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Jovem com doença no intestino vomitava todo dia: “Achei que era nada”

A doença de Crohn é uma inflamação intestinal crônica que pode afetar profundamente a qualidade de vida dos pacientes. O profissional de marketing digital Jean Gomes da Silva, 28 anos, é um deles. Ele passou de uma pessoa saudável para um jovem frágil, com desnutrição severa, em menos de três anos.

“A doença de Crohn impactou minha vida de uma forma que não podia imaginar. Eu era atleta, fui jogador profissional de futebol. Em um momento você é assim e em outro não consegue correr direito, é uma pessoa doente, está fraco, mais magro do que o normal e seus amigos e parentes te enxergam como uma pessoa debilitada”, lamenta o morador de Santos.

Jean levava um estilo de vida saudável até 2019, quando jogava futebol em um clube de Santos. Mas naquele ano, ele passou a trabalhar como ajudante de pintor em obras e passou a seguir uma alimentação desregrada.

Estava me alimentando mal, tomando muito refrigerante e café, comendo pizza e lanches. Em 2021 almocei uma marmita e tomei um café requentado e, em menos de cinco minutos, minha barriga revirou e eu precisei sair correndo para vomitar”, lembra.

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O jovem conta que nesse momento acendeu um alerta de que algo estava estranho, mas continuou com os mesmos hábitos alimentares. Em pouco tempo os sintomas se agravaram. Ele passou a vomitar duas vezes na semana e tinha refluxo constante.

“Achava que era nada, mas em 2022 o quadro foi se agravando até que eu comecei a emagrecer e estava vomitando até cinco vezes na semana — o meu estômago estava bem irritado. Até que no final do ano eu vomitei a ceia toda e minha família viu”, conta.

Pressionado pela família, o rapaz finalmente procurou um especialista e um exame de endoscopia mostrou úlceras na parede do estômago. Mesmo com medicações, o quadro só piorava e Jean acabou sendo internado com desnutrição severa. Ele tinha passado de 76 quilos para 51 quilos.

No 20º dia de internação, após passar por vários exames, os médicos descobriram que o jovem de Santos tinha uma inflamação no intestino, com suspeita de doença de Crohn. “Quando os médicos falaram sobre essa possibilidade caiu um mundo na minha cabeça. Contei para a família e pesquisei bastante. Queria entender como isso tinha acontecido e o que fazer. Foi uma fase muito difícil”, lembra.

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Jean perdeu 25 quilos antes de ter o diagnóstico correto de doença de Crohn

Jean Gomes da Silva/ Imagens cedidas ao Metrópoles2 de 4

Jean mostra como recuperou o peso entre a primeira internação (esquerda) e após iniciar com os exercícios, em janeiro deste ano

Jean Gomes da Silva/ Imagens cedidas ao Metrópoles3 de 4

Hoje, Jean sente que a saúde está cada vez melhor

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O jovem lembra de ter acordado com o rosto inchado

Jean Gomes da Silva/ Imagens cedidas ao Metrópoles

Doença de Crohn

A doença de Crohn é um quadro inflamatório intestinal crônico que pode atingir pessoas em qualquer idade, apesar de ser mais frequente na população entre 15 e 35 anos.

Ela pode causar inflamações em qualquer parte do tubo digestivo — desde a boca até o ânus — mas as áreas mais afetadas são o final do intestino delgado e o lado direito do intestino grosso (cólon direito). No caso de Jean, a doença foi identificada mais próxima à boca.

A médica gastroenterologista Schiavetti, que atendeu Jean, explica que os pacientes nascem com uma predisposição genética à doença. Alguns podem passar a vida sem nenhuma manifestação ou apresentar os primeiros sintomas a partir de gatilhos ambientais.

“Dieta industrializada, estresse, tabagismo, uso de algumas medicações e antibióticos são alguns dos fatores que somados podem ser gatilhos para que esse gene se manifeste e o processo inflamatório comece”, explica.

O diagnóstico é um desafio, uma vez que os sintomas são frequentemente confundidos com outras condições. Eles podem incluir: dor abdominal, sensação de barriga estufada, cólicas, diarreia, emagrecimento, sensação de esvaziamento incompleto do intestino, flatulência exagerada (gases) e sangue e muco nas fezes.

Mesmo os pacientes com a doença controlada têm perda da qualidade de vida, com o comprometimento social, sexual, financeiro e psicológico. “Se o paciente tem diarreia a sangramento e vai 20 vezes ao banheiro, ele não vai conseguir trabalhar. Se é um paciente jovem, ele não vai conseguir ficar na sala de aula e vai ter dificuldades no estudo”, conta Bianca.

Jean conta que conseguiu recuperar dez quilos no período em que estava internado, mas a doença continuou a progredir. Um mês depois ele acordou com o rosto inchado, teve uma hemorragia gastrointestinal e dois desmaios.

“Saiu sangue nas minhas fezes e eu cheguei na UPA (unidade de Pronto atendimento) quase sem consciência. Quando fui transferido para o hospital, os médicos viram que a taxa de hemoglobina estava em 2,8, quando o normal seria 13”, detalha.

A mudança de vida, com melhor controle dos sintomas e volta à rotina, veio a partir do diagnóstico correto e do início do tratamento contínuo no final de 2023. Jean conta que começou a seguir uma dieta orientada por profissionais, recuperou o peso e passou a se sentir melhor para realizar as tarefas do dia a dia com mais naturalidade.

“Senti uma grande diferença com o tratamento, nem parecia que eu tinha uma doença no intestino. Foi um resultado extraordinário. Eu tenho muita esperança de chegar à remissão”, acredita.

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Fonte: Metrópoles

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