O enredo de “A Viagem” se passava na cidade do Rio de Janeiro do início da década de 1990 e algumas cenas da trama de Ivani Ribeiro foram gravadas em locais reais, que existem até hoje. Outros cenários mais emblemáticos da história, como o céu, o Vale dos Suicidas e a fazenda de dona Guiomar eram fora da capital fluminense e também receberam o elenco da trama.
A trama gira em torno de Alexandre (Guilherme Fontes), um jovem problemático que se envolve em um assassinato e, por isso, é condenado à prisão. Ao ser delatado pelo irmão Raul (Miguel Falabella) e pelo cunhado Téo (Maurício Mattar), e não conseguir que o advogado Otávio (Antônio Fagundes) o defenda, Alexandre tira sua própria vida na prisão e jurando vingança a todos que o traíram.
A única que busca ajudá-lo é sua irmã mais velha, Diná (Christiane Torloni), que tenta a todo custo tirá-lo da prisão, mas é tarde demais. Ao ver sua irmã se apaixonando por Otávio, o espírito de Alexandre planeja uma vingança, transformando a vida de todos um verdadeiro inferno. Ao longo de 167 capítulos, acompanhamos a jornada de ódio e redenção de Alexandre, além de testemunhar a história de amor de Diná e Otávio, que transcenderá para a outra vida, ajudando seus entes queridos.
A novela foi um grande sucesso de público e já está em sua terceira reprise na TV Globo, sem contar a exibição original em 1994 e outras no antigo canal Viva. De 31 anos para cá, não só o elenco já está bem diferente, como os locais de gravação também sofreram alterações. A mansão de Otavio Jordão, o prédio de Diná, o trabalho do Téo, o céu, o Vale dos Suicidas e a fazenda de Guiomar são algumas locações reais onde aconteceram cenas da trama.
Veja como estes cenários de “A Viagem” estão hoje em dia:
Mansão de Otavio Jordão
A casa do milionário advogado criminalista Otavio Jordão é um dos locais reais com um grande número de cenas gravadas fora dos Estúdios Globo. A mansão está localizada na estrada da Gávea Pequena, no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, local que é conhecido pelas casas de alto luxo.
Hoje a propriedade está bem diferente de 1994, quando a novela foi gravada, mas a casa principal preserva o mesmo estilo arquitetônico da época em que circulavam por ali atores renomados como Christiane Torloni, Antonio Fagundes e Denise Del Vecchio. O canal de Youtube Jorginho e os Rubros conseguiu autorização para mostrar a mansão por dentro em 2022.
Outro lugar curioso dentro da mesma propriedade que já não existe mais era o orquidário de Otavio Jordão, que era cuidado pelo caseiro Okida (Carlos Takeshi) e que embalavam as cenas de romance do advogado com Diná, ao som de “Crazy”, de Julio Iglesias, e “Poeira de Estrelas”, de Fafá de Belém.
O orquidário não existe mais e tudo o que restou foi a escada de concreto e o círculo que demarca onde estava a estufa de plantas.
A piscina também teve cenas emblemáticas, principalmente quando envolviam os personagens jovens da trama, Tato (Felipe Martins) e Dudu (Daniel Ávila), filhos de Otavio. Eles costumavam levar amigos para se divertirem na piscina em dias de sol.
O local continua em pleno funcionamento e ganhou uma rampa para cadeirantes que dá acesso ao interior dela.
O portão da mansão era de grades brancas e dava para ver a parte interna do terreno, mas hoje é um portão fechado, escuro, que traz mais discrição a quem mora lá.
A estrada da Gávea Pequena, onde Diná atropelou Otavio Jordão em uma das cenas da novela continua igual, depois de mais de 30 anos.
Fazenda de dona Guiomar
Desde o começo de “A Viagem” até os últimos capítulos da trama, a família Toledo viajava diversas vezes para a fazenda que pertencia à dona Guiomar, vivida por Laura Cardoso. A propriedade era grande, com muitas janelas, mas a parte interna era gravada nos Estúdios Globo.
Em 1994, era possível ver um grande campo aberto, uma casa branca, com vários detalhes em amarelo e janelas coloniais verdes. Toda a estrutura permanece exatamente igual depois três décadas.
A fazenda se chama Vista Alegre e fica na cidade de Valença, no interior do estado, a 161 km do Rio de Janeiro. Foi construída no século 19 e preserva toda sua originalizada desde então. Ela foi cenário de diversas novelas, minisséries e produções televisivas, como a novela “Salomé”, clipe especial Xuxa 10 Anos de Globo (“Lua de Cristal”) e a novela “A Viagem”.
Originalmente, a propriedade era dedicada ao plantio do café, e abrigou a Escola de Ingênuos, como ficou conhecida, que foi a primeira no país a alfabetizar filhos de escravizados e crianças pobres das redondezas. Por ali já passaram visitantes ilustres, como o Conde D’Eu e o pianista Gottschalk, além de membros da família Real.
Hoje, a Vista Alegre realiza visitações históricas guiadas, além de eventos sociais, culturais e corporativos.
Escritório de Téo
O personagem vivido por Maurício Mattar era um jovem arquiteto e trabalhava em escritório que era ponto central de diversas brigas e possessões de Alexandre. Ali também trabalhavam Raul e Mauro, interpretado por Eduardo Galvão, que morreu em 2020 vítima da Covid-19.
O escritório ficava no Rio Design Barra, na Barra da Tijuca, que apareceu logo no primeiro capítulo da trama. No decorrer da novela, o prédio não apareceu mais tantas vezes e hoje em dia está bem diferente de 1994.
O Rio Design Barra fica na Avenida das Américas, 7777, tem uma arquitetura completamente diferente hoje e adotou um modelo mais moderno para a parte interna.
Prédio de Diná
Apesar de não ser milionária como Otavio Jordão, Diná era uma empresária provavelmente de classe média alta, proprietária de uma locadora de vídeos. No começo da década de 1990, esse tipo de estabelecimento era muito requisitado pelos amantes do cinema e ela tinha um bom padrão de vida.
Nas cenas de “A Viagem” sempre era mostrado o prédio onde ela morava, que se chama Edifício Barramares, e está localizado na Avenida Lúcio Costa, 3300, na Barra da Tijuca. Hoje em dia a propriedade permanece igual àquela época, inclusive as mesmas cores, que eram vistas na trama de Ivani Ribeiro.
Vale dos Suicidas (inferno)
Uma das tramas mais sombrias de “A Viagem” era o cenário do Vale dos Suicidas. O local predominantemente escuro era onde os espíritos de pessoas suicidas eram levados até se arrependerem de suas atitudes más.
Alexandre era o principal personagem que “morava” neste lugar sombrio e para onde sempre voltava depois de praticar as maldades com aqueles que ele queria vingança.
O local onde foram gravadas essas cenas de terror era uma pedreira desativada na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, onde hoje está cheio de mato, mas não abandonado. Na parte da frente do terreno existe uma unidade do Clin (Companhia de Limpeza de Niterói), que também instalou no terreno um viveiro de plantas, que serve como base para o reflorestamento, recuperação de encostas e áreas degradadas e arborização de regiões da cidade.
Antes da pandemia, existia um projeto de criar neste terreno uma Cidade do Samba de Niterói, mas o projeto não continuou.
Céu
Outro lugar que também aparecia muito na novela era o céu, ou o Nosso Lar, como é chamado na literatura espírita. O lugar sempre muito iluminado era morada de vários espíritos de luz, que circulavam por todos os lugares. O terreno era formado por um grande gramado, árvores nativas, um lago e animais como coelhos, patos e cavalos, além de muitas flores.
Otavio Jordão foi o primeiro personagem que morreu e conheceu as belezas do céu. Depois foi a vez de Diná, que também morreu quase na metade da novela e onde se encontrou com o namorado. No penúltimo capítulo, Alexandre se arrepende de seus maus caminhos e também vai para o céu. Por fim, dona Maroca, mãe dos protagonistos, também morre e se encontra com os filhos.
*Com informações de Juliana Melguiso, em colaboração à CNN.
Este conteúdo foi originalmente publicado em “A Viagem”: como estão hoje em dia 6 lugares onde a novela foi gravada no site CNN Brasil.