Semipresidencialismo tem argumentos a favor e contra, e pedido de discussão

O semipresidencialismo voltou a ser pauta nos Três Poderes após os deputados Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) e Lafayette Andrada (Republicanos-MG) protocolarem, na Câmara, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) sobre o tema na última quinta-feira (6).

No modelo semipresidencialista, há uma divisão de poderes. O presidente da República atua como “chefe de Estado” e divide o poder com um primeiro-ministro, que seria um “chefe de governo” escolhido pelo Congresso Nacional.

A medida foi impulsionada pelo apoio do novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que fez acenos de simpatia ao modelo de governo. Outros 181 parlamentares também foram favoráveis e assinaram a PEC.

Na justificativa da proposta, os autores argumentam que o novo sistema evitará que, em caso de uma crise institucional envolvendo o presidente da República, o Brasil enfrente as “prolongadas e incertas crises institucionais que antecederam as quedas de [Fernando] Collor e Dilma [Rousseff] e acabam afetando, também, todo o quadro econômico brasileiro”.

“A grande vantagem é que o chefe de governo não tem mandato fixo. Se está bom, fica. Se está ruim, troca e troca sem traumas, sem impeachment”, afirmou Lafayette de Andrada à CNN.

Hauly disse em entrevista à CNN que a PEC não está mexendo na “estrutura presidencialista”, mas, sim, “aperfeiçoando” o sistema.

“Não estamos mexendo na estrutura presidencialista, simplesmente aperfeiçoando o presidencialismo brasileiro para torná-lo mais moderno, mais factível, com mais eficiência na governabilidade”, citou o parlamentar.

Para começar a ser analisada, o projeto depende do retorno das comissões na Câmara e da nova cúpula do primeiro colegiado pelo qual tramitará: a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

Até o momento, nenhuma comissão permanente da Casa voltou a funcionar. A perspectiva é que os colegiados só retornem às atividades após o Carnaval, em março.

Debate parado desde 2022

No entanto, o debate sobre o semipresidencialismo está parado na Câmara desde 2022.

Ao longo de 2024, líderes governistas e oposicionistas davam o tema como “enterrado”.

A última vez que o tema foi tratado seriamente pelos deputados federais havia sido em outubro de 2022, quando um grupo de trabalho criado para discuti-lo aprovou um parecer, favorável à mudança a partir das eleições de 2030, com a proposta de um plebiscito sobre o tema.

O grupo havia sido criado em março daquele ano para discutir a alternativa semipresidencialista, diante das recentes crises na política brasileira. A ideia do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), era eventualmente propor uma mudança para o semipresidencialismo em 2030, sem afetar a eleição de 2024, nem a de 2026.

Após uma série de discussões e consultas com juristas, o relator do grupo, o então deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), classificou a adoção do semipresidencialismo como “uma necessidade imperiosa do país”.

Gilmar diz que tema precisa ser discutido

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou, em 23 de janeiro, que a adoção do sistema semipresidencialista no Brasil é um tema que ainda merece ser analisado pelo mundo político.

“Há reformas institucionais que também precisam ser discutidas. Michel [Temer], eu e outros discutimos no Brasil, um pouco lá atrás, e chegamos a formular um projeto de semipresidencialismo. […] É um tema que certamente já está na agenda de 2025 e sobre qual nós teremos que nos debruçar”, disse durante fórum empresarial na Suíça.

Segundo o ministro, o modelo atual do Brasil — o presidencialismo — precisa de ajustes. Gilmar citou a situação das emendas parlamentares como um dos problemas resultantes desse sistema e disse que os parlamentares executam as verbas “sem qualquer responsabilidade”.

Lula e Bolsonaro são críticos ao sistema

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já se manifestaram contra mudança de sistema de governo no país.

O PT não assinou o requerimento para apresentação da proposta. Lula já disse a interlocutores ser contra a proposição, ainda mais em meio a um mandato presidencial com grandes chances de disputar a reeleição.

O PL apoiou a proposta com 33 assinaturas. A bancada do partido é formada por 92 deputados federais em exercício do mandato.

No passado, Bolsonaro chegou a chamar a proposta do semipresidencialismo de “besteira” e “idiota”.

Temer é a favor

Por outro lado, o ex-presidente Michel Temer (MDB) é um dos principais defensores da proposta.

Ele já defendeu que, caso a proposta venha a ser aprovada, seja implementada apenas em 2030, para não prejudicar o atual mandatário do Planalto.

“Medo da soberania do povo”, diz Gleisi

Para a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a PEC do Semipresidencialismo é “medo da soberania do povo”.

“Quem tem um semipresidente, não tem presidente nenhum. É muito medo da soberania do povo ou muita vontade de governar o país sem ter de ganhar no voto”, publicou nas redes sociais.

Para a petista, a proposta “visa tirar, da maioria da população, o direito de eleger um presidente com poderes de fato para governar”.

Hugo diz que não pretende pautar com urgência

Já o presidente da Câmara disse que não tem o compromisso de pautar com urgência a proposta.

“Há interesse na Casa, e entre os partidos, em debater o tema. Também não temos compromisso em pautar com urgência. Pelo contrário, discutir o sistema político do Brasil é sempre positivo para buscar mais eficiência, ampliar a participação popular e garantir um governo com mais resultados à população”, afirmou Hugo em 7 de fevereiro.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Semipresidencialismo tem argumentos a favor e contra, e pedido de discussão no site CNN Brasil.



Fonte: CNN

Homem é preso após atacar três mulheres com faca no metro de Paris

A polícia da França deteve um homem suspeito de atacar três mulheres com uma faca em três estações de metrô no centro de Paris...

Nova York declara estado de emergência em meio à tempestade de neve

Uma tempestade de inverno causou transtornos em Nova York nesta sexta-feira (26), levando a governadora Kathy Hochul a declarar estado de emergência na cidade...

O Grande Debate: Fuga de Silvinei impacta demais pedidos de condicional?

O comentarista José Eduardo Cardozo e o advogado criminalista Matheus Herren Falivene discutiram, nesta sexta-feira (26), em O Grande Debate (de segunda a sexta-feira,...