Conheça o office glam, estilo que predominou na Paris Fashion Week

Na edição Outono-Inverno 2025 da Semana de Moda de Paris, que se encerrou na terça-feira (11), a programação estava repleta de desfiles de alto impacto. Notavelmente, houve uma onda de importantes estreias de estilistas, incluindo Julian Klausner assumindo a Dries Van Noten após a saída do fundador, Sarah Burton entrando na Givenchy e Haider Ackermann revitalizando a Tom Ford, cada um trazendo uma nova perspectiva para as tradicionais casas.

Durante o evento de nove dias, os estilistas mantiveram-se distantes de declarações políticas explícitas e, em vez disso, concentraram-se em oferecer um espaço para o escapismo e explorações mais sutis de empoderamento. Houve também looks inspirados no retrô e interpretações ousadas do vestuário corporativo, além de algumas referências ao cineasta David Lynch, falecido em janeiro.

“Estamos nos afastando da onda do ‘luxo silencioso’… Vejo muita felicidade, humor e ironia”, disse Alix Morabito, diretora de compras de moda feminina da rede francesa de lojas de departamento Galeries Lafayette, à CNN, ao refletir sobre uma semana de estilos “racionais e lúdicos”. Para Morabito, isso é muito necessário na moda. “(As marcas estão) se reconectando com as pessoas oferecendo algo focado, mas atraindo-as através de algo divertido”, afirmou.

Estilo “officecore”

O vestuário corporativo parecia estar no topo das preocupações de vários estilistas, à medida que o retorno total ao escritório ganha força.

Quando Ackermann revelou sua primeira coleção para Tom Ford, o estilista formado em Antuérpia encontrou um terreno comum com o fundador texano ao explorar o desejo e o power dressing em todas as suas formas. Isso incluiu uma nova versão da icônica jaqueta “Perfecto” da marca, que Ackermann moldou em um conjunto alfaiataria preciso; um casaco trench de couro carmesim combinado com lábios vermelhos para um toque hitchcockiano; e um terno slim rosa empoeirado contrastado com uma camisa verde ácido — uma tonalidade icônica da era Gucci de Tom Ford.

Na Stella McCartney, a estética da mulher trabalhadora foi marcante. O desfile aconteceu em um ambiente de escritório open-space, completo com canecas e material de escritório. Enquanto convidados, incluindo a atriz Cameron Diaz, Anna Wintour da Vogue e a modelo Paris Jackson, sentavam-se em mesas, as modelos desfilavam ao som de “Work It” da musicista canadense Marie Davidson, usando blazers dos anos 80 com ombros largos, saias lápis reinventadas com bolsos adicionais, casacos oversized com cintura baixa e bolsas tote que podiam acomodar um laptop.

A Balenciaga também apresentou suas versões de alfaiataria, abrindo sua passarela labiríntica com ternos simples e slim — alguns com vincos feitos à mão, outros desgastados — que pareciam menos provocativos que suas ofertas habituais. Nos bastidores, o diretor criativo Demna descreveu a coleção como uma exploração de padrões, particularmente no vestuário business. “Foi uma temporada difícil para fazer apenas um blazer normal. O que é um blazer normal? Como ele é diferente de outro blazer?”, questionou, ao falar com editores após o desfile.

Demna também enfatizou o artesanato invisível por trás da alfaiataria. “Um blazer que pode acomodar um moletom por baixo, uma cintura dupla nas calças para usar das duas formas”, explicou. “Há todo um estudo de costura por trás disso”.

Opulência vintage

O retrô também ganhou destaque — embora não tenha sido inspirado em uma única era. Em vez disso, houve uma bricolagem de passados fantasiosos, com peles luxuosas e ornamentos elaborados reimaginados para o uso cotidiano.

Para sua primeira coleção na Dries Van Noten, o estilista Julian Klausner escolheu a Opéra Garnier — um edifício dourado do século XIX — como seu palco. Borlas foram transformadas em boleros e cintos, acabamentos brutos estruturados em saias midi, e cadarços costurados em casas de botão. “Imaginei mulheres passando pela ópera, pegando tecidos e objetos, amarrando-os com cadarços enquanto buscavam a resposta para uma pergunta desconhecida”, disse Klausner nas notas do desfile.

O desfile da Valentino aconteceu em um banheiro — especificamente, as cabines, pias e azulejos típicos de uma boate replicados, enquanto o estilista Alessandro Michele buscava borrar as linhas entre público e privado. Enquanto música techno pulsante preenchia o ambiente, banhado em luz vermelha (uma referência a Lynch), as modelos saíam das cabines usando o que parecia uma mistura de lingerie e roupas de festa. Um look apresentou um collant de renda vitoriano com uma peça de sutiã de seda; outro combinou shorts de renda e uma blusa com tênis Converse.

A Chloé, por sua vez, fundiu influências dos anos 70 com a estética “indie sleaze” do final dos anos 2000. Alexa Chung, it-girl desta última era, fez uma aparição surpresa na passarela vestindo um vestido bege e casaco de pele falsa, enquanto as atrizes Selma Blair e Diane Kruger ocupavam a primeira fila. A coleção apresentou camisolas sobrepostas sob casacos e saias de seda cortadas em viés, usadas despretensiosamente com sapatilhas. A bolsa Paddington da marca — um estilo popular nos anos 2000 com estrelas como Kate Moss — também foi revivida e veio acessorizada com clipes de pele falsa.

Mais é mais

Criar para mulheres é sempre um tema quente, e nesta temporada, alguns estilistas adotaram uma abordagem mais experimental.

O estilista Peter Mulier, da Alaïa, inspirou-se na arte cinética e incorporou espirais em seus designs. Estruturas tubulares emolduravam os rostos das modelos e circundavam seus quadris, criando a ilusão de proporções exageradas, enquanto pregas se desdobravam como corolas. Malhas transparentes fosca, couro brilhante e franjas torcidas trouxeram textura e movimento ao desfile.

Em sua estreia na Givenchy, a estilista Sarah Burton experimentou silhuetas reminiscentes da coleção de estreia de Hubert de Givenchy de 1952. Com a presença dos atores Rooney Mara, Kit Connor e Gwendoline Christie, que se sentaram sobre pilhas de envelopes kraft em vez de cadeiras comuns, o desfile abriu com um body de rede que depois evoluiu para um vestido justo com babado na barra. Posteriormente, um blazer masculino foi reimaginado como um vestido curto em formato ampulheta; uma camisa branca se transformou em um vestido drapeado; e lenços gigantes, amarrados em laço, foram imaginados em couro.

A instituição mais antiga da França, La Monnaie de Paris, foi transformada na famosa Sala Vermelha de “Twin Peaks” de Lynch para a estilista Marine Serre, cuja coleção de bodys de couro com enchimentos nos quadris e vestidos com ombros ampliados tinha diversas referências femme fatale. Nos bastidores, Serre explicou: “Quero que as mulheres sejam livres, sejam radicais… se sintam sensuais para si mesmas… Para alcançar isso, você precisa de muito minimalismo… cortes realmente simples”, disse ela, acrescentando: “Tudo está na arquitetura das roupas.”

Roupas cheias de alegria

Os designers também fizeram questão de encontrar alegria em se vestir e usar roupas.

Realizado no shopping Carrousel du Louvre, o desfile da Issey Miyake marcou uma continuação de suas raízes em roupas modulares. O estilista Satoshi Kondo, que sucedeu o falecido fundador em 2019, apresentou uma camisa que podia ser virada e usada de diferentes maneiras, uma blusa feita de uma bolsa de papel e algodão, e outras peças que, segundo a marca, “permitiam a cada usuário a liberdade de escolhas de estilo”.

“Ao apresentar uma bolsa na forma de uma peça de roupa, também estamos desafiando sua percepção do que define uma bolsa ou uma peça de roupa”, explicou Kondo à CNN nos bastidores, expressando o foco contínuo da marca na “emoção de vestir roupas.”

Na Miu Miu, a estilista Miuccia Prada apostou em arquétipos dos anos 1950 e 60. A atriz Sarah Paulson fez sua estreia na passarela com um chapéu cloche e sutiã cone bullet, enquanto broches, estolas de pele e color-blocking ousado imbuíram a coleção com um ar mais elegante.

Cores em blocos também foram destaque na Saint Laurent, onde o estilista Anthony Vaccarello mostrou casacos, blusas e vestidos de corte reto em fúcsia, laranja incandescente e verde limão.

A Chanel, que está sem direção criativa há quase um ano, mas receberá seu novo estilista Matthieu Blazy no próximo mês, incorporou toques de vermelho e rosa em seus tailleurs. Os looks foram acessorizados com miçangas XXL, laços e cintos com joias. Também entre os destaques estavam as bolsas, que apareceram em todas as modelos — compreensivelmente, já que impulsionam a maioria dos lucros da Chanel — e foram usadas por muitas das convidadas glamourosas do desfile, incluindo a atriz Dakota Fanning e a cantora-compositora Camila Cabello.

Veja também: Indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo

Saiba o que é moda sustentável

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