HPV: mulher evita câncer após descobrir lesão em teste de rastreamento

A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é um dos principais fatores de risco para o câncer de colo do útero, mas muitas vezes não apresenta sintomas, dificultando o diagnóstico precoce. Erika Akemi Kawasaki, de 42 anos, descobriu que tinha uma lesão pré-cancerígena após realizar o teste de DNA-HPV durante um check-up de rotina.

A suspeita apareceu em 2020, quando a médica de Erika notou alterações no exame papanicolau. Naquele ano, o teste de DNA-HPV era estudado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, como uma possibilidade de melhorar a precisão do diagnóstico.

Depois de ser incluída no estudo e fazer o DNA-HPV, a paulista descobriu ter uma neoplasia intraepitelial cervical de grau 2 (NIC-2), uma alteração celular pré-cancerígena. “Se não fosse por esse diagnóstico, eu não saberia que tinha a lesão e ela poderia ter evoluído para um câncer”, conta.

Teste melhora detecção de lesões pré-cancerosas

O estudo da Unicamp acompanhou cerca de 20 mil mulheres e mostrou que o teste de DNA-HPV aumentou em até quatro vezes a detecção de lesões pré-cancerosas em comparação ao papanicolau. Além disso, 83% dos casos de câncer encontrados estavam em estágio inicial, elevando as chances de tratamento bem-sucedido.

O teste de DNA coleta uma amostra semelhante ao papanicolau, mas usa um processo automatizado, reduzindo erros. Ele também identifica o tipo de HPV presente — existem mais de 200, e pelo menos 12 são oncogênicos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

O impacto do diagnóstico

Erika sempre teve o cuidado de fazer acompanhamento ginecológico e realizar exames preventivos regularmente. O resultado positivo para HPV e a lesão pré-cancerígena foram um choque. “Foi muito triste, decepcionante, revoltante. Eu não sabia se era algo recente ou se estava incubado há anos”, lembra. Na época do diagnóstico, ela havia se separado há pouco tempo, após quase 15 anos de casamento, e a descoberta trouxe questionamentos sobre a relação.

Após a confirmação do diagnóstico, Erika passou por uma colposcopia e cirurgia de alta frequência (CAF), procedimento que remove a área afetada. “O tratamento foi tranquilo, e eu continuei fazendo acompanhamento a cada seis meses. Tudo estava indo bem”, diz.

No entanto, em 2024, um exame de rotina mostrou que a lesão havia retornado. Em fevereiro deste ano, ela precisou fazer uma nova CAF. “Quando a doutora me deu a notícia, eu fiquei muito abalada. Não é fácil receber esse diagnóstico uma vez, na segunda foi ainda mais difícil. Mas é algo que a gente tem que enfrentar, não dá para ignorar”, afirma.

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Sintomas podem ser silenciosos e melhor forma de prevenção do HPV é evitar o contágio e usar a vacina

HPV: 1 a cada 3 homens está infectado, diz estudo e a infecção também traz riscos à saúde deles, aumentando risco de câncer de pênis e ânus, por exemplo
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HPV – A infecção por papilomavírus humano (HPV) é uma das mais incidentes e pode ser prevenida com vacina. Ela leva ao aparecimento de lesões na pele dos órgãos genitais de homens e mulheres. A textura dessas alterações pode ser suave ou rugosa, com coloração que varia de acordo com o tom de pele. Elas não causam dor, mas são contagiosas

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Sintomas podem ser silenciosos e melhor forma de prevenção do HPV é evitar o contágio e usar a vacina

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HPV: 1 a cada 3 homens está infectado, diz estudo e a infecção também traz riscos à saúde deles, aumentando risco de câncer de pênis e ânus, por exemplo

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Relações, medo e apoio emocional

A segunda descoberta aconteceu em um momento diferente da vida de Erika. Ela estava em um novo relacionamento e sentiu medo ao compartilhar a notícia com a parceira. “Eu não sabia como ela reagiria. Nem todo mundo tem uma aceitação tranquila sobre isso. Mas foi uma conversa importante, e enfrentar isso juntas fortaleceu nossa relação”, diz.

No início do namoro, sua namorada sugeriu que ambas fizessem exames preventivos, algo que a princípio soou estranho para Erika. “Ninguém nunca tinha me pedido isso antes, nem um parceiro, nem amigas. Mas foi uma experiência diferente e positiva”, conta.

Quando recebeu o novo diagnóstico, Erika foi sincera e explicou a situação. “Falei que o HPV não tem cura, mas que existem formas de tratar e controlar. Disse que a decisão de continuar comigo era dela. Ela escolheu ficar e disse que passaríamos por isso juntas”.

Hoje, a paulista encara o HPV de maneira mais leve, mas reforça a importância do acompanhamento médico: “Se não fosse o exame, eu poderia não saber a tempo”.


O que é o HPV?

  • A infecção por papilomavírus humano (HPV) é uma das mais incidentes.
  • Ela leva ao aparecimento de lesões na pele dos órgãos genitais de homens e mulheres.
  • A textura dessas alterações pode ser suave ou rugosa, com coloração que varia de acordo com o tom de pele. Elas não causam dor, mas são contagiosas.
  • Os sintomas podem ser silenciosos e a melhor forma de prevenção do HPV é tomar a vacina.

Avanço no rastreamento do HPV

O médico Júlio Cesar Teixeira, principal pesquisador do estudo sobre o teste de DNA-HPV e diretor da Oncologia do Hospital da Mulher CAISM, da Unicamp, destaca que o teste de DNA-HPV representa um avanço importante no rastreamento do câncer de colo do útero. “O teste é um PCR automatizado realizado por máquinas, com alto poder de detecção e sem falhas, o que garante maior confiabilidade no diagnóstico”, afirma.

De acordo com o especialista, mulheres entre 25 e 64 anos devem realizar exames preventivos periodicamente. “A cada três anos, a citologia convencional (papanicolau) deve ser realizada ou, alternativamente, a cada cinco anos, o teste de DNA-HPV pode ser feito. Não é necessário realizar ambos os testes simultaneamente em todos os casos”, orienta.

O especialista ressalta que, além da vacinação, o uso consistente de preservativos pode reduzir em até 70% o risco de infecção. “O teste de DNA-HPV, realizado no material coletado do colo do útero, é essencial para detectar o vírus antes que ele cause lesões graves”, diz Teixeira.

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Fonte: Metrópoles

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