O senador e ex-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), afirmou durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (23), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava “abatido” após a derrota eleitoral em 2022, mas que nunca ouviu falar em uma “ruptura do status quo”.
O depoimento de Mourão acontece em meio ao processo criminal que apura a tentativa de um golpe de Estado. Ele foi ouvido a pedido da defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
“Tentei conversar com o presidente na noite da eleição, mas ele ainda estava abatido. No dia seguinte, estivemos reunidos no Planalto para discutir a situação de transição. Tive alguns encontros com Bolsonaro e posteriormente na biblioteca do Alvorada”, afirmou o ex-vice-presidente.
“Em nenhum momento ele mencionou qualquer medida que mencionasse algum tipo de ruptura do status quo, em nenhuma medida. Nossas conversas eram todas para aquela fase de transição”, completou.
“Plano sem pé nem cabeça”
Ao longo da investigação, o senador já comentou algumas vezes o caso, chegando a classificá-lo, inclusive, de “plano sem pé nem cabeça”.
Quando os detalhes começaram a ser divulgados pelo STF, ele afirmou que não enxergava crime em “escrever bobagem”.
“Nós temos um grupo de militares pequeno… A maioria militares da reserva que, em tese, montaram um plano sem pé nem cabeça. Não consigo nem imaginar como uma tentativa de golpe”, disse em entrevista ao podcast “Bom dia Mourão”, em novembro do ano passado.
O senador já chegou a se referir pessoalmente ao presidente argentino, Javier Milei, solicitando que concedesse refúgio político aos brasileiros condenados e investigados por envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Mesmo tento sido vice-presidente durante o mandato de Bolsonaro, Mourão não foi citado na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Como foi indicado pelos advogados do ex-presidente, de Paulo Sérgio Nogueira e de Walter Braga Netto, também poderá ser questionado por essas defesas.