Mensagens trocadas entre o advogado João Neto e a ex-companheira, além de comprovantes de transferências e compras feitas para o novo apartamento, colocam em xeque a versão apresentada pela defesa do influenciador preso por suspeita de violência doméstica. Os registros, enviados com exclusividade ao portal LeoDias pela defesa da vítima, indicam que o casal ainda mantinha uma relação afetiva e financeira no dia da agressão, ocorrida em um apartamento em Ponta Verde, bairro nobre de Maceió.
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O material contraria a linha adotada pela defesa do advogado, que sustenta que a vítima já não mantinha vínculo amoroso com João Neto e que forçava sua permanência no imóvel. Em entrevista recente, a advogada Minghan Chen, que representa o influenciador, declarou que o relacionamento havia terminado antes do episódio e que a vítima se recusava a deixar o local.
Entretanto, prints revelam que, no próprio dia da agressão, a mulher comprou o jantar para João Neto e conversava com ele normalmente, inclusive tratando de questões rotineiras do casal. Em uma das mensagens, ela envia o cardápio para a compra da refeição, dias antes da agressão.
Há ainda comprovantes de compras feitas no mesmo domingo em que ocorreu a agressão, com itens destinados à montagem do novo apartamento, segundo a vítima. Esses gastos indicam que o local ainda estava sendo mobiliado e que a presença dela ali fazia parte de um planejamento conjunto. A defesa de João Neto alegou que a mulher apenas “invadiu” o imóvel, o que também é questionado pelo teor das mensagens obtidas.
Outro ponto que chama atenção é o envolvimento de terceiros nas transações financeiras. Boa parte dos pagamentos aparece vinculada a uma conta em nome de Jonathan Ferreira da Silva, que, segundo a fonte que enviou os documentos, seria motorista do advogado João Neto. De acordo com essa versão, o advogado utiliza contas de funcionários para realizar transferências bancárias.
Quem é João Neto?
João Neto, ex-militar da Polícia Militar da Bahia e influenciador com mais de dois milhões de seguidores nas redes sociais, foi preso na segunda-feira (14/4) após a divulgação de imagens de uma câmera de segurança que mostram a mulher ferida, com sangramento no queixo, tentando deixar o prédio onde moravam. Na gravação, o advogado aparece pressionando a vítima contra a parede e tentando estancar o ferimento com um pano.
À polícia, João Neto alegou que a mulher escorregou no piso liso do apartamento durante uma discussão. Sua advogada reforçou essa versão, dizendo que o imóvel estava sendo limpo e preparado para ser entregue, o que teria causado a queda. Segundo ela, o advogado teria apenas tentado conter a situação e levado a mulher ao hospital vizinho, antes de ir a uma consulta médica.
No entanto, as novas informações colocam essa justificativa em dúvida. Além dos prints que mostram a relação afetiva ainda ativa, os comprovantes de compras demonstram que o apartamento estava em fase de instalação — o que sugere que a vítima estava ajudando na organização do novo espaço, como parte de um convívio planejado.
Abordagem humorada e polêmica
O histórico do influenciador nas redes sociais também tem sido alvo de críticas desde a prisão. Conhecido pelo bordão “no coco e no relógio”, João Neto construiu uma imagem pública baseada em frases de impacto, piadas com temas jurídicos e comentários polêmicos sobre assuntos de repercussão nacional. Recentemente, chegou a sugerir, em tom de brincadeira, sua candidatura à presidência da República.
Apesar da persona bem-humorada que projetava online, sua atuação profissional também já era alvo de questionamentos. Embora se declare advogado criminalista e mestre em Ciências Criminais, João Neto raramente divulga o número de registro na OAB. Além disso, a Polícia Militar da Bahia informou que ele foi desligado da corporação há 15 anos, ainda durante o curso de formação, sem ter exercido a função nas ruas.
O caso segue em investigação pela Polícia Civil de Alagoas. A prisão de João Neto foi convertida pela Justiça em preventiva. A equipe jurídica da vítima informou que está à disposição para prestar esclarecimentos à imprensa e avalia liberar mais provas.
Fonte: Portal LEODIAS