Depois de um mergulho interior em “Depois do Fim”, lançado em 2023, a Lagum passa a contemplar “as cores, as curvas e as dores do mundo”. O quinto álbum da banda mineira chega às plataformas de streaming nesta terça-feira (27).
Do rock ao reagge, o novo disco conta com 10 faixas, entre elas uma parceria com a cantora Céu, acompanhadas de um visualizer cada. Em entrevista à CNN, os quatro integrantes se aprofundaram sobre a produção e conceito do álbum e o novo momento da banda, que retorna às origens e volta a ser independente.
“Eu vejo ‘Depois do Fim’ como um ressaquinha. Uma coisa doída e agonizante. Já ‘As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo’, a gente tem uma narrativa mais esperançosa”, disse o vocalista Pedro Calais.
“É um disco que tem um ponto de vista muito contemplativo e observador. As cores como diferentes temperamentos, timbres, gêneros musicais, tempos de música; as curvas como os imprevistos, a adrenalina; e as dores como um ponto de conexão universal”, explicou.
De Belo Horizonte… para o mundo
A capital mineira – e a vida real dos quatro integrantes – é o cenário e grande parte da inspiração do projeto. O escritório e estúdio da Lagum em Belo Horizonte foi onde tudo tomou forma.
“A gente passou anos trabalhando com uma gravadora e agora voltamos a ser independentes, o que intensifica muito a nossa rotina e envolvimento. Além das coisas pessoais de cada um, a gente tem que lidar de uma maneira mais intensa – ainda mais na cidade. Então acho que isso trouxe todo o movimento e tom meio caótico ao disco. É um álbum de sonoridade áspera“, declarou Pedro.
“Tendo nosso estúdio a gente acaba não precisando ter pressa. É no nosso ritmo. Isso é muito importante para uma banda, aumenta a liberdade criativa. Qualquer um de nós tem a liberdade de pegar um instrumento que às vezes não tem o hábito de tocar, por exemplo”, acrescentou Chico, que comanda o baixo.
Refletindo sobre os 10 anos da Lagum, o guitarrista Jorge destacou o mercado musical mineiro e como, mesmo rodando o mundo, a essência da banda é a sua origem.
“Por mais que sempre exista um mercado, tendências e tudo mais, os artistas de Minas Gerais estão atentos ao que está rolando, mas daqui sempre surge uma coragem e uma independência sonora muito forte”, disse.
“A coisa fermenta aqui dentro igual uma panela, mas quando sai ninguém segura. Foi assim com Skank, Jota Quest, Milton Nascimento (…) A gente quer ter a nossa própria identidade, mas agora, cada dia que passa, a gente quer se apropria das coisas que são de fato nossas”, completou Pedro.
“Não tem como a gente olhar para trás e ignorar todas as nossas histórias e tudo que a gente viveu. Mas, 10 anos depois, a gente passa por um momento que parece que a gente está renascendo. Isso de a gente não estar em uma gravadora, de termos mudado nossa estrutura. Tem muito lugar que a gente ainda não chegou e faz a gente querer ser melhor e maior a cada dia”, finalizou Jorge.
A Lagum quer (e vai) levar a música mineira e “As Cores, As Curvas e as Dores do Mundo” para o mundo. A banda vai sair em turnê com o álbum – as datas devem ser anunciadas nos próximos dias – e eles prometeram rodar o país de Norte a Sul, além de passar pela Europa e “talvez a primeira turnê mundial”, segundo o vocalista.
“Maior no mundo real”
O grupo se considera uma banda do “mundo real”, isso porque acredita ser diferente no ao vivo, destacando a energia criada nos shows e a conexão com o público.
“Eu acho que a Lagum é muito maior no mundo real do que no mundo digital. A Lagum pode não ter tantos números nos streams, mas a gente arrasta muita gente para o show. As coisas que a gente se propõe a fazer de maneira física, os movimentos que a gente se propões a abraçar… e a galera vem junto”, disse Pedro à CNN.
“Essa conexão e comunicação [com os fãs] é real e direta. Eu acho que a gente tá conseguindo construir, passinho por passinho, tijolo por tijolo, uma história linda”, continuou.
A partir dessa percepção, os meninos decidiram investir em sons, timbres e solos para “As Cores, As Curvas e as Dores do Mundo”, com o intuito de trazer a atmosfera do ao vivo para as caixas de som e fone.
“A Lagum em cima do palco tem uma energia muito diferente nos streamings. Um desejo que a gente tinha com esse álbum era justamente trazer um pouco dessa energia, essa sonoridade”, afirmou Jorge.
“É um álbum que retoma a força da bateria e muitas guitarras presentes. A gente também procurou agregar elementos eletrônicos, samples, sintetizador, trabalho de cordas, triângulo e mais”, explicou.
As faixas de “As Cores, As Curvas e as Dores do Mundo”
- Eterno Agora
- Dançando no Escuro
- A Cidade
- Quem Desligou o Som?
- As Desvantagens de Amar Alguém que Mora Longe
- Tô de Olho feat. Céu
- Vagarosa Manhã
- Vida de Novela
- Baby Blue
- A Última Nuvem do Céu