Nany People celebra mudança de nome e exalta a resistência do teatro

A atriz, humorista e apresentadora Nany People está prestes a lançar sua segunda biografia, intitulada Ser Mulher Não É Para Qualquer Um — A Saga Continua. O novo livro surge dez anos após o primeiro e marca uma nova fase da artista, que, aos 60 anos — 50 dedicados à carreira — celebra uma década de reinvenções e conquistas.

Em entrevista ao Metrópoles, Nany falou sobre o processo de redescoberta de si mesma e, principalmente, sobre a ressignificação de sua identidade: “Não se nasce mulher, torna-se. Além de se tornar, precisa se manter”, diz.

O nome do livro reforça essa convicção e, como Nany conta, traduz seu caminho de afirmação como mulher e artista. “Acho que sou literalmente a versão da música do Gil: ‘Minha porção mulher, que até então se resguardara, é a porção melhor que trago em mim agora. É que me faz viver’”, disse, emocionada.

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Nany enfatiza que a primeira biografia era marcada por um tom mais reativo, ao narrar as superações até os 50 anos. Agora, a proposta é outra: “Quando todo mundo está aposentado, jogando a toalha, eu tô me reinventando. Fiz quatro solos nessa década, atravessei a pandemia brilhantemente, graças a Deus não me contaminei e me reinventei mesmo. Estou viajando pelo mundo com cinco solos”.

A atriz também destacou o quanto essa fase simboliza a liberdade de romper com limitações impostas socialmente, especialmente relacionadas à idade. “Ninguém tem o direito de dizer a você qual é o seu limite, o que é ou não para sua idade”, garante.

Adequação do nome

No livro, Nany People dedica um capítulo inteiro à importância do nome social, tema que ela aborda com profundidade também na entrevista. Para ela, esse processo não é apenas uma questão burocrática, mas representa uma conquista social e emocional.

“É uma paz de espírito muito grande”, define. A atriz e humorista relembra que, durante anos, viveu o desconforto de ter que apresentar documentos que não condiziam com sua identidade de gênero. “Às vezes você está viajando, chegava no hotel, por exemplo, e tinha que entregar o documento com aquele sorrisinho da Monalisa… Era constrangedor”.

Essa realidade começou a mudar a partir de 2016, quando o Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito de pessoas trans alterarem nome e gênero nos documentos, mesmo sem a necessidade de cirurgia ou decisão judicial. Nany conta que esse momento foi um divisor de águas em sua trajetória.

“Quando isso aconteceu, que saiu a certidão de nascimento de novo com o nome de Nany People, eu saí aos prantos, feliz, porque é como se tivessem tirado o peso das minhas costas. Era como se eu estivesse nascendo de novo”, conta.

Nany também reconhece que teve um privilégio que muitas pessoas trans não possuem: o apoio incondicional da família, em especial de sua mãe. “Minha mãe brigou com a cidade, com a sociedade, para me fazer ser quem eu sou”, relembra.

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Revisitando histórias

Nany revelou que, ao contrário do primeiro, não deixou o sofrimento ser protagonista da nova biografia.  “Eu não sou a pessoa que sofre, muito menos que sofria. Acho que é por sobrevivência. Você fecha a conta de onde tem que fechar, porque se você não segue com a vida, a vida segue sem você”, refletiu.

Ainda assim, reconheceu que algumas perdas relatados no livro foram marcantes, como a morte de seu cachorro, em 2016, e de uma amiga querida em Curitiba, que faleceu após um transplante de fígado.

“Você leva um sopapo da vida. Eu estava indo para Fortaleza fazer show, fui ao velório dela, voltei, deitei para dormir e acordei sem voz. Vai para o médico, faz exames, e o diagnóstico: não é físico, é emocional. São essas perdas que a vida vai te dando e você aprende que, mesmo a vida estando incompleta, tem que continuar”, desabafou.

O teatro vive

Nany também declarou seu amor ao teatro, trabalho que ela considera um refúgio. “Eu não faço terapia, eu faço teatro. Eu não gasto com terapeuta, eu gasto com aluguel de teatro”, brincou.

Sobre o atual momento do teatro no Brasil, Nany se mostrou otimista: “Graças a Deus, esse ano e ano passado a coisa deu um ‘boom’ de volta. O teatro é o mercado de arte mais antigo, mais antigo que o cristianismo. Acho que é o que menos se prostituiu para a história, porque, diferente das outras artes, ele nunca dependeu de um mecenas para existir”.

A atriz destacou ainda a função catártica do teatro, que, segundo ela, é o que o diferencia das demais expressões artísticas. “Além de informar e entreter, ele te dá uma coisa que os gregos inventaram: a catarse. É você olhar uma coisa e pensar: ‘Isso acontece comigo’. O teatro me salvou e continua me salvando”, completou.



Fonte: Metrópoles

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