A ioimbina é um composto extraído da casca de uma árvore nativa da África, a Pausinystalia yohimbe. Historicamente, essa substância tem sido utilizada no tratamento de disfunção erétil, inclusive com remédios aprovados no Brasil que usam seu extrato para este fim.
Nos últimos anos, no entanto, a ioimbina passou a ser usada também como suplemento para emagrecimento. Enquanto a substância ganha popularidade entre aqueles que buscam perder peso, especialistas alertam que o potencial termogênico não é isento de efeitos colaterais.
A ioimbina tem função dupla. É vasodilatadora — por isso usada no tratamento da disfunção erétil —, e estimula a liberação de noradrenalina, neurotransmissor que acelera o funcionamento do metabolismo para responder aos efeitos do estresse.
Efeitos sobre a queima de gordura
Em sua ação estimulante, a ioimbina favorece a liberação da gordura armazenada para dar mais energia ao corpo. Por isso, pessoas que buscam acelerar os resultados de perda de peso têm recorrido ao remédio, mas se esquecem que seu efeito é de elevação do metabolismo e vasodilatação em primeiro lugar, o que pode ter impactos mais profundos no organismo que a mera queima de gordura.
“De fato, ela pode aumentar o gasto de energia, mas também afeta a temperatura corporal e sobe muito os níveis de noradrenalina. O efeito de emagrecimento é sutil, pode levar a uma perda 10% ou 20% maior de perda de peso quando combinada aos exercícios físicos, mas seus efeitos adversos são bastante preocupantes”, alerta a nutróloga Fernanda Vasconcelos, de Parauapebas (PA).
O nutricionista Guilherme Rodrigues Miranda Lopes, do Grupo Mantevida em Brasília, alerta que as evidências científicas sobre a eficácia da ioimbina no processo de emagrecimento são limitadas. “Alguns estudos sugerem que ela pode ajudar na redução de gordura localizada, mas os resultados dependem de fatores como dieta, exercícios e metabolismo individual. Portanto, não deve ser considerada uma solução mágica para perda de peso”, diz ele.
Efeitos colaterais
Embora a ioimbina apresente benefícios em determinados contextos, o uso sem recomendação médica não é indicado. De acordo com os profissionais consultados pelo Metrópoles, os efeitos colaterais são muito superiores aos benefícios.
“Ela não é considerada uma abordagem para o emagrecimento saudável e sustentável. Os efeitos a longo prazo não são conhecidos e não substituem uma boa dieta. Além disso, os riscos são altos, especialmente de interações medicamentosas com antidepressivos e medicamentos para pressão alta”, afirma a nutricionista Thays Pomini, de São Paulo.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão o aumento da ansiedade, insônia, alterações bruscas da pressão arterial e taquicardia. Em doses altas ou sem supervisão médica, pode provocar arritmias cardíacas e crises de pânico. Além disso, pode afetar negativamente o metabolismo da glicose, levando a episódios de hipoglicemia.
Contraindicações da ioimbina
Pessoas com hipertensão, problemas cardíacos, transtornos psiquiátricos, disfunções renais e hepáticas, diabetes ou mulheres grávidas e lactantes devem evitar o uso do suplemento. “A substância pode agravar condições de saúde preexistentes, especialmente quando tomada sem a devida orientação”, ressalta Lopes.
O uso de ioimbina, especialmente em combinação com outros termogênicos, como cafeína e pimenta, requer cuidados especiais. Portanto, antes de considerar comprar, é essencial avaliar todos os aspectos relacionados à saúde e consultar um profissional qualificado.
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Fonte: Metrópoles