado os discursos e a personalidade dos dois pontífices para escrever os diálogos –, mas alguns dos momentos retratados se baseiam na realidade.
O filme mostra a vida de Bergoglio na Argentina, antes de ser escolhido como papa, e passa por alguns de seus momentos mais marcantes.
Ele, de fato, trabalhou como técnico químico no laboratório Hickethier-Bachmann de Buenos Aires antes de abandonar a carreira e entrar para o seminário, aos 21 anos. No entanto, diferentemente do que aparece no filme, não há registros de que ele tenha terminado um noivado para se dedicar à vocação.
O filme também retrata um dos momentos mais controversos da biografia do papa Francisco: sua atuação durante a ditadura militar da Argentina, que durou de 1976 a 1983. Embora não seja possível afirmar exatamente quais ações de Bergoglio no filme ocorreram na vida real, o pontífice é retratado como alguém que não se posicionou tão fortemente contra o regime, ao contrário de outros colegas jesuítas da época.

As decisões e a influência de Bergoglio desagradaram uma parte da ordem jesuíta, o que fez com que ele fosse enviado, no final dos anos 1980, para uma espécie de exílio em Córdoba, no interior da Argentina, onde ficou isolado, assim como no filme.
Outra passagem que também é retratada pelo longa é a sua tentativa de se aposentar. No entanto, não há registros de que Bergoglio tenha insistido para conseguir sua aposentadoria.
O que se sabe é que – assim como está previsto no Direito Canônico e todos os cardeais fazem – ele apresentou sua carta de renúncia ao completar 75 anos, que poderia ou não ser aceita.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Como o papa Francisco é retratado no filme “Dois Papas” no site CNN Brasil.