Um problema que afeta diretamente a segurança dos pacientes e o funcionamento do sistema de saúde brasileiro, a falsificação de medicamentos tem se tornado uma questão cada vez mais grave e comum. Além de prejudicar a eficácia do tratamento, a prática pode gerar reações adversas e o mercado ilegal ainda patrocina e está diretamente ligado a outras atividades criminosas, como o tráfico de drogas.
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Em busca de soluções para conscientizar o consumidor sobre o crime, a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e o Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), lançou, nesta quarta (28/5), uma cartilha com orientações sobre o assunto.
O documento possui informações importantes para alertar as pessoas sobre os risco do comércio ilegal de medicamentos.
“A primeira etapa para combater o uso de qualquer produto indevido é garantir que a população saiba os motivos pelos quais ele não é recomendado. A cartilha tem dois propósitos muito claros: levar informação para os profissionais da área de saúde e fiscalização e para o próprio paciente. Isso ajudará o consumidor a conhecer e identificar o produto falsificado e entender os prejuízos que ele traz para sua saúde e a economia”, destaca o presidente-executivo da Interfarma, Renato Porto.
Geralmente, medicamentos falsos e adulterados não possuem o princípio ativo do remédio original, e podem ser feitos de farinha ou outro composto. Sem a substância certa, o tratamento falha, a doença progride e, em alguns casos, o indivíduo pode até ser intoxicado.
Sinais que mostram que o medicamento é falsicado
- Erros de ortografia, hologramas ausentes ou danificados, dados de lote ilegíveis, impressões de baixa qualidade ou apagadas são sinais que podem indicar a falsificação.
- É importante ficar atento a embalagens diferentes das habituais.
- Embalagens em outro idioma são suspeitas, pois todos os remédios autorizados no Brasil têm caixas com textos em português.
- Desconfie de preços muito baixos.
- Na caixas dos medicamentos, há uma área marcada que, ao ser raspada, aparece a palavra “QUALIDADE” e o nome do laboratório, autenticando o produto.
- Embalagens sem lacre, lacres rompidos ou com selos rasgados indicam adulteração.
Ilustração mostra cada parte da caixa de um medicamento original e autorizado pelos órgãos brasileiros
Consequências vão da saúde a economia
O rombo aos cofres públicos que a comercialização de medicamentos falsos ou adulterados traz é gigante. De acordo com dados do Anuário de Falsificação 2025 da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), remédios e produtos hospitalares falsos geraram um prejuízo de 11,5 bilhões à economia do Brasil em 2024.
O comércio de medicamentos falsos prejudica as finanças brasileiras, pois diminui a arrecadação tributária, enfraquece o nível de confiança da população no sistema de saúde e faz com que o Brasil perca investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos remédios.
A prática também aumenta a quantidade de pacientes atendidos nos hospitais com efeitos colaterais dos remédios falsificados, ou desenvolvimento de doenças que não foram tratadas pelos medicamentos.
Segundo a Corregedoria-Geral da Polícia Federal, entre 2020 a 2024, o órgão interceptou quase meio milhão de medicamentos ilegais — só no ano passado, foram mais de 139 mil apreensões.
A prática tem se tornado cada vez mais comum na internet. “Antigamente, os medicamentos, sobretudo os controlados, eram muito comercializados na deep web. Observamos uma redução nesse canal, porque agora eles são vendidos cada vez mais pelas redes sociais”, revela o secretário-executivo do CNCP, Andrey Correa.
Atualmente, os medicamentos mais presentes no mercado ilegal são as canetas emagrecedoras, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, por exemplo.
“A principal medida para evitar falsificações é justamente comprar medicamentos em drogarias e farmácias físicas ou em suas plataformas digitais oficiais. No momento em que você vai buscar remédios na internet, está correndo riscos”, alerta o gerente-geral de inspeção e fiscalização sanitária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Marcus Aurélio Miranda.
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Fonte: Metrópoles