Saúde e espiritualidade: a nova comissão do CFM levanta debates

Recentemente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) gerou debate ao anunciar a criação de uma nova comissão interna voltada para a saúde e espiritualidade. A proposta, de início, levantou uma série de questionamentos entre médicos e especialistas de diferentes áreas. Afinal, qual é a relação entre a espiritualidade e a medicina? E, mais importante ainda: como isso pode impactar a prática clínica no Brasil?

De um lado, há os que defendem que a espiritualidade pode ser um fator relevante na saúde mental e no processo de recuperação dos pacientes, enquanto, do outro, há os céticos que afirmam que não existem provas concretas sobre essa conexão, e que a medicina deve ser pautada apenas em evidências científicas.

A nova comissão: um olhar científico sobre espiritualidade

De acordo com a médica Rosylane Rocha, coordenadora da nova comissão do CFM, o objetivo não é tratar de religião, mas sim explorar como a espiritualidade pode influenciar positivamente o tratamento de doenças e o bem-estar dos pacientes. A comissão buscará alimentar os profissionais de saúde com as pesquisas mais recentes sobre o tema, a fim de ajudá-los a integrar melhor a espiritualidade no atendimento clínico, caso seja do interesse do paciente.

“A ideia [da comissão] é alimentar o CFM com o que há de mais moderno em pesquisa, e ajudar médicos de todo o Brasil a entenderem melhor o que é espiritualidade e como abordá-la na prática clínica”, afirmou Rocha em entrevista.

A proposta, que pode parecer controversa para alguns, tem como base a crença de que o cuidado com a saúde não deve se limitar apenas ao aspecto físico, mas também considerar a dimensão emocional e espiritual do paciente, o que pode ter um impacto direto no processo de cura.

O que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS)?

Não é só o CFM que reconhece a relevância da espiritualidade no contexto da saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também inclui a espiritualidade como um dos componentes que pode influenciar o bem-estar psíquico, social e biológico dos indivíduos. De acordo com a OMS, a saúde não deve ser vista apenas sob uma perspectiva física, mas como um estado de completo bem-estar, envolvendo aspectos emocionais e espirituais.

Esse reconhecimento da espiritualidade como uma parte importante do cuidado com o ser humano tem se expandido ao longo dos anos, com várias pesquisas apontando que práticas espirituais, como a oração ou meditação, podem reduzir níveis de estresse, ansiedade e até mesmo melhorar a resposta imunológica de pacientes em tratamento.

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo, e registrou ainda mais casos da condição durante a pandemia da Covid-19. Além de adultos, a ansiedade também pode se manifestar em crianças por diversos motivos, como divórcio dos pais, provas ou problemas na escola, por exemplo

 Apesar de ser considerada relativamente comum, uma vez que pode atingir qualquer pessoa por qualquer motivo, a ansiedade se torna um verdadeiro problema quando tudo vira motivo de preocupação exagerada e o paciente passa a apresentar crises
 A crise de ansiedade é uma situação que causa grande sensação de angústia, nervosismo e insegurança, como se algo de muito mau, e que foge completamente do controle, fosse acontecer a qualquer momento
A crise surge, normalmente, devido a situações estressantes específicas e que geram gatilho, como precisar fazer uma apresentação, ter prazo curto para entregar um trabalho, estar em algum lugar que não gostaria ou ter sofrido uma perda, por exemplo
Entre os sintomas de uma crise de ansiedade estão: batimentos cardíacos acelerados, sensação de falta de ar, formigamento no corpo, sensação de leveza na cabeça, dor no peito, náuseas, transpiração excessiva, tremores, entre outros
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A ansiedade é uma espécie de condição psíquica caracterizada por preocupação constante e excessiva de que algo negativo possa acontecer. Segundo pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é, ainda, uma sensação difusa de desconforto carregado por sentimento frequente de apreensão que pode desencadear transtornos

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo, e registrou ainda mais casos da condição durante a pandemia da Covid-19. Além de adultos, a ansiedade também pode se manifestar em crianças por diversos motivos, como divórcio dos pais, provas ou problemas na escola, por exemplo

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Apesar de ser considerada relativamente comum, uma vez que pode atingir qualquer pessoa por qualquer motivo, a ansiedade se torna um verdadeiro problema quando tudo vira motivo de preocupação exagerada e o paciente passa a apresentar crises

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A crise de ansiedade é uma situação que causa grande sensação de angústia, nervosismo e insegurança, como se algo de muito mau, e que foge completamente do controle, fosse acontecer a qualquer momento

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A crise surge, normalmente, devido a situações estressantes específicas e que geram gatilho, como precisar fazer uma apresentação, ter prazo curto para entregar um trabalho, estar em algum lugar que não gostaria ou ter sofrido uma perda, por exemplo

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Entre os sintomas de uma crise de ansiedade estão: batimentos cardíacos acelerados, sensação de falta de ar, formigamento no corpo, sensação de leveza na cabeça, dor no peito, náuseas, transpiração excessiva, tremores, entre outros

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Estes sintomas ocorrem devido ao aumento do hormônio adrenalina na corrente sanguínea, algo normal quando a pessoa enfrenta um momento importante. Contudo, se os sintomas se tornarem constantes, podem sinalizar um transtorno de ansiedade generalizada

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O que se deve fazer durante uma crise de ansiedade depende da gravidade e da frequência dos sintomas e, por isso, o ideal é sempre receber aconselhamento especializado, de um psiquiatra ou psicóloga

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Apesar disso, realizar exercícios de respiração, ingerir chá calmante, tentar conversar com alguém de confiança, descansar, desligar a mente, fazer atividades físicas que goste ou tentar manter o pensamento em algo que dê conforto são algumas dicas que podem ajudar a aliviar o problema

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Quando a crise de ansiedade acontece pela primeira vez, ou não se tem certeza do que está acontecendo, é importante procurar um hospital para garantir que não seja outro problema mais grave, como o infarto

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De qualquer forma, caso as crises sejam frequentes, um especialista deve ser procurado para identificar a causa e iniciar um tratamento

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A ansiedade pode desencadear problemas que, dependendo dos sintomas, podem ser classificados como Transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia social, síndrome do pânico, entre outros. Esses problemas podem gerar impacto na vida pessoal e profissional do paciente, por isso o quanto antes for diagnosticado, menos problemas serão enfrentados

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Polêmica: até que ponto a espiritualidade deve ser incorporada na medicina?

No entanto, o debate não se limita ao reconhecimento da espiritualidade como um fator importante na saúde. O maior ponto de discórdia reside na prática clínica. Muitos médicos ainda acreditam que é preciso separar as crenças pessoais dos pacientes da medicina tradicional, baseando o tratamento em evidências científicas comprovadas. A preocupação é de que a introdução de temas espirituais possa abrir portas para tratamentos não cientificamente comprovados ou que possam ser potencialmente prejudiciais.

Por outro lado, defensores da ideia argumentam que a espiritualidade tem sido uma força importante na recuperação de muitos pacientes, e que, ao incorporar uma abordagem mais holística, a medicina pode se tornar mais humana, respeitando a individualidade e os valores de cada pessoa.

E você, o que pensa sobre isso?

Com o avanço das discussões sobre a integração da espiritualidade na saúde, fica a pergunta: você acredita que a sua espiritualidade pode impactar positivamente a sua saúde? Seja por meio de oração, meditação ou qualquer outra prática que te conecte com algo maior, a fé e o aspecto espiritual podem trazer benefícios reais para o seu bem-estar?

Juliana Andrade(*) Juliana Andrade é nutricionista formada pela UnB e pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional. Escreve sobre alimentação, saúde e estilo de vida
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Fonte: Metrópoles

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