O grupo político controlado pelo senador Márcio Bittar autorizou pagar R$ 950 mil a uma banca de advogados que teria prestado serviços jurídicos ao PL na campanha eleitoral do ano passado, em Rio Branco.
A banca contratada por Bittar tem como sócio o seu próprio assessor parlamentar, Marcos Paulo Pereira Gomes, lotado no gabinete do senador com salário superior a R$ 17 mil mensais (veja abaixo).
O Portal Transparência do Senado indica que no mês da eleição (outubro de 2024) Marcos Paulo estava na folha de servidores comissionados.
O PL tem como presidente municipal Edson Siqueira, irmão do senador, Luis Felipe Aragão como tesoureiro, e, como membros, dentre outros, o defensor público Valdir Perazzo, a ex-mulher do senador, Márcia Bittar, e a publicitária Charlene Lima, recém nomeada subsecretária municipal de Meio Ambiente – atendendo a indicação do senador.
Os valores chamam atenção pela suspeita de lavagem e desvio do fundo partidário nas eleições municipais em Rio Branco.
A prestação de contas do partido revela as notas fiscais, mas os serviços jurídicos não são discriminados no Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Já a banca de contabilidade JF levou R$ 645 mil, outro desembolso sob forte suspeita.
A soma é astronômica: R$ 1.595.500,00 para defender juridicamente os 22 candidatos do Partido Liberal (PL) que disputavam vaga na Câmara de Vereadores de Rio Branco. Os valores foram repassados em seis transferidos bancárias (veja acima) e correspondem a quase 70% do fundo partidário enviado ao partido Liberal de Rio Branco : R$3.789,000.
Chama atenção, ainda, que o prefeito Tião Bocalom, do mesmo partido, à época candidato à reeleição, teve direito a apenas R$ 320 mil para tocar a campanha.
O PP, que fez o maior número de vereadores (seis cadeiras) e apresentou uma chapa mais competitiva e com maior número de postulantes, gastou R$ 180 mil com advogados – seis vezes menos que o PL pagou para a banca de advogados.
O desembolso apontado como exorbitante está na página oficial da Justiça Eleitoral, e não acompanha provas documentais de que os serviços advocatícios e contáveis tenham, de fato, sido prestados.
Outras agremiações como Podemos, MDB e União Brasil gastaram de 10% a 20% com escritório de contabilidade em relação ao que foi pago pelo PL.
Esta reportagem foi solicitada pela Presidência Nacional do PL, cujo principal mandatário é o deputado federal Waldemar da Costa Neto.