A China afirma estar “avaliando” propostas dos Estados Unidos para iniciar negociações comerciais, em uma mudança de tom que pode abrir caminho para negociações.
Um porta-voz do Ministério do Comércio da China afirmou em um comunicado nesta sexta-feira (2) que “os EUA enviaram recentemente várias mensagens à China por meio de partes relevantes, na esperança de iniciar negociações com a China. A China está atualmente avaliando isso”.
Os comentários mostram uma mudança na posição de Pequim, que manteve um posicionamento firme em meio ao aumento das tensões com os EUA devido à guerra tarifária de Donald Trump.
Trump tem afirmado repetidamente, desde a semana passada, que seu governo estava em negociações com autoridades chinesas para fechar um acordo comercial — mas foi recebido com respostas negativas de Pequim em todas as ocasiões.
Na sexta-feira, Pequim reiterou que qualquer negociação exigiria o cumprimento de algumas pré-condições.
“A guerra tarifária e comercial foi iniciada unilateralmente pelos EUA e, se quiserem negociar, devem demonstrar sinceridade genuína — o que inclui estar preparados para corrigir seus erros e cancelar seus aumentos unilaterais de tarifas”, disse o porta-voz.
“A posição da China permanece consistente: se for uma briga, levaremos até o fim. Se for uma conversa, a porta está aberta”, concluiu.
Na quinta-feira (1°), o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que as tarifas de Trump prejudicaram a economia chinesa, causando perdas de empregos, e que Pequim está ansiosa para dialogar.
“Os chineses estão se aproximando, querem se encontrar, querem conversar”, disse ele em entrevista à Fox News, acrescentando que as negociações comerciais “surgirão em breve”.
Grandes fluxos de comércio entre as duas maiores economias do mundo estão em jogo, depois que Trump aumentou as tarifas sobre a China para impressionantes 145% no início deste mês, dificultando a continuidade das negociações comerciais de algumas empresas chinesas com os Estados Unidos.
Em resposta, Pequim aumentou as tarifas sobre as importações americanas para 125%.
Comércio em queda
As tarifas de Trump causaram um forte impacto na economia chinesa, dependente de exportações e manufatura, com cortes de pedidos e paralisação da produção industrial.
A segunda maior economia do mundo informou na quarta-feira (30) que a atividade industrial se contraiu em abril, em seu ritmo mais rápido em 16 meses, indicando o nível de dano que as tarifas altíssimas já causaram.
Embora grandes varejistas americanos, como Walmart e Target, tenham retomado alguns negócios com fornecedores chineses, muitas fábricas continuam ociosas e explorando mercados alternativos como a Europa.
As importações para os Estados Unidos durante o segundo semestre de 2025 devem cair pelo menos 20% em relação ao ano anterior, segundo a Federação Nacional do Varejo. O declínio da China será ainda mais acentuado: o JP Morgan espera uma queda de 75% a 80% nas importações de lá.
Os comentários mais recentes de Pequim ocorreram após dias de discussões entre autoridades americanas e chinesas sobre se as negociações estavam em andamento, com nenhum dos lados querendo parecer o primeiro a recuar.
Na semana passada, Trump suavizou o tom, afirmando que as tarifas astronômicas americanas sobre produtos chineses “reduzirão substancialmente” e prometendo ser “muito gentil” na mesa de negociações enquanto tenta convencer o líder chinês Xi Jinping a iniciar as negociações.
Mas a aparente disposição de Trump em apaziguar a guerra comercial foi descartada por Pequim, que tem exigido repetidamente que os EUA removam todas as tarifas sobre produtos chineses como pré-condição para o início das negociações comerciais.
Na terça-feira (29), o Ministério das Relações Exteriores da China compartilhou um vídeo impactante nas redes sociais, afirmando que o país não se “ajoelhará” diante do líder “valentão” americano.
Este conteúdo foi originalmente publicado em China diz que está avaliando negociações comerciais com os EUA no site CNN Brasil.