Sete pessoas foram presas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, com o apoio da Policia Civil do Paraná, nesta quinta-feira (24). Os presos são suspeitos de envolvimento em um esquema sofisticado e estruturado de furto, receptação e comercialização clandestina de cabos de telefonia e energia elétrica.
De acordo com o secretário de polícia civil, delegado Filipe Curi, as investigações mostraram a participação direta de traficantes do Comando Vermelho no esquema que envolvia grandes empresários do ramo de reciclagem, ferros-velhos e até metalúrgicas.
“Isso é inédito. A gente tinha conhecimento do envolvimento do Comando Vermelho, mas uma coisa é ter conhecimento e outra é ter isso provado em uma investigação bastante criteriosa e complexa”, afirmou o secretário.
De acordo com a polícia, o grupo furtava os cabos sempre na madrugada. Os criminosos utilizavam ordens de serviço fraudulentas e uniformes de empresas para dar aparência de legalidade aos atos.
Após o furto, eles contavam com a ajuda de batedores armados em motocicletas, todos ligados ao Comando Vermelho, para levar o material até depósitos instalados em comunidades dominadas pela facção na cidade do Rio e na Baixada Fluminense.
Nos depósitos, os cabos eram fracionados, decapados e queimados, pra eliminar qualquer vestígio da origem. O cobre extraído era vendido para ferros-velhos e empresas de metalurgia, principalmente de São Paulo. O lucro com o negócio era dividido com traficantes em troca de proteção.
“Em uma das operações, integrantes do narcotráfico chegaram a ficar com 50% dos lucros. Os traficantes entraram de cabeça”, disse o delegado Carlos Oliveira, sub-secretário de planejamento da Polícia Civil do Rio.
Líderes da quadrilha presos
Na operação desta quinta-feira (24), uma mulher identificada como Sinara Alves de Oliveira, apontada como líder do esquema, foi presa no Rio. Ela foi colocada no posto mais alto da quadrilha depois da prisão do marido, no ano passado, no Paraná.
Ricardo Lyra Ribeiro, que é jornalista, foi detido por ligação com o tráfico de drogas. Ele era apontado como o elo com o tráfico no Morro do Fallet, na região central do Rio. Além dos sete presos, 46 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados aos alvos no Rio e em São Paulo.
Os policiais apreenderam apenas em um depósito em Campo Grande, na zona oeste da capital fluminense, 200 toneladas de cobre de origem duvidosa, avaliadas em R$ 10 milhões.
Negócio lucrativo
O sub-secretário de planejamento da Polícia Civil do Rio, delegado Carlos Oliveira, destacou que o cobre é um material visado pelo alto valor. Segundo o delegado, o preço da tonelada de cobre atualmente é de cerca de u$ 9 mil dólares.
“Esse problema do roubo de cobre já transcendeu a questão de uma mera pessoa que furta, na maioria um vulnerável social, em especial dependentes químicos. Hoje nós temos organizações criminosas especializadas no roubo e na receptação do material”.
“É um problema internacional. Não é só no Rio, não é só no Brasil que existe esse problema. Hoje, o Brasil figura em quinto lugar, depois de China, Estados Unidos Índia e África do Sul em ocorrências”, completou o sub-secretário.
A polícia do Rio pediu ajuda da população para denunciar os casos.
Este conteúdo foi originalmente publicado em RJ: Polícia desarticula esquema de furto de cabos que envolvia o CV no site CNN Brasil.