Desde que assumiu o papel de Heleninha Roitman no remake de “Vale Tudo”, Paolla Oliveira vem sendo alvo de muitas críticas — e de muitos elogios também. Não dá para negar que a personagem, imortalizada por Renata Sorrah, é um desafio e tanto: exige nuances profundas, especialmente na construção das cenas em que o alcoolismo domina as atitudes e emoções da personagem.
Entre os pontos mais criticados está justamente a forma como Paolla imprime seus trejeitos: repetição de expressões, exagero em algumas caras e bocas e uma certa artificialidade nos momentos em que Heleninha está alcoolizada. Para alguns espectadores, a atriz soa caricata, com uma interpretação que, por vezes, parece mais preocupada em “mostrar” a bebedeira do que em senti-la de forma orgânica.
E gosto é mesmo algo subjetivo. Eu, por exemplo, também percebo essa oscilação: há cenas em que Paolla parece mecanicamente performar uma pessoa alcoolizada, reforçando estereótipos. Por outro lado, em outras sequências, ela simplesmente brilha. A cena exibida nesta terça-feira (27) em que Heleninha bebe sozinha e sofre após uma briga com Ivan (Renato Góes) foi, para mim, um desses momentos raros e impactantes, em que Paolla entregou uma atuação contida, dolorida e completamente entregue à personagem. Ali, não havia espaço para a caricatura: só a dor crua, exposta. Ela estava espetacular.
Enquanto alguns espectadores acusam a atriz de forçar a mão, outros exaltam sua entrega e a emoção que transmite. Para mim, Paolla Oliveira é o tipo de atriz que emociona, encanta e prende o telespectador. Deu pra sentir a agonia do conflito interno da Heleninha com o álcool.
O fato é que poucos personagens da teledramaturgia brasileira exigem tanto de quem os interpreta quanto Heleninha: é um papel que transita entre a fragilidade extrema, a impulsividade e o caos emocional — muitas vezes, tudo isso em uma mesma cena.
Paolla, com sua interpretação, talvez não alcance unanimidade, mas cumpre a função principal de quem encarna uma personagem tão complexa: provoca, movimenta e gera conversa. Para alguns, é exagerada; para outros, visceral. E, goste-se ou não, Paolla está marcando seu espaço nesse remake. No fim, é como toda boa arte: divide, provoca e, acima de tudo, não passa despercebida.
Fonte: Portal LEODIAS