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Com boa prévia do PIB e inflação alta, BC enfrenta dilema dos juros

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Com boa prévia do PIB e inflação alta, BC enfrenta dilema dos juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começa a deliberar sobre a taxa básica de juros, a Selic, nesta terça-feira (18/3). A expectativa é de nova alta de 1 ponto percentual na taxa, conforme havia sido sinalizado pelo BC em suas atas.

Em meio à definição de qual será a taxa Selic vigente no país, o Copom enfrenta um dilema: arrefecer um pouco o ciclo de aperto monetário (ou seja, subir os juros em um nível menor) ou seguir com uma política monetária mais apertada.

Isso porque o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), indicou um bom desempenho da economia brasileira em janeiro, indo contra as expectativas de desaceleração. O IBC-BR cresceu 0,9% no mês. Ao mesmo tempo, o comitê mantém cautela com a inflação, que continua forte e avançou 1,31% em fevereiro.


Entenda a situação dos juros no Brasil


Prévia do PIB reforça crescimento resiliente

O bom desempenho do IBC-BR em janeiro surpreendeu o mercado, superando a projeção de 0,2%. Além de tentar estimar o resultado do PIB — ficando muitas vezes distante dos dados oficiais —, o índice é uma das ferramentas usadas para definir a Selic.

Para Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, é cedo dizer que há uma tendência de crescimento sustentável, porque ele “está sujeito a vários fatores de risco, como a inflação persistente, o impacto das políticas monetárias do Banco Central e a volatilidade externa”.

Pedro Ros, CEO da Referência Capital, diz que essa movimentação da economia brasileira indica “um início de ano mais forte para a economia” e reforça o cenário de “crescimento resiliente”. Ele avalia que a tendência é de uma política monetária mais “cautelosa”.

“Para o Banco Central, o dado gera um dilema: a necessidade de manter um aperto monetário para conter a inflação, enquanto o mercado esperava sinais mais claros de desaceleração. A tendência agora é uma política mais cautelosa na condução da Selic, equilibrando crescimento e estabilidade de preços”, pondera Ros.

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Gabriel Galípolo, indicado para a presidência do BC

Roque de Sá/Agência Senado

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Galípolo trabalha no Banco Central desde 2023

Hugo Barreto/Metrópoles

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Galípolo foi indicado para assumir a presidência do Banco Central

Hugo Barreto/Metrópoles

Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, destaca que, embora o desempenho do IBC-Br seja positivo para o PIB, para renda e consumo, é um problema dentro do cenário atual, com inflação persistente.

“As fotografias dos dados anteriores apontavam para uma desaceleração da economia, mas esta prévia do PIB vem em contraponto”, diz ele. Ainda conforme ele, esse fator deve pesar na balança nas próximas decisões do Copom sobre a taxa Selic, que pode “permanecer por mais tempo elevada”.

No começo desta semana, o mercado revisou para baixo a projeção do PIB para os anos de 2025 e 2026. A partir disso, Eyng observa que o “aperto monetário já está impactando a atividade econômica, sem, no entanto, garantir uma trajetória firme de desinflação”.

“O aumento de 1 ponto percentual na Selic não reverteu a incerteza sobre o futuro da inflação, o que pode levar a um período prolongado de juros elevados”, acrescenta o CEO.

Segundo Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, o IBC-Br pode influenciar as futuras decisões do Copom. Assim, o BC pode considerar ajustes na Selic para conter “possíveis pressões inflacionárias decorrentes desse aquecimento econômico”.

O mercado financeiro espera uma alta de 1 ponto percentual na taxa de juros em março, que passaria dos atuais 13,25% ao ano para 14,25% ao ano. O ajuste tinha sido antecipado pela diretoria do Banco Central na última ata do Copom.

Inflação

O Brasil tem IPCA de 5,06% no acumulado dos últimos 12 meses — bem acima do teto da meta deste ano, que é de 4,50%. Caso a inflação siga acelerando e acima da meta até junho, o objetivo será considerado descumprido.

A partir deste ano, a meta de inflação do Brasil é contínua e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Se o IPCA acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.

Em 2025, a meta inflacionária é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual — isso significa piso de 1,5% e teto de 4,5%. Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.

O próprio Banco Central admitiu a possibilidade de a inflação acumulada em 12 meses ficar acima do teto do intervalo de tolerância da meta durante seis meses seguidos — o que caracterizaria o descumprimento da meta inflacionária em 2025.

Por isso, o Copom tenta, por meio da Selic, controlar o avanço dos preços de bens e serviços no país. Mas, em contrapartida, acaba encarecendo o crédito e arrefecendo a atividade econômica.

Projeções do mercado para 2025

O mercado financeiro diminuiu a expectativa de inflação de 2025. Para os analistas, a estimativa deste ano passou de 5,68%, na semana passada, para 5,66%, nesta semana. Embora levemente menor, a previsão segue bem acima do teto da meta.


O que é o relatório Focus


Nesta edição do Focus, o mercado manteve inalterada (pela décima semana seguida) a projeção da taxa Selic para o fim deste ano. A estimativa dos economistas segue em 15% ao ano, como no relatório anterior.

Por outro lado, os economistas fizeram uma revisão na expectativa do crescimento econômico do Brasil deste e do próximo ano. Para 2025, a previsão de avanço do PIB recuou de 2,01% para 1,99%. No caso de 2026, a estimativa passou de 1,70% para 1,60%.


Fonte: Metrópoles

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