A Conmebol abriu uma investigação, nesta quarta-feira (28), sobre um possível caso de xenofobia na partida entre São Paulo e Talleres, pela Copa Libertadores da América.
Na terça, o zagueiro Miguel Navarro, do time argentino, acusou Damián Bobadilla de ofensa relacionada à origem ao afirmar que o atleta era um “venezuelano morto de fome”.
Uma investigação não significa que haverá uma punição. Cabe à entidade decidir a questão.
Segundo o Código de Artigo Disciplinar da Conmebol, “qualquer jogador ou oficial que insultar o atentar contra a dignidade humana de outra pessoa ou grupo de pessoas, por qualquer meio, tendo como motivos a cor da pele, raça, sexo ou orientação sexual, etnia, idioma, credo ou origem, será suspenso por pelo menos dez (10) partidas ou por um período mínimo de quatro (4) meses. Em caso de reincidência, podem ser penalizados com a proibição de exercício atividades relacionadas ao futebol por cinco (5) anos, ou qualquer outra sanção adicional estabelecida no artigo 6º deste Código.”
Ainda no Morumbis, onde aconteceu o jogo, o venuzuelano foi ouvido pela polícia e fez um boletim de ocorrência. Bobadilla, porém, deixou o estádio sem conversar com as autoridades.
Segundo o delegado Rodrigo Correa Baptista, titular da Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), onde a investigação foi aberta, o atleta do Tricolor deverá comparecer no local até sexta-feira para dar sua versão do ocorrido. Ele também acredita que o jogador tenha deixado o estádio para “fugir” de prisão em flagrante.
As versões dos envolvidos
Antes de ir à polícia, o atleta do São Paulo gravou um vídeo com pedido de desculpas. “Olá a todos. Estou aqui para falar sobre o que aconteceu ontem à noite. Foi um jogo muito quente, um clima tenso durante todo o jogo. Depois do nosso segundo gol, tive uma troca de palavras com o jogador do Talleres onde fui ofendido primeiro, ele também me tratou com um pouco desprezo. Nunca tive a intenção de discriminar ninguém, mas durante aquele momento quente acabei reagindo mal. Queria me desculpar publicamente e pedirei desculpa se encontrá-lo pessoalmente. Desculpas e abraço a todos”, disse.
Navarro recebeu apoio público do Talleres e se manifestou nas redes sociais. “Gostaria de poder ter em minhas mãos a solução para a fome que meu país vive, espero que Deus me dê abundância para poder ajudar. Não acredito que se possa fazer muito contra a pobreza mental”, afirmou.
Outro caso em 2025
Neste ano, a Conmebol aplicou uma suspensão de quatro meses para Pablo Ceppelini, jogador do Alianza Lima, por xenofobia. Ele foi acusado de usar o termo “bolivianos” contra torcedores do Boca Juniors, em partida da Libertadores, na Argentina.