Ataques de escorpião são frequentes no Brasil: por ano, cerca de 200 mil brasileiros são atacados. Existem quatro espécies preocupantes, especialmente o escorpião amarelo, que está disseminado em todo o país e possui uma das toxinas mais fortes do gênero.
A picada de escorpião pode gerar reações diversas, desde dor intensa até sintomas mais graves. A toxina liberada pelo aracnídeo afeta o sistema nervoso e pode provocar desde uma simples irritação até complicações sérias, dependendo de diversos fatores, como a idade e o estado de saúde da pessoa.
“Embora os acidentes com escorpiões sejam potencialmente graves, a maioria das picadas causa apenas dor intensa e reações locais. O maior risco está em crianças menores de 7 anos, idosos e pessoas com problemas cardíacos ou alérgicos, que podem desenvolver complicações sistêmicas”, alerta a médica Maria Cristina Bem Costa, professora de medicina do Centro Universitário Max Planck, em São Paulo.
Sinais e sintomas da picada
Ao ser picado, os sintomas mais comuns incluem dor local, vermelhidão, formigamento e inchaço. Com o avanço do envenenamento, podem surgir náuseas, vômitos, taquicardia, suores excessivos e até hipertensão.
Nos casos mais graves, a situação pode evoluir para quadro de prostração, dificuldade respiratória e ritmo cardíaco irregular. A médica alerta que o quadro pode piorar em poucas horas, e a melhor resposta é procurar atendimento médico imediato. “A evolução varia conforme a quantidade de veneno e a resposta do organismo”, explica Maria Cristina.
Cuidados imediatos: chupar o veneno e colocar gelo não ajudam
Logo após um acidente com um escorpião, muitas pessoas imaginam que o melhor é proceder com primeiros socorros em casa. Na realidade, porém, o ideal é tentar fotografar o animal, sem se expor a riscos, e ir imediatamente ao hospital.
Não se deve sugar o veneno da ferida. Essa prática pode aumentar o risco de infecção, pois a área da picada é mais suscetível a bactérias que estão na boca. Em vez disso, o recomendado é lavar o local com água e sabão, se possível.
A aplicação de gelo na área pode ajudar a aliviar a dor e a reduzir o inchaço local, mas não resolve as complicações do veneno. É imprescindível procurar um médico.
Cuidado médico
Segundo o toxicologista Alvaro Pulchinelli, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPCML), também são condenadas outras estratégias, como cortar a ferida ou tentar sugar o veneno, aplicar soluções caseiras como café ou ervas, ou usar torniquetes, pois podem agravar os danos teciduais.
“Também é importante não matar o animal e, se possível, levá-lo ao hospital para facilitar a identificação e o tratamento adequado. O risco de morte não é iminente, então é possível procurar ajuda especializada com segurança”, esclarece ele.
O soro antiescorpiônico é eficaz?
Em casos mais graves, o uso do soro antiescorpiônico é uma solução eficaz para neutralizar os efeitos do veneno, mas não é necessário para todas as picadas. O tratamento com soro só será indicado em casos graves, como aqueles que envolvem sintomas sistêmicos como vômito persistente, suores excessivos e alterações no ritmo cardíaco.
Prevenção é essencial
Evitar a picada de escorpião começa com a prevenção. Manter a casa limpa e evitar o acúmulo de lixo ou entulho são ações que podem reduzir consideravelmente os riscos.
Escorpiões gostam de lugares escuros e úmidos, como rachaduras nas paredes e embaixo de móveis. É importante também examinar roupas e calçados antes de usá-los.
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Fonte: Metrópoles