O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, mostra que os preços de bens e serviços subiram 0,64% em março — recuo de 0,59 ponto percentual em relação à taxa de fevereiro (1,23%).
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (27/3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Embora tenha tido alta, a prévia da inflação registrou forte desaceleração em relação ao mês anterior. Além disso, o resultado veio um pouco abaixo das previsões do mercado financeiro, que projetavam, em média, uma alta de 0,70% em março.
No acumulado de 12 meses até março, o IPCA-15 tem alta de 5,26%, acima dos 4,96% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em março de 2024, o IPCA-15 foi bem menor, de 0,36%.
O desempenho da prévia da inflação foi impulsionada pelos grupos de Alimentação e bebidas, com a maior variação (1,09%) e impacto, e dos Transportes (0,92%). Somados, eles respondem por cerca de 2/3 do índice.
O IPCA-15
- O IPCA-15 difere do IPCA, que mede a inflação oficial do país, na abrangência geográfica e no período de coleta, que começa no dia 16 do mês anterior. Por essa razão, ele funciona como uma prévia do IPCA.
- O indicador coleta dados sobre as famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. Ele abrange: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Brasília e Goiânia.
- Em fevereiro, o IPCA-15 voltou a acelerar em relação a janeiro (0,11%) e ficou em 1,23% no mês.
Ovos pressionam alta da inflação dos alimentos
No grupo de Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio (ou seja, os produtos comprados nos supermercados) acelerou de 0,63% em fevereiro para 1,25% em março. O maior “vilão” foi o ovo.
Contribuíram para o valor do mês:
- a alta nos preços do ovo de galinha (19,44%), do tomate (12,57%), do café moído (8,53%) e das frutas (1,96%).
A alimentação fora do domicílio (0,66%) também acelerou em relação ao mês de fevereiro (0,56%), em virtude do aumento da refeição (0,43% em fevereiro para 0,62% em março). A variação do lanche (0,68%) foi menor do que a do mês anterior (0,77%).
Combustíveis mais caros
No grupo dos Transportes, os combustíveis avançaram 1,88% em março. Houve aumentos nos preços do óleo diesel (2,77%), do etanol (2,17%), da gasolina (1,83%) — subitem de maior impacto no mês, com 0,10 ponto percentual — e do gás veicular (0,08%).
O trem teve alta de 1,90% devido ao reajuste de 7,04% nas tarifas no Rio de Janeiro (4,25%), aplicadas desde 2 de fevereiro.
Habitação
O grupo de Habitação desacelerou de 4,34% em fevereiro — quando foi impactado pelo fim dos descontos nas contas de luz relativos ao “bônus de Itaipu” — para 0,37% em março.
Neste mês, o resultado da energia elétrica residencial (0,43%) contempla o reajuste de 1,37% em uma das concessionárias do Rio de Janeiro (-0,12%), a partir de 15 de março, devido à redução na alíquota do PIS/Cofins.
O recuo do gás encanado (-0,51%) ocorreu em razão dos reajustes tarifários no Rio de Janeiro (-0,92%) e em Curitiba (-1,79%).
Destaques do IPCA-15
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 13 de fevereiro a 17 de março (referência) e comparados com aqueles vigentes de 15 de janeiro a 12 de fevereiro (base).
Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram variação positiva em março.
Variação de cada grupo em março:
- Alimentação e bebidas: 1,09%
- Habitação: 0,37%
- Artigos de residência: 0,03%
- Vestuário: 0,28%
- Transportes: 0,92%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,35%
- Despesas pessoais: 0,81%
- Educação: 0,07%
- Comunicação: 0,32%
Impacto de cada grupo no IPCA-15 de março:
- Alimentação e bebidas: 0,24 ponto percentual
- Habitação: 0,06 ponto percentual
- Artigos de residência: 0 ponto percentual
- Vestuário: 0,01 ponto percentual
- Transportes: 0,19 ponto percentual
- Saúde e cuidados pessoais: 0,05 ponto percentual
- Despesas pessoais: 0,08 ponto percentual
- Educação: 0 ponto percentual
- Comunicação: 0,01 ponto percentual
A próxima divulgação, referente a abril, será feita em 25 de abril.
Projeções do mercado financeiro para a inflação
Os analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC), no relatório Focus dessa segunda-feira (24/3), reduziram a projeção de inflação de 2025 e aumentaram a de 2026. As estimativas para 2027 e 2028 permaneceram inalteradas.
Confira as demais projeções da inflação:
- Para 2026, subiu de 4,48% para 4,50%.
- Para 2027, continua a mesma da semana passada: 4%.
- Para 2028, está em 3,78%.
O mercado revisou para baixo a projeção do índice de 2025, que passou de 5,66% para 5,65% — ou seja, para os economistas o índice continua bem acima do teto da meta inflacionária deste ano, que é de 4,5%.
Com isso, os analistas esperam que a inflação fique cada vez mais distante do centro da meta definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual — sendo 4,5% (teto) e 1,5% (piso).
Fonte: Metrópoles