Mais de 400 personalidades da indústria do entretenimento, entre elas Paul McCartney, Cynthia Erivo e Mark Ruffalo, Olivia Wilde, entre outros, se uniram para enviar uma carta ao Gabinete de Política Científica e Tecnológica da Casa Branca. O documento mostra a preocupação com o uso indevido da inteligência artificial e pede que o governo de Donald Trump mantenha as proteções de direitos autorais intactas, evitando que grandes corporações utilizem obras protegidas sem permissão ou compensação.
No centro da questão está a forma como empresas como Google e OpenAI exploram conteúdos criativos para treinar suas IAs. De acordo com os signatários, essa prática compromete a indústria cultural ao permitir que a tecnologia se aproprie do trabalho de artistas, escritores, editores e outros profissionais criativos sem o devido reconhecimento ou retorno financeiro.
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“A liderança global em IA dos Estados Unidos não deve vir às custas das indústrias criativas essenciais”, afirma um trecho do documento. A carta também destaca que o acesso irrestrito a dados protegidos pode prejudicar não apenas filmes, livros e músicas, mas também toda a cadeia de produção intelectual, incluindo cientistas e outros profissionais que dependem da propriedade intelectual para sustentar suas carreiras.
Leia a carta completa:
“Olá, amigos e desconhecidos. Como vocês devem saber, houve uma recomendação recente feita pela OpenAI e pelo Google ao atual governo dos EUA que está ganhando força para remover toda a proteção legal existente ao redor das leis de proteção de direitos autorais para o treinamento de Inteligência Artificial. Essa reescrita da lei estabelecida em prol do suposto ‘uso justo’ requisitava uma resposta até as 23:59 de sábado [15.mar.2025], então nós enviamos uma carta inicial com os signatários que estavam disponíveis naquele momento. Estamos, agora, aceitando mais assinaturas para uma emenda ao nosso posicionamento inicial. Por favor, sintam-se à vontade para enviar isso para qualquer um que pense que pode engajar na manutenção ética de sua propriedade intelectual. Você pode adicionar o seu nome e de qualquer associação ou sindicato ou descrição de si mesmo que julgar apropriada, mas, por favor, não edite a carta. Obrigado por espalhar isso em uma noite de sábado!
A resposta de Hollywood ao Plano de Ação de Inteligência Artificial do governo e a necessidade de que a lei de direitos autorais seja mantida.
Nós, membros da indústria de entretenimento dos Estados – representando uma gama de cineastas, diretores, produtores, atores, escritores, estúdios, empresas de produção, músicos, compositores, designers de som, figurino e produção, editores, chefes, sindicato, membros da Academia e outros profissionais criativos da indústria – enviamos este posicionamento unificado em resposta ao pedido do governo para imputar o Plano de Ação de IA.
Nós acreditamos veementemente que a liderança global dos EUA em IA não pode acontecer às custas da nossa tão essencial indústria criativa. A indústria de arte e entretenimento dos Estados Unidos emprega mais de 2,3 milhões de pessoas com mais de US$ 229 bilhões em salários anualmente, enquanto fornece a base da democracia aos Estados Unidos, além da influência e poder de conhecimento no mundo. Mas as empresas de IA estão pedindo para minar essa força econômica e cultural enfraquecendo a proteção autoral de filmes, seriados de televisão, obras de arte, textos, músicas e vozes usadas para treinar modelos de IA fundamentais para empresas avaliadas em bilhões de dólares. Não se engane: esse problema vai muito além da indústria de entretenimento, uma vez que o direito de treinar IA com conteúdo protegido por direitos autorais impacta em toda a indústria do conhecimento dos Estados Unidos. Quanto as empresas de tecnologia e IA demandam acesso irrestrito para todos os dados e informações, eles não estão apenas ameaçando filmes, livros e música, mas todo o trabalho de escritores, editores, fotógrafos, cientistas, arquitetos, engenheiros, designer, doutores, desenvolvedores de software e todos os outros profissionais que trabalham com computadores e geram propriedade intelectual. Esses profissionais são fundamentais para como descobrimos, aprendemos e compartilhamos conhecimento como uma sociedade e uma nação. Esse problema não é apenas sobre liderança de IA, economia ou direitos individuais, mas sobre a continuidade dos EUA criando e controlando propriedade intelectual valiosa em todas as áreas”.
Fonte: Portal LEODIAS