Orlando Dias Vasquez, presidente da Associação dos Moradores do Bairro Wanderley Dantas, em Rio Branco, foi flagrado negociando emprego público em nome do deputado federal coronel Ulisses Araújo (União). A vaga, diz ele, estaria garantida por intermédio do deputado. Orlando dá três opções de locais onde a pessoa poderia trabalhar: na OCA, no ISE (Instituto Sócio Educativo) ou no Tribunal de Justiça.
O emprego seria em troca de apoio à candidata Thamirys Pinheiro, que disputa a direção da Umarb, entidade que representa mais de 180 regiões da capital acreana. Orlando pede o currículo que deveria ser enviado ao chefe de gabinete do deputado federal para dar prosseguimento à nomeação (ouça abaixo).
Thamyris é a aposta do prefeito Tião Bocalom, que enfrenta rejeição histórica nas periferias da cidade por descumprimento de propostas de campanha.
O áudio abaixo revela diálogo entre Orlando e uma outra líder comunitária que apóia a chapa de oposição ao atua presidente, Jorge Wendeson, o Nego.
O flagrante
O emprego seria para a filha dela.
A líder comunitária, no entanto, gravou intencionalmente a conversa, para provar o uso da máquina pública em favor da candidata do prefeito, e o tráfico de influência exercido pelo deputado junto ao Judiciário e ao Governo do Acre. Ulisses age pelo controle político da Umarb e, assim como ele, o próprio prefeito da cidade tem rejeição histórica nas periferias.
Em certo momento, após obter a prova do tráfico de influência do deputado, a mulher rejeita o emprego para a filha e faz outra proposta: R$ 1 mil em dinheiro para votar em Thamirys. Premeditadamente, ela apresenta o argumento de que tem duas faturas de energia atrasadas. Orlando responde dizendo que irá na casa dela, acompanhado da candidata Thamirys.
A reportagem ouviu o secretário de Governo, Luiz Calixto, que foi taxativo em negar qualquer acordo obscuro: “não tem o menor cabimento. Isso deve ser repreendido inclusive pela polícia”, disse.
Tentamos contato também com a Assessoria de Imprensa do TJ-Acre, sem sucesso por enquanto.
O chefe de gabinete do deputado Ulisses Araújo não atendeu aos telefonemas da reportagem.
A reportagem não irá revelar a identidade da mulher que dialoga com o presidente Walderley Dantas, com base na Lei de Imprensa e o resguardo legal da fonte.
Orlando, ouvido na manhã desta quarta-feira, deu a seguinte versão (áudio abaixo)