A gestação é um período de muitas transformações no corpo da mulher, tanto físicas quanto hormonais e emocionais. Embora muitas dessas mudanças sejam fisiológicas, algumas condições de saúde podem surgir ou se agravar e demandar cuidado especial.
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listam os problemas de saúde mais comuns durante a gravidez. Confira:
1 – Pressão alta (hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia)
A hipertensão costuma surgir após a 28ª semana de gestação, geralmente por alterações nos vasos sanguíneos e na adaptação da placenta. Se não controlada, pode evoluir para pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, quadro mais grave que oferece riscos à mãe e ao bebê.
“Essa condição pode ser prevenida através de medicamentos específicos e suplementação de cálcio em mulheres que tenham risco”, afirma a ginecologista e obstetra Ludmila Bercaire, que atua em São Paulo.
2 – Anemia
A necessidade de ferro aumenta na gravidez por conta do maior volume de sangue e da formação das hemácias fetais. Quando a alimentação não supre essa demanda ou há dificuldade de absorção, a gestante pode desenvolver anemia. Os principais sintomas são cansaço, palidez e falta de ar.
3 – Diabetes gestacional
Algumas mulheres desenvolvem resistência à insulina devido aos hormônios da placenta. Isso leva ao aumento da glicose no sangue, principalmente no segundo ou terceiro trimestre.
“Embora muitas vezes seja assintomática, a condição pode trazer riscos à mãe e ao bebê se não for tratada. Por isso, todas as gestantes devem ser rastreadas entre a 24ª e a 28ª semana”, orienta Ludmila.
4 – Infecções urinárias
São mais frequentes durante a gestação devido à dilatação das vias urinárias e à menor motilidade da bexiga. Muitas vezes não apresentam sintomas, mas, se não tratadas, podem causar parto prematuro. “Exames regulares de urina são fundamentais para detectar essas infecções precocemente”, alerta a médica.
5 – Hemorroidas
As hemorroidas são dilatações nas veias da região anal, favorecidas por alterações hormonais, aumento do volume sanguíneo e pela pressão do útero em crescimento. Elas podem causar dor, coceira e até sangramento.
O tratamento costuma focar no alívio dos sintomas, utilizando banhos de assento morno, pomadas adequadas e, se necessário, intervenção médica.
“Para prevenir, recomenda-se uma dieta rica em fibras, boa hidratação, evitar longos períodos sentada ou em pé e praticar exercícios adequados à gestação”, explica a coloproctologista Aline Amaro, de Brasília.
6 – Fissuras anais e constipação
As fissuras são cortes na mucosa do ânus, geralmente causadas por constipação, muito comum na gravidez. A causa está relacionada à ação da progesterona, que reduz os movimentos intestinais, e ao aumento da pressão abdominal.
“O tratamento pode incluir ajustes na dieta, laxantes leves, banhos de assento mornos e pomadas cicatrizantes. Em casos mais resistentes, é fundamental consultar o médico para avaliar alternativas seguras”, afirma o coloproctologista Danilo Munhóz, da clínica DuoProcto, em Brasília.
7 – Varizes
Durante a gravidez, o aumento do volume de sangue e a compressão das veias pélvicas pelo útero favorecem o aparecimento de varizes nas pernas.
“Elas podem causar dor, inchaço e sensação de peso. Caminhadas leves, elevação das pernas e o uso de meias de compressão são medidas eficazes para aliviar os sintomas”, orienta o angiologista Rodolpho Reis.
Quando procurar ajuda médica?
É fundamental que a gestante saiba reconhecer situações que exigem atenção urgente. Segundo a ginecologista Ludmila Bercaire, os principais sinais de alerta incluem:
- Sangramento vaginal em qualquer fase da gestação;
- Dor abdominal intensa e persistente;
- Contrações regulares antes das 37 semanas;
- Ausência de movimentos fetais percebidos após a 20ª semana;
- Sinais de infecção urinária ou sistêmica;
- Inchaço súbito acompanhado de dor de cabeça forte ou visão embaçada;
- Corrimento com odor fétido ou alteração de coloração.
A profissional afirma que o acompanhamento pré-natal regular, aliado à informação de qualidade, é a melhor ferramenta para prevenir e detectar precocemente qualquer alteração.
“Cada gestação é única, e embora muitas mudanças sejam naturais, é importante não ignorar os sinais do corpo. Em caso de dúvida, o melhor caminho sempre será procurar o profissional de saúde de confiança”, orienta a médica.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e no Canal do Whatsapp e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Fonte: Metrópoles