Michaela Peacock, de 35 anos, entrou em estado de alerta quando sua cabeleireira percebeu que uma mancha no couro cabeludo dela havia crescido desde a última visita ao salão de beleza. A confirmação da profissional foi o que faltava para levar a enfermeira inglesa a procurar um médico e ser diagnosticada com um câncer de pele grave.
A pinta, escondida sob os cabelos, passou despercebida, provavelmente por semanas, até uma noite em que o marido de Michaela fazia cafuné nela enquanto assistiam televisão. Ao notar o nódulo, os dois tentaram lembrar quando ele surgiu e começaram a monitorar a pinta.
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Como saber se minha pinta é um melanoma?
- O melanoma é o tipo mais agressivo de câncer de pele: ele afeta as camadas mais profundas, podendo levar a metástases e quadros mais graves que o câncer comum. Em 90% dos casos, o tumor é fruto do excesso de exposição solar.
- O câncer de pele se origina nos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina, o pigmento que dá cor à pele. Identificar precocemente o melanoma é fundamental para um tratamento eficaz.
Para auxiliar na identificação de lesões suspeitas, é muito comum utilizar a regra ABCDE, que analisa cinco características principais das pintas e manchas na pele que são cancerígenas.
- Assimetria: pintas que geralmente têm formas irregulares.
- Bordas: melanomas apresentam bordas irregulares ou borradas.
- Cor: a cor de um melanoma pode variar dentro da mesma pinta, apresentando diferentes tons de marrom, preto, azul, vermelho ou branco. Pintas normais geralmente têm uma única cor uniforme.
- Diâmetro: melanomas costumam ser maiores que 6 mm (aproximadamente o tamanho de um grão de arroz) quando diagnosticados. Pintas benignas geralmente são menores.
- Evolução: qualquer alteração em uma pinta existente, em termos de tamanho, forma, cor, ou sintomas como coceira ou sangramento, pode ser um sinal de melanoma. Pintas benignas geralmente permanecem inalteradas ao longo do tempo.
Após perguntar a familiares e amigos, Michaela decidiu ir à sua cabeleireira regular, que provavelmente conhecia o couro cabeludo dela melhor que ninguém. Foi ela que confirmou que a mancha estava mais escura e maior desde a última vez que as duas tinham se visto.
Os médicos que atenderam a mulher acreditam que o câncer de pele deve ter aparecido na região protegida pelos cabelos pois Michaela usou câmaras de bronzeamento várias vezes na adolescência.
Michaela tirou a dúvida sobre a mancha com a cabeleireira
Diagnóstico após investigação médica
Michaela foi orientada a tirar a pinta em janeiro deste ano. A coloração irregular e o pigmento central escuro causaram preocupação nos especialistas e, após uma biópsia, os médicos descobriram que se tratava de um melanoma em estado inicial no couro cabeludo.
Após o diagnóstico, Michaela decidiu investigar outras pintas que tinha no corpo e ainda aguarda o resultado da análise. Enquanto isso, a enfermeira decidiu falar sobre a experiência publicamente para incentivar a prevenção e o uso regular de filtro solar.
Em suas redes sociais, a jovem conta que evita sair de casa sem proteção solar fator 50, chapéu e óculos escuros. Desde o diagnóstico, ela vive com medo constante da exposição solar. “Você meio que sente vontade de virar um vampiro”, descreveu.
“Tenho muita sorte de ter descoberto meu melanoma precocemente, mas ele me tornou uma pessoa que tem medo, muito atenta a qualquer pintinha na pele. Gostaria que todos pudessemos tomar cuidado e verificar mais nosso corpo. Isso pode salvar sua vida!”, afirma.
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O câncer de pele é o tipo de alteração cancerígena mais incidente no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A enfermidade pode aparecer em qualquer parte do corpo e, quando identificada precocemente, apresenta boas chances de cura
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A exposição solar exagerada e desprotegida ao longo da vida, além dos episódios de queimadura solar, é o principal fator de risco do câncer de pele. Segundo o Inca, existem diversos tipos da doença, que geralmente são classificados como melanoma e não-melanoma
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Os casos de não-melanoma são mais frequentes e apresentam altos percentuais de cura. Além disso, esse é o tipo mais comum em pessoas com mais de 40 anos e de pele clara
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O melanoma, por sua vez, tem menos casos registrados e é mais grave, devido à possibilidade de se espalhar para outras partes do corpo. Por isso é importante fazer visitas periódicas ao dermatologista e questionar sobre sinais suspeitos
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Apesar de ser um problema de saúde que pode afetar qualquer pessoa, há perfis que são mais propensos ao desenvolvimento do câncer de pele, tais como: ter pele, cabelos e olhos claros, histórico familiar da doença, ser portador de múltiplas pintas pelo corpo, ser paciente imunossuprimido e/ou transplantado
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Segundo especialistas, é importante investigar sempre que um sinal ou pinta apresentar assimetria, borda áspera ou irregular, duas ou mais cores, ter diâmetro superior a seis milímetros, ou mudar de tamanho com o tempo. Todos esses indícios podem indicar a presença de um melanoma
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Os primeiros sinais de não-melanona tendem a ter aparência de um caroço, mancha ou ferida descolorida que não cicatriza e continua a crescer. Além disso, pode ter ainda aparência lisa e brilhante e/ou ser parecido com uma verruga
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O sinal pode causar coceira, crostas, erosões ou sangramento ao longo de semanas ou até mesmo anos. Na maioria dos casos, esse câncer é vermelho e firme e pode se tornar uma úlcera. As marcas são parecidas com cicatrizes e tendem a ser achatadas e escamosas
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O câncer de pele geralmente aparece em partes do corpo onde há maior exposição ao sol, estando muito associada à proteção inadequada com filtros solares
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De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o não-melanona tende a ser completamente curado quando detectado precocemente. Ele raramente se desenvolve para outras partes do corpo, mas se não for identificado a tempo, pode ir para camadas mais profundas da pele, dificultando o tratamento
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O diagnóstico do câncer de pele é feito pelo dermatologista por meio de exame clínico. Em determinadas situações, pode ser necessária a realização do exame conhecido como “Dermatoscopia”, que consiste em usar um aparelho que permite visualizar camadas da pele não vistas a olho nu. Em situações mais específicas é necessário fazer a biópsia
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Segundo o Ministério da Saúde, “a cirurgia oncológica é o tratamento mais indicado para tratar o câncer de pele para a retirada da lesão, que, em estágios iniciais, pode ser realizada sem internação”
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Ainda segundo a pasta, “nos casos mais avançados, porém, o tratamento vai variar de acordo com a condição em que se encontra o tumor, podendo ser indicadas, além de cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia”
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Entre as recomendações para a prevenção do câncer de pele estão: evitar exposição ao sol, utilizar óculos de sol com proteção UV, bem como sombrinhas, guarda-sol, chapéus de abas largas e roupas que protegem o corpo. Além, é claro, do uso diário de filtro solar com fator de proteção solar (FPS) 15 ou mais
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Autoexame pode salvar vidas
Segundo a dermatologista Mayla Carbone, de São Paulo, observar alterações na pele é essencial para a detecção precoce de doenças. O autoexame é considerado uma ferramenta vital para identificar mudanças suspeitas.
“Somente o paciente pode identificar quais pintas e manchas existem em sua pele desde a infância ou apareceram ao longo dos anos. Portanto, o autoexame é de extrema importância, pois também permite detectar se essas lesões sofreram alterações com o tempo”, destaca a dermatologista.
Como reduzir o risco de câncer de pele?
A adoção de medidas simples — como uso de protetor solar, roupas adequadas e atenção ao tempo de exposição — pode reduzir significativamente os riscos de desenvolver câncer de pele. A cada 10 casos de melanoma, 9 estão vinculados à exposição solar.
Observar alterações incomuns na pele, como pintas novas ou mudanças em características existentes, também é importante. Sinais e manchas atípicas devem ser avaliados por profissionais de saúde. O Cancer Research UK recomenda três medidas essenciais que você pode tomar para reduzir o risco de câncer de pele:
- Fique na sombra: tome cuidado extra ao se expor ao sol entre 11h e 15h, quando os raios UV do sol estão mais fortes.
- Cubra-se com roupas: use chapéu de abas largas, óculos de sol com proteção UV e roupas mais largas que cubram os ombros.
- Aplique protetor solar regularmente: use generosamente protetor solar com FPS 30, no mínimo. Lembre-se de repor se estiver suando ou se tiver entrado na água.
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Fonte: Metrópoles