Os grandes bancos dos Estados Unidos estão discutindo internamente sobre a expansão de seus negócios com criptomoedas, aguardando um endosso mais decisivo de órgãos reguladores do país.
Enquanto isso não acontecer, as etapas iniciais concentram-se em programas piloto, parcerias ou negociação limitada de moedas digitais, de acordo com quatro executivos do setor.
Os gigantes de Wall Street, que foram amplamente bloqueados de muitas atividades envolvendo criptomoedas por regulamentações rigorosas, estão prontos para crescer rapidamente.
No entanto, os maiores bancos norte-americanos ainda se mostram hesitantes em serem os primeiros entre os rivais a se expandirem mais profundamente no universo das criptomoedas, caso encontrem problemas com uma eventual mudanças nas regras, disseram os quatro executivos.
Se uma grande instituição financeira se expandir sem problemas nesse mercado, outras vão executar projetos-piloto em pequena escala e avaliar outras perspectivas de negócios, disseram os executivos.
Jamie Dimon, presidente-executivo do maior banco dos EUA, o JPMorgan Chase, descartou a possibilidade da instituição entrar em custódia – armazenar ativos digitais para clientes – ou expandir significativamente sua atuação no setor, mesmo que as regulamentações sejam flexibilizadas.
“Quando olho para o universo do bitcoin, a alavancagem no sistema, o uso indevido no sistema, os problemas de lavagem de dinheiro, o tráfico, não sou fã dele“, disse Dimon, um cético de longa data em relação às criptomoedas, a investidores na semana passada.
“Vamos permitir que vocês comprem, mas não vamos custodiá-las…Não acho que você deva fumar, mas defendo seu direito de fumar. Defendo seu direito de comprar bitcoin”, acrescentou.
O presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu se tornar o primeiro “presidente das criptomoedas” antes de assumir o cargo.
Desde então, ele cortejou a elite do setor na Casa Branca, prometeu impulsionar a adoção de ativos digitais e disse que pretende criar uma reserva estratégica de bitcoin.
Embora haja sinais encorajadores, os bancos dos EUA estão buscando diretrizes ainda mais claras do governo, esclarecendo o que podem fazer com criptomoedas, disseram mais de meia dúzia de executivos do setor.
“A mudança na postura é encorajadora para os bancos tradicionais, mas eles ainda estão abordando o assunto com cautela e vendo as mudanças na regulamentação como uma oportunidade de se envolver e não como um passe livre”, disse Dario de Martino, sócio de fusões e aquisições da A&O Shearman que trabalha com questões relacionadas a moedas digitais.
Os negócios de custódia para armazenar e gerenciar ativos digitais são promissores, disseram banqueiros e executivos, mas têm margens pequenas e potencialmente apresentam altos riscos.
A maioria dos bancos provavelmente entrará em negócios de custódia por meio de parcerias com empresas de criptomoedas, disseram as fontes.
O presidente-executivo da Charles Schwab, Rick Wurster, disse à Reuters no início deste mês que os reguladores financeiros estão enviando “muitos sinais verdes” para as grandes empresas crescerem em criptomoedas.
Fator o que reforçou planos da Schwab de oferecer negociação de ativos digitais à vista dentro de um ano, disse ele.
Novos reguladores sob Trump também sinalizaram políticas mais favoráveis. O U.S. Office of the Comptroller of the Currency abriu caminho para que os bancos se envolvam em algumas atividades com cripto, como custódia, stablecoins e participação em redes de ledger.
O órgão regulador dos mercados de capitais dos EUA, SEC, também eliminou orientações contábeis anteriores que tornavam caro para os bancos negociar com criptomoedas.
O Bank of America poderia lançar stablecoins, disse seu presidente-executivo, Brian Moynihan, no início deste ano, e o setor bancário dos EUA adotará criptomoedas para pagamentos se as regulamentações permitirem.
Enquanto isso, o Morgan Stanley quer trabalhar com os reguladores para ver como pode ser um intermediário para transações relacionadas a moedas digitais, disse o presidente-executivo, Ted Pick, no início deste ano.
O banco também está explorando a adição de criptomoedas à sua plataforma de comércio eletrônico, disse uma fonte.
Alguns dos grandes bancos dos EUA também estão explorando a emissão de uma stablecoin conjunta, com as conversas em estágios iniciais, disse outra fonte bancária.
Os grandes bancos buscam mais clareza em relação às regras e à supervisão de combate à lavagem de dinheiro antes de se aprofundarem nas criptomoedas.
Eles também estão pedindo diretrizes consistentes entre os reguladores bancários e de mercado antes de lançarem novos negócios em ativos digitais, cujos valores são voláteis.
Por enquanto, os bancos estão avaliando suas perspectivas e executando programas-piloto em pequena escala.
“Embora o ambiente tenha melhorado muito, os bancos continuarão preocupados com o combate à lavagem de dinheiro e com a conformidade regulatória”, disse Matthew Biben, codiretor do grupo de serviços financeiros globais do escritório de advocacia King & Spalding.
Os bancos querem entender se podem se envolver em empréstimos de moedas digitais ou se podem se tornar criadores de mercado para ativos digitais, disse uma das fontes bancárias.
As regras para os negócios bancários tradicionais são muito bem definidas e há total clareza sobre o que um banco pode fazer e o que está fora de seu escopo.
O grupo de trabalho sobre criptomoedas sob David Sacks, o czar das moedas digitais nomeado por Trump, não tem representação de reguladores bancários, o que precisa ser alterado se os grandes bancos tiverem permissão para desempenhar qualquer papel significativo no negócio, disseram duas fontes bancárias.
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