Amazônia em imagens: Luiz Braga ganha homenagem em São Paulo

Cabelos bem escuros, ligeiramente cheios na área bem acima da cabeça, algumas rugas na testa como quem está acostumado a franzir o cenho. Os olhos, pequenos e apertados, encaram quem está do outro lado. Esse é o barqueiro azul, personagem retratado em uma das 258 fotografias de Luiz Braga que compõem a exposição Arquipélago Imaginário, em cartaz no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo.

Referência na fotografia brasileira contemporânea, Braga celebra 50 anos de carreira com essa mostra que traz 190 imagens inéditas. São cinco décadas de registros do cotidiano, da cultura e das paisagens amazônicas.

No ano em que a Amazônia está ainda mais em evidência, já que a cidade de Belém vai sediar a COP30, esse mergulho na obra de Braga ultrapassa as discussões políticas, e coloca foco nas populações que vivem o dia a dia da floresta e que são diretamente afetadas pelas questões climáticas.

Com curadoria de Bitu Cassundé e assistência de Maria Luiza Meneses, a exposição é resultado de um intenso trabalho de imersão no vasto acervo do fotógrafo. “O processo é complexo, porque o lugar da curadoria é o lugar da escolha. Então, para você escolher, vai acabar excluindo muita coisa, e o arquivo de Luiz é um arquivo fascinante”, comenta Bitu.

Uma cartografia visual do Pará

Natural de Belém (PA), Luiz Braga começou a fotografar ainda na juventude, atuando inicialmente na publicidade. Paralelamente, cursou Arquitetura na Universidade Federal do Pará (UFPA). A partir de 1979, passou a realizar exposições individuais e a colaborar com instituições culturais de todo o país.

Em nove núcleos temáticos, “Arquipélago Imaginário” apresenta a diversidade de temas e abordagens da obra de Braga. As primeiras seções reúnem fotografias em preto e branco, marca do início de sua produção. Já nas demais, ganha destaque o uso intenso e expressivo das cores — característica pela qual o fotógrafo é amplamente reconhecido —, com registros recentes realizados principalmente na ilha do Marajó, onde ele vem desenvolvendo um trabalho constante nas últimas duas décadas.

A exposição revela o forte vínculo do artista com o território amazônico e seus habitantes. Estão presentes cenas da tradicional procissão do Círio de Nazaré, do cotidiano ribeirinho, da arquitetura das casas de palafita e até uma emblemática imagem de uma mulher caminhando pela rodovia Transamazônica, capturada em 1996.

“Desde que nós começamos o processo curatorial, a gente tinha muito claro de que não se trataria de uma retrospectiva. Trata-se de apresentar nuances da minha alma, do meu olhar, mostrar o território do meu afeto. E o público vai se surpreender porque talvez nunca antes tenha tido uma exposição com tantas obras em preto e branco. Aliás, muita gente nem imagina que eu tenho uma produção tão intensa em preto e branco. Então, para mim, essa é uma grande surpresa, também, poder realizar uma exposição com tantas obras inéditas e tantas em preto e branco”, afirmou Braga em entrevista à CNN Brasil.

Cenas íntimas e visões noturnas

Outro ponto alto da mostra são os registros intimistas do interior de casas e comércios — ambientes recheados de objetos cotidianos como cortinas, relógios, ventiladores, vasos e móveis simples. Esses detalhes evocam afetos, memórias e a passagem do tempo. Também há destaque para o universo do trabalho, com imagens de pescadores, alfaiates, cabeleireiros e outros profissionais em ação, sempre fotografados em seus próprios contextos.

Entre as séries apresentadas, está “Nightvision − Mapa do Éden”, iniciada em 2006. Desenvolvida durante a transição da fotografia analógica para digital, a série explora os limites da câmera em ambientes de baixa luz. O resultado são imagens em tons prata-esverdeados, que criam uma atmosfera onírica e fantástica da Amazônia, desafiando estereótipos visuais da região.

“Essa homenagem no IMS é um grande prêmio, ter seu trabalho exposto num lugar tão importante, de uma forma tão potente. Então acho que isso é um sonho. Estou muito feliz”, disse Braga.

“Arquipélago Imaginário” fica em cartaz até 31 de agosto e oferece recursos de acessibilidade, como pranchas táteis e audiodescrição.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Amazônia em imagens: Luiz Braga ganha homenagem em São Paulo no site CNN Brasil.

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