O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na noite desta quarta-feira (19/3), que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa básica de juros do país (Selic) de 13,25% ao ano para 14,25% ao ano já estava sinalizada.
“Esse aumento na verdade, era um guidance do final do ano passado. Isso que aconteceu. O presidente do Banco Central disse em entrevista coletiva que o guidance ia ser observado”, afirmou Haddad a jornalistas na portaria do Ministério da Fazenda. Ele disse ainda que vai esperar ler a ata da reunião e evitou tecer mais comentários.
Nos últimos comunicados e atas, o Copom já havia indicado — em orientação chamada de “guidance”, no jargão do mercado — três altas seguidas de 1 ponto percentual dos juros básicos. A primeira ocorreu em dezembro de 2024, ainda na gestão de Roberto Campos Neto, e a segunda, em 29 de janeiro, já sob o comando de Gabriel Galípolo. O terceiro estava previsto para ocorrer agora.
Entenda a situação dos juros no Brasil
- A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação.
- Ao aumentar os juros, a consequência esperada é a redução do consumo e dos investimentos no país.
- Dessa forma, o crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para consumidores e produtores. A inflação dos alimentos tem sido a pedra no sapato do presidente Lula (PT).
- São esperadas novas altas nos juros ainda no primeiro trimestre, com taxa Selic próxima a 15% ao ano.
- Projeções mais recentes mostram que o mercado desacredita em um cenário em que a taxa de juros volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula (PT) e do mandato de Galípolo à frente do BC.
A próxima reunião do colegiado ocorrerá nos dias 6 e 7 de maio. Nesta quarta, o Copom indicou novo ajuste nessa próxima reunião, mas “de menor magnitude”.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, disse o comunicado.
O Copom ainda salientou que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo “firme compromisso” de convergência da inflação à meta.
A política monetária do BC tem sido contracionista, com elevação dos juros, para baixar a inflação e trazê-la para dentro da meta (entre 1,5% e 4,5%). Nos últimos 12 meses, a inflação ficou em 5,06%.
Fonte: Metrópoles