Novos tratamentos do câncer trazem desafios futuros, dizem médicos

Os tratamentos contra o câncer têm avançado consideravelmente nos últimos anos, oferecendo novas esperanças para os pacientes. Terapias focadas em subtipos específicos dos tumores e o uso de estratégias combinadas para aumentar as defesas do organismo fizeram as chances de sobrevida dessas pessoas crescerem.

Entretanto, estes mesmos tratamentos inovadores esbarram em desafios em relação aos efeitos colaterais a longo prazo e seus impactos na qualidade de vida dos pacientes nos anos extras que eles ganham.

“Toda vez que avançamos na medicina, passamos a lidar com os desafios de conviver com a pessoa que vive mais. Com as quimioterapias que tínhamos há 20 anos, por exemplo, mais mulheres começaram a sobreviver ao câncer de mama. Mas anos depois, acabavam desenvolvendo leucemia. Ao identificar este problema, buscamos alternativas que fossem menos tóxicas aos pacientes”, afirmou a hematologista Deise Almeida, diretora oncológica da Johnson & Johnson, em encontro com a imprensa.

A médica aponta que problemas semelhantes provavelmente serão enfrentados no futuro, mas que a medicina tem se preparado para que os pacientes mantenham a qualidade de vida.

“Sabemos que as terapias que usamos hoje estão prolongando a vida das pessoas e temos seguido todos os passos da ciência segura, atentos às alterações que esses primeiros pacientes apresentarem”, completou.

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Por isso, é importante estar atento aos sinais que o corpo dá. Apesar de alguns tumores não apresentarem sintomas, o câncer, muitas vezes, causa mudanças no organismo. Conheça alguns sinais que podem surgir na presença da doença

A perda de peso sem nenhum motivo aparente pode ser um dos principais sintomas de diversos tipos de cânceres, tais como: no estômago, pulmão, pâncreas, etc.
Mudanças persistentes na textura da pele, sem motivo aparente, também pode ser um alerta, especialmente se forem inchaços e caroços no seio, pescoço, virilha, testículos, axila e estômago
A tosse persistente, apesar de ser um sintoma comum de diversas doenças, deve ser investigada caso continue por mais de quatro semanas. Se for acompanhada de falta de ar e de sangue, por exemplo, pode ser um indicativo da doença no pulmão
Outro sinal característico da existência de um câncer é a modificação do aspecto de pintas. Mudanças no tamanho, cor e formato também devem ser investigadas, especialmente se descamarem, sangrarem ou apresentarem líquido retido
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Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer é um dos principais problemas de saúde pública no mundo e é uma das quatro principais causas de morte antes dos 70 anos em diversos países. Por ser um problema cada vez mais comum, o quanto antes for identificado, maiores serão as chances de recuperação

boonchai wedmakawand

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Por isso, é importante estar atento aos sinais que o corpo dá. Apesar de alguns tumores não apresentarem sintomas, o câncer, muitas vezes, causa mudanças no organismo. Conheça alguns sinais que podem surgir na presença da doença

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A perda de peso sem nenhum motivo aparente pode ser um dos principais sintomas de diversos tipos de cânceres, tais como: no estômago, pulmão, pâncreas, etc.

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Mudanças persistentes na textura da pele, sem motivo aparente, também pode ser um alerta, especialmente se forem inchaços e caroços no seio, pescoço, virilha, testículos, axila e estômago

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A tosse persistente, apesar de ser um sintoma comum de diversas doenças, deve ser investigada caso continue por mais de quatro semanas. Se for acompanhada de falta de ar e de sangue, por exemplo, pode ser um indicativo da doença no pulmão

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Outro sinal característico da existência de um câncer é a modificação do aspecto de pintas. Mudanças no tamanho, cor e formato também devem ser investigadas, especialmente se descamarem, sangrarem ou apresentarem líquido retido

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A presença de sangue nas fezes ou na urina pode ser sinal de câncer nos rins, bexiga ou intestino. Além disso, dor e dificuldades na hora de urinar também devem ser investigados

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Dores sem motivo aparente e que durem mais de quatro semanas, de forma frequente ou intermitente, podem ser um sinal da existência de câncer. Isso porque alguns tumores podem pressionar ossos, nervos e outros órgãos, causando incômodos

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Azia forte, recorrente, que apresente dor e que, aparentemente, não passa, pode indicar vários tipos de doenças, como câncer de garganta ou estômago. Além disso, a dificuldade e a dor ao engolir também devem ser investigadas, pois podem ser sinal da doença no esôfago

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Os avanços do combate ao câncer

Dois dos cânceres que mais experimentaram inovações tecnológicas nos últimos anos foram os de pulmão e os de sangue, em especial o mieloma múltiplo.

O mieloma múltiplo é um câncer que atinge o plasmócito, uma das células do sistema de defesa do corpo, responsável por produzir os anticorpos. Mas quando fica doente, essa célula acaba fabricando a proteína monoclonal, uma espécie de anticorpo maligno que causa danos especialmente aos rins.

“O horizonte de tratamento não para de se expandir. Quando comecei, a sobrevida média de um paciente era de 3 anos após o diagnóstico e menos de 5% sobrevivia 10 anos. Hoje são 40% dos pacientes ultrapassando uma década após o diagnóstico”, disse o hematologista Angelo Maiolino, presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).

Tratamentos como o CAR-T e a imunoterapia específica para fortalecer as defesas do organismo tornaram o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo menos desafiador. Ainda assim, algumas consequências inesperadas destas terapias começaram a aparecer nos últimos anos. Um exemplo disso é o risco de desenvolver tumores secundários anos depois dos ciclos de CAR-T.

“Os tratamentos mais modernos também têm suas toxicidades, claro, mas quando pensamos em relações de risco e benefício, quando a gente considera essas chances, o benefício supera fartamente as circunstâncias que podem aparecer. Hoje temos pacientes com 90 anos que estão com opções de tratamento para mieloma múltiplo. No passado, isso não existia”, pontuou Maiolino.

Desafios dos tratamentos de longo prazo

Quando pensamos na evolução do tratamento, não podemos deixar de citar o câncer de pulmão. Os pacientes da doença ganharam novos medicamentos e alternativas terapêuticas nos últimos anos.

O tumor permanece sendo um dos com mais alta mortalidade no mundo, mas o tratamento ganhou novos pilares que aumentaram consideravelmente as chances de sobrevivência dos pacientes. “Nos últimos 20 anos, quadruplicamos a sobrevida de pessoas com câncer de pulmão”, diz o oncologista Carlos Henrique Andrade Teixeira, do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC).

Carlos Teixeira credita estes avanços a alguns fatores: o programa brasileiro de combate ao tabagismo; o melhor sequenciamento genético dos tumores, que permitiu entender os mais de 20 subtipos específicos; e o surgimento de novos tratamentos. “Em especial a imunoterapia, que melhorou a capacidade das defesas do corpo de entender os disfarces das células tumorais”, disse.

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No fim do século 20, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis no mundo

O tabagismo é a principal causa. Cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco
A mortalidade entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior
A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer
Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes
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O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 13% de todos os casos novos são nos órgãos

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No fim do século 20, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis no mundo

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O tabagismo é a principal causa. Cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco

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A mortalidade entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior

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A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer

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Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes

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Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado. Porém, pessoas no estágio inicial da doença já podem apresentar tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, pneumonia recorrente, cansaço extremo, rouquidão persistente, piora da falta de ar, diminuição do apetite e dificuldade em engolir

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O diagnóstico do câncer no pulmão é feito com a avaliação dos sinais e sintomas apresentados, o histórico de saúde familiar e o resultado de exames específicos, como a radiografia do tórax, tomografia computadorizada e biópsia do tecido pulmonar

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Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo

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Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvo

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A cirurgia, quando possível, consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento de escolha por proporcionar melhores resultados e controle da doença

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Entretanto, após os intensos tratamentos de câncer de pulmão, os pacientes ainda acabam enfrentando toxicidades tardias. “Antigamente, estes efeitos eram maiores, como com a demência provocada por radioterapia. Mas hoje, com os pacientes vivendo tanto tempo mais, novos desafios têm aparecido, como problemas na pele e no cabelo”, afirmou o médico.

“Nossa missão é dar suporte para que os pacientes tenham as queixas ouvidas e pensemos em novas alternativas para dar sempre a eles o melhor cenário possível”, disse Teixeira.

A importância de um acompanhamento contínuo e detalhado se torna ainda mais clara quando se pensa no impacto psicológico e físico que esses tratamentos podem ter.

Neste cenário, o futuro da oncologia parece promissor, com novas terapias oferecendo mais esperança para os pacientes, mas ainda está longe de ser uma solução mágica isenta de riscos. A oncologia do futuro será cada vez mais personalizada e os desafios que ela traz consigo também.

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Fonte: Metrópoles

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