A gripe aviária causada pelo subtipo H5N1 é uma doença que infecta principalmente aves, mas pode atingir outros animais, como vacas. Em surtos recentes nos Estados Unidos, o vírus foi detectado em leite cru e gatinhos que tomaram a bebida contaminada desenvolveram a doença e acabaram falecendo. Mas afinal, é possível seres humanos pegarem a doença através do consumo de leite e ovos?
“Nenhum dos casos que ocorreram nos Estados Unidos em humanos foi associado a alimentos. O risco de alimentos contaminados chegarem ao lar continua baixíssimo”, ressalta o médico infectologista Julival Ribeiro, do Hospital de Base do Distrito Federal.
A melhor forma para evitar a contaminação através do leite é pasteurizar o alimento: o processo elimina o vírus e outros patógenos. Os leites comercializados no mercado já passam por esse procedimento. De acordo com evidências e análises de risco realizadas até o momento, os ovos não são considerados uma via de transmissão do vírus da influenza aviária para humanos.
“É importante ressaltar que não se tem notícia de casos humanos infectados pelo consumo de leite. Os 954 casos humanos registrados entre 2003 e 2024, nos Estados Unidos e em 23 outros países em diferentes regiões do mundo, foram relacionados com o contato com aves infectadas ou mortas, que eliminam o vírus pelo sistema respiratório e secreções”, afirma o médico veterinário e coordenador do curso de medicina veterinária da Universidade Católica de Brasília, José Roberto Pinho.
Como se proteger da gripe aviária
- Evite o contato com aves doentes ou mortas.
- Para destruir o vírus, o calor é essencial. Por isso, cozinhe bem todos os alimentos de origem animal.
- Caso trabalhe em granjas e criadouros, a higiene pessoal após manusear aves ou produtos de origem animal é importante.
- Se necessário, use equipamentos de proteção, como luvas e máscaras.
- Fique atento aos sinais. Entre os principais sintomas da gripe aviária estão febre, tosse, dor de garganta, dores musculares e dificuldade para respirar.
Risco de contaminação através de produtos de produção caseira
Produtos artesanais ou feitos para consumo próprio como queijos, iogurtes, manteigas e outros derivados do leite, podem envolver riscos significativos à saúde quando não são produzidos de forma adequada. Por exemplo, se o produtor não pasteurizar o leite ou não adotar boas práticas de fabricação e higiene, o risco de contaminação pela H5N1 é maior.
“Em síntese, não se recomenda o consumo de produtos de origem animal que não tenham o selo de garantia sanitária. No Brasil, o indicativo é o SIF carimbado no rótulo, que é uma marca do Serviço de Inspeção Federal”, ensina Pinho.
Panorama nas Américas
As ocorrências da gripe aviária têm se concentrado nas Américas, causando consequências terríveis para os países afetados. No México, na última terça-feira (8/4), uma menina de três morreu devido a infecção pelo H5N1. Já nos Estados Unidos, além da morte de um homem em janeiro, o país ainda sofre com prejuízos econômicos.
Foi necessário sacrificar várias galinhas contaminadas, o que diminuiu a quantidade de ovos disponíveis para venda. O departamento de agricultura norte-americano previu que, devido aos surtos, os preços dos ovos poderiam subir 41% neste ano.
De acordo com o Ministério da Agricultura, até o momento, não há registro da circulação do vírus na criação comercial brasileira. O Brasil permanece com o selo de país livre da influenza aviária em relação aos critérios da Organização Mundial de Saúde Animal, permitindo-o manter a exportação de alimentos de forma segura.
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Fonte: Metrópoles