*O artigo foi escrito por Siobhan Mclernon, professora de Enfermagem e membro do Health and Well Being Research Center da Universidade London South Bank, e publicado na plataforma The Conversation Brasil.
Como enfermeira que trabalha em um centro de tratamento neurológico intensivo, testemunhei os efeitos repentinos e devastadores do derrame – ou Acidente Vascular Cerebral (AVC) – tanto para os sobreviventes quanto para seus cuidadores.
Após meu trabalho na enfermagem, tornei-me pesquisadora especializada nesta doença. O conhecimento do público em geral sobre fatores de risco de AVC é muito restrito, portanto, a prevenção é uma prioridade para a saúde pública.
O derrame é uma das principais causas de morte e incapacidade na Inglaterra – apesar de ser amplamente evitável. Geralmente, é considerado uma doença de pessoas idosas, mas, embora o risco aumente com a idade, pode acontecer em qualquer momento da vida. Na verdade, a incidência está aumentando entre adultos com menos de 55 anos.
Os fatores de risco que tendem a ser mais comuns entre pessoas mais velhas – como pressão alta (hipertensão), colesterol alto, obesidade, diabetes, tabagismo, inatividade física e dieta inadequada – são cada vez mais encontrados em pessoas mais jovens. Outros riscos relacionados a estilo de vida incluem consumo excessivo de álcool e drogas recreativas, como anfetaminas, cocaína e heroína.
Alguns fatores de riscos não são modificáveis, como idade, sexo, etnia, histórico familiar de derrame, genética e certas condições hereditárias. Mulheres, por exemplo, são particularmente mais suscetíveis – não importa a idade, elas têm mais probabilidade do que os homens de morrer devido a um derrame.
Os riscos de acidente vascular cerebral exclusivos para mulheres incluem gravidez e algumas pílulas anticoncepcionais (especialmente para fumantes), bem como endometriose, insuficiência ovariana prematura (antes dos 40 anos de idade), menopausa precoce (antes dos 45 anos de idade) e estrogênio para mulheres transgênero.
Além disso, anormalidades vasculares hereditárias, como aneurismas cerebrais – uma fraqueza na parede arterial – podem aumentar o risco de acidente vascular cerebral hemorrágico.
Entretanto, alguns fatores de risco são sociais e não biológicos. Estudos descobriram que pessoas com renda e nível educacional menor são mais vulneráveis a sofrer um derrame. Isso se deve a uma combinação de fatores: hábitos de vida não saudáveis como tabagismo, consumo excessivo de álcool e pouca prática de atividade física. Todos são mais comuns em pessoas com rendas mais baixas.
O que as pesquisas mostram é que pessoas com menor status socioeconômico têm menos probabilidade de receber cuidados de saúde de boa qualidade do que outras com rendas mais altas.
Independentemente dos fatores de risco biológicos ou sociais, há coisas que você pode fazer – agora mesmo – para reduzir o seu risco de ter um derrame.
Oito atitudes essenciais para reduzir o risco de AVC
1. Pare de fumar
Fumantes têm mais que o dobro de probabilidade de sofrer um AVC do que os não fumantes. O fumo causa danos às paredes dos vasos sanguíneos, aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca, mas reduz os níveis de oxigênio. Fumar também faz com que o sangue fique pegajoso, elevando ainda mais o risco de coágulos que podem bloquear os vasos sanguíneos e causar um derrame.
2. Mantenha a pressão arterial sob controle
A pressão alta danifica as paredes dos vasos sanguíneos, tornando-os mais fracos e propensos a rupturas ou bloqueios. Também pode acarretar a formação de coágulos que podem deslocar-se para o cérebro e bloquear o fluxo do sangue, levando a um acidente vascular cerebral.
Se você tiver mais de 18 anos, deve verificar a pressão arterial regularmente para que, caso apresente sinais de desenvolvimento de pressão alta, possa cortar o mal pela raiz e fazer as mudanças apropriadas em estilo de vida para ajudar a reduzir seu risco de derrame.
3. Fique de olho no seu colesterol
De acordo com a UK Stroke Association, a possibilidade de ter um derrame é quase três vezes e meia maior se a pessoa tiver colesterol alto e pressão alta. Para diminuir o colesterol, deve-se evitar a gordura saturada – encontrada em carnes gordurosas, manteiga, queijo e laticínios integrais – abaixo de 7% das calorias diárias, além de manter-se ativo e com um peso saudável.
4. Fique atento ao nível de açúcar no sangue
Altos índices de açúcar no sangue estão associados a um risco aumentado de derrame porque danificam os vasos e podem facilitar a viagem de coágulos sanguíneos até o cérebro. Para reduzir a possibilidade, tente fazer exercícios regularmente, tenha uma dieta balanceada rica em fibras, beba bastante água, mantenha um peso saudável e tente controlar o estresse.
5. Mantenha um peso saudável
O sobrepeso é um dos principais fatores de risco para AVC. Ele aumenta o risco de derrame em 22% e, um em cada cinco acidentes cerebrais são relacionados ao peso corporal elevado. Já a obesidade aumenta esse risco em 64%. E o excesso de peso eleva as chances de pressão alta, doenças cardíacas, colesterol alto e diabetes tipo 2 – tudo o que contribui para levar a um derrame.
6. Siga uma dieta mediterrânea
Uma maneira de ter uma dieta balanceada rica em fibras e manter um peso saudável é seguir uma dieta mediterrânea. Foi demonstrado que isso reduz o risco de AVC, especialmente quando suplementado com nozes e azeite de oliva.
7. Durma bem
Tente dormir de sete a nove horas por dia. Dormir pouco pode levar à pressão alta, um dos fatores de risco modificáveis mais importantes para o derrame. Dormir demais, no entanto, também está associado ao aumento de chances, então, oriente-se no sentido de ser o mais ativo possível para que você possa dormir o melhor possível.
8. Mantenha-se ativo
O Sistema Nacional de Saúde (NHS,em inglês), recomenda que as pessoas evitem comportamento sedentário prolongado e busquem pelo menos 150 minutos de atividade de intensidade moderada ou 75 minutos de atividade de intensidade vigorosa semanalmente. O exercício deve ser distribuído uniformemente em quatro ou cinco dias por semana, ou todos os dias. Faça atividades de fortalecimento, geralmente mais de dois dias por semana.
A boa notícia é que, embora os efeitos do AVC possam ser devastadores e transformadores, ele pode ser evitado em grande parte. A adoção dessas oito mudanças simples no estilo de vida pode ajudar a reduzir o risco de AVC e otimizar a saúde do coração e do cérebro.
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Fonte: Metrópoles