Juros futuros caem com ameaça de tarifas e apetite estrangeiro

As taxas dos DIs fecharam nesta quinta-feira (13) em baixa firme nos vencimentos a partir de janeiro de 2027, refletindo o recuo dos rendimentos dos Treasuries após novas ameaças de tarifas pelos Estados Unidos e o apetite de investidores estrangeiros pela renda fixa local.

Na ponta curta da curva a termo os movimentos foram mais contidos, com as taxas encerrando próximas da estabilidade.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,725%, praticamente estável ante o ajuste de 14,714% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,505%, ante o ajuste de 14,589%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,56%, em queda de 17 pontos-base ante 14,727% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,57%, ante 14,735%.

No exterior, as preocupações em torno da guerra tarifária entre os EUA e alguns de seus principais parceiros comerciais voltaram a influenciar os negócios. O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que aplicará tarifa de 200% sobre vinhos e outros produtos alcoólicos provenientes da União Europeia caso o bloco não retire a tarifa sobre o uísque norte-americano.

Na última quarta-feira (12), a Comissão Europeia havia prometido impor tarifas contrárias sobre 26 bilhões de euros em produtos norte-americanos a partir do próximo mês, aumentando a guerra comercial em resposta às tarifas norte-americanas sobre aço e alumínio.

A disputa de tarifas aumentava o medo de uma inflação elevada nos EUA, o que deu pela manhã certo suporte aos yields dos Treasuries. À tarde, no entanto, os rendimentos se firmaram em baixa, com investidores comprando títulos norte-americanos e vendendo ações na Europa e nos EUA.

No Brasil, as taxas dos DIs com prazos mais longos acompanharam a queda dos yields, mas refletiram também certo apetite pela renda fixa local.

Em seu leilão de títulos prefixados, o Tesouro Nacional vendeu no fim da manhã 27 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e 6 milhões de Notas do Tesouro Nacional — Série F (NTN-Fs). Operador de um banco de investimentos disse à Reuters que a quantidade colocada no leilão chamou a atenção.

Em leilões assim, normalmente investidores que compram títulos (assumindo posição vendida em taxa) vão ao mercado de DIs fazer hedge, o que costuma influenciar a alta da curva.

Nesta quinta-feira, porém, investidores estrangeiros e locais entraram nos negócios com DIs vendendo taxa, conforme o operador, com “muita gente querendo aplicar”. Segundo ele, este apetite pela renda fixa brasileira, numa sessão sem ruídos no noticiário fiscal, contribuiu para a queda das taxas com prazos maiores.

Na ponta curta o espaço para operar taxas era menor, com investidores mantendo a convicção de que o Banco Central elevará a taxa básica Selic em 100 pontos-base na próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava 96% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da Selic na semana que vem. Atualmente a Selic está em 13,25% ao ano.

Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 5 pontos-base, a 4,266%.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Juros futuros caem com ameaça de tarifas e apetite estrangeiro no site CNN Brasil.

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