Os ex-ministros da Fazenda Maílson da Nóbrega, Luiz Carlos Bresser-Pereira e Rubens Ricupero disseram à CNN serem contra mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) com o objetivo de cumprir a meta fiscal.
A posição dos economistas segue linha semelhante a do atual presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, que afirmou na sexta-feira (23) não ter concordado com a medida anunciada pelo Ministério da Fazenda na semana passada.
“A Constituição dispõe que o IOF é um imposto regulatório, não devendo servir para arrecadação. O melhor seria dar mais atenção à redução de gastos”, disse Rubens Ricupero.
Para Bresser-Pereira, “o ideal seria não usar o IOF para fins fiscais”. Ainda assim, o ex-ministro disse que entende a decisão da gestão atual para tentar trazer equilíbrio às contas públicas.
“As despesas do Estado não param de aumentar e ninguém tem coragem para aumentar os impostos. Assim, os governos são obrigados a adotar medidas não convencionais para diminuir o déficit fiscal, que é imenso”, acrescentou.
Luiz Carlos Bresser-Pereira foi ministro da Fazenda em 1987, enquanto Maílson da Nóbrega o sucedeu e comandou a pasta de 1987 a 1990. Já Rubens Ricupero esteve à frente da Fazenda em 1994.
Depois do anúncio da medida pela Fazenda, Gabriel Galípolo disse que sua opinião contrária a alterações no imposto não é nova e já estava sob conhecimento de Haddad e do governo.
“Em debates passados, quando se discutia o uso do IOF como alternativa para atingir a meta fiscal, eu, pessoalmente, nunca tive muita simpatia pela proposta. Não gostava da ideia”, declarou o presidente do BC, na sexta.
A CNN também apurou que o decreto também não foi bem visto por integrantes da base aliada do governo Lula no Congresso que estão mais ligados à área econômica.
Alguns deputados demonstaram desconforto e insatisfação com a declaração posterior de Haddad, interpretando que o ministro está “culpando” o Legislativo e o Judiciário pelo rombo fiscal.
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