Especialistas explicam como parar de fumar e por que é tão difícil

O cigarro segue sendo um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. Associado a doenças como câncer, enfisema pulmonar, infarto e AVC, o tabagismo é responsável por metade de todas as mortes por cânceres globalmente.

No Brasil, existem cerca de 20 milhões de fumantes. E o dado mais preocupante é que, após anos de queda, esse número voltou a subir, segundo o Ministério da Saúde. Um dos principais desafios no combate ao cigarro é justamente o mais difícil de enfrentar: parar de fumar.

Como parar de fumar?

  • O Instituto Nacional de Câncer sugere que você defina uma data para parar de fumar e interrompa complemente o hábito no dia estipulado.
  • Mude seus hábitos e reconheça os gatilhos que levam à vontade de fumar. Jogue fora cinzeiros, isqueiros e cigarros. Se possível, evite comparecer aos locais onde costumava fumar.
  • Diminua gradualmente a quantidade de cigarros fumados por dia. Postergue a hora do primeiro cigarro e aumente o intervalo entre eles.
  • Pratique exercícios físicos. Os hormônios liberados pelas atividades melhoram o humor e ajudam a controlar a ansiedade.
  • A terapia, principamente a de grupo, também é indicada para quem está mudando o estilo de vida. Estar acompanhado pode auxiliar esse processo.
  • E o mais importe: se tiver uma recaída, não desanime. Seja persistente e comece de novo.

Por que é tão difícil parar de fumar?

O tabagismo provoca dependência tanto física quanto psicológica. A dependência física está relacionada à nicotina, substância que age diretamente no sistema nervoso central e estimula a liberação de dopamina, neurotransmissor associado à sensação de prazer.

“Cada vez fuma, a pessoa produz dopamina, e isso promove bem-estar. Com o tempo, o cérebro passa a depender do cigarro para liberar a substância”, explica o pneumologista Paulo Feitosa, que atua em Brasília.

Além disso, há o aspecto psicológico: o cigarro se incorpora à rotina e a comportamentos específicos, como após as refeições ou em situações de estresse. “Fumar cria um hábito que muitas vezes envolve a questão oral, o que torna ainda mais difícil se desvincular”, completa o médico.

A pneumologista Gilda Elizabeth, do Hospital Brasília Águas Claras, reforça que a nicotina causa dependência intensa por chegar rapidamente ao cérebro.

“O paciente costuma associar o cigarro ao alívio da tristeza, estresse, aborrecimento. Ele vira uma válvula de escape. E quando a pessoa tenta parar, pode ter sintomas de abstinência como irritação, insônia e uma vontade muito forte de fumar”, diz.

O que acontece no corpo e no cérebro ao parar?

Durante o processo de parar de fumar, os receptores de nicotina no cérebro, antes constantemente estimulados, passam a emitir sinais de escassez da substância, aumentando a vontade de fumar.

“O cérebro avisa que está faltando nicotina e pede reposição. É aí que começa o desafio. Alguns pacientes enfrentam abstinência, mas muitos conseguem superar esse período sem grandes dificuldades”, afirma Elie Fiss, pneumologista do Alta Diagnósticos, da Dasa.

Quais são os métodos mais eficazes para largar o cigarro?

Embora muitos fumantes consigam parar sem ajuda profissional, há diversas estratégias que podem aumentar as chances de sucesso, principalmente para quem já tentou e não conseguiu abandonar o cigarro sozinho.

Segundo Fiss, cerca de 70% das pessoas que largam o cigarro o fazem por conta própria, apenas reduzindo aos poucos a quantidade ou aumentando o intervalo entre um e outro.

Para os que precisam de suporte adicional, existem três linhas principais de abordagem: a terapia de reposição de nicotina (como adesivos e gomas), medicamentos (como a bupropiona) e a terapia comportamental.

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O tratamento deve ser personalizado. Alguns pacientes vão bem só com adesivo. Outros precisam de adesivo, goma, medicamento oral e acompanhamento psicológico. A terapia comportamental ajuda muito a identificar os gatilhos e a desenvolver estratégias para evitá-los”, esclarece Gilda.

Os efeitos positivos de parar de fumar começam quase imediatamente. “Em 20 minutos, a pressão arterial e a frequência de pulso tendem a voltar ao normal. Após duas horas, já não há mais nicotina circulando no sangue. E em oito horas, os níveis de monóxido de carbono se normalizam”, detalha Paulo.

Depois de um dia, os brônquios começam a funcionar melhor e os pulmões passam a limpar as secreções com mais eficiência. Em 48 horas, o olfato e o paladar já apresentam melhora. Nas semanas seguintes, a pele tende a ficar menos oleosa, mais firme e com aparência mais saudável.

“Em dois a três meses, o pulmão já apresenta uma recuperação funcional. Em nove meses, a tosse diminui bastante. E, a partir de um ano, cai o risco de doenças cardiovasculares como infarto e AVC”, afirma Feitosa.

Segundo ele, nunca é tarde para parar de fumar. “Mesmo quem fuma há muitos anos vai colher benefícios. O organismo começa a se recuperar assim que o cigarro é deixado de lado”, conclui.

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Fonte: Metrópoles

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