O Ozempic é um medicamento originalmente desenvolvido para o tratamento da diabetes tipo 2, mas que se tornou popular devido ao uso para perda de peso. No entanto, os pacientes que fazem uso dele devem estar atentos aos riscos que o remédio pode trazer durante procedimentos com sedação.
Leonardo Augusto de Assis Toledo, de 64 anos, veio dos Estados Unidos para realizar uma cirurgia de catarata em Brasília, mas foi impedido após realizar a avaliação pré-anestésica.
O medicamento é apontado como um fator que aumentaria o risco de broncoaspiração durante a sedação, uma complicação grave que pode causar pneumonia. Durante a sedação, o reflexo de tosse é reduzido, aumentando o risco de broncoaspiração — quando alimentos ou líquidos do estômago entram nos pulmões e podem causar infecções.
Leonardo foi pego de surpresa pela recomendação médica. “Nunca imaginei. Não fiz essa relação entre tomar Ozempic e uma cirurgia nos olhos ter algum problema. Essa informação é importante porque o remédio virou uma febre, mas as pessoas não sabem que ele pode apresentar esse risco”, alerta.

Por que o Ozempic aumenta o risco de broncoaspiração?
O cirurgião de catarata Jonathan Lake, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), explica que a sedação, embora não seja essencial para a cirurgia ocular, é frequentemente utilizada para maior conforto do paciente. O problema é o efeito do Ozempic sobre o sistema digestivo, que reduz a velocidade do esvaziamento gástrico.
“O medicamento faz com que o estômago demore mais para esvaziar. Mesmo após o jejum de oito horas, o paciente pode ainda ter comida no estômago durante a sedação. Se houver regurgitação, o risco de broncoaspiração aumenta, podendo causar pneumonia ou outras infecções”, explica o médico.
O risco não se limita à cirurgia de catarata, mas a qualquer procedimento que envolva sedação. “Todas as sedações reduzem o reflexo de tosse, que é um mecanismo de defesa do organismo contra a entrada de substâncias nos pulmões”, acrescenta Lake.
Para reduzir esse risco, entidades médicas recomendam a suspensão do Ozempic antes de qualquer cirurgia com sedação. “O período ideal é de 21 dias, embora alguns locais adotem prazos menores, como 10 dias. Mas 21 dias é considerado seguro”, afirma o cirurgião.
A cirurgia de catarata de Leonardo foi remarcada para o dia 28 de março, garantindo o tempo necessário para a suspensão do medicamento antes do procedimento.
Alerta da Anvisa
Em setembro de 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia emitido um alerta sobre esse risco. Medicamentos como Ozempic e Mounjaro, usados para tratar diabetes e obesidade, podem aumentar a chance de pneumonia e aspiração em pacientes submetidos a anestesia ou sedação profunda.
A orientação é clara: quem faz uso de Ozempic e tem um procedimento cirúrgico agendado deve informar o médico e seguir as recomendações sobre a suspensão do medicamento.
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Fonte: Metrópoles