Saiba riscos da hepatite A, que vive novo boom de casos no Brasil

Embora os dados consolidados de 2024 ainda não tenham sido divulgados, o crescimento de casos de hepatite A entre adultos no Brasil que vem sendo observado desde 2023 já bastou para o Ministério da Saúde decidir ampliar a faixa de público que pode ter acesso à vacina contra a infecção viral.

O foco dos casos agora é na população adulta. Nas últimas décadas, crianças com pouco acesso a redes de saneamento básico costumavam ser o público mais vulnerável à doença, que tem como principal forma de transmissão a fecal-oral.

Nos últimos anos, porém, a transmissão sexual, especialmente no sexo anal, ganhou protagonismo como vetor. Atualmente, homens adultos são os principais afetados, representando 69,5% dos infectados em 2023 (dado mais recente).

“Estamos percebendo um grande aumento nos casos, mas o que preocupa mesmo é a gravidade deles”, relata a hepatologista Cláudia Pontes Ivantes, do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba. “A hepatite A, antigamente, se manifestava em geral nas crianças, de forma leve. E, em 99,9% dos casos, o paciente ficava curado. Agora, o perfil mudou. Ela está atingindo adultos jovens, com alguns casos evoluindo para forma grave e até óbito. Entre os graves, alguns precisam de transplante de fígado”, alerta.

Transmissão por via sexual em evidência

A mudança de perfil levou o governo federal a expandir a oferta da vacina contra a hepatite A. Desde sexta-feira (2/5), as doses passaram a ser recomendadas não só para menores de quatro anos, mas também a quem utiliza a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV, medicamento usado para prevenção do vírus.

A medida visa conter surtos em um novo grupo de risco. “Essa mudança de público tem um impacto na gravidade da doença, pois os casos graves acontecem, em geral, em adultos. Com essa ampliação, vamos conseguir reduzir os riscos de internação, casos graves e óbitos por Hepatite A no SUS, protegendo a população”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

A meta do governo é vacinar 80% dos mais de 120 mil usuários da PrEP no país. A imunização será feita com duas doses, com seis meses de intervalo. A aplicação ocorrerá nos serviços de saúde onde o medicamento é distribuído.


Quem pode vacinar contra a hepatite A?

  • A vacina contra a hepatite A previne a maioria de casos graves da doença em todas as idades.
  • Podem se vacinar contra ela pelo SUS com apenas uma dose crianças menores de 4 anos e, agora, usuários de PrEP.
  • Pessoas com doenças crônicas do fígado, HIV, condições imunossupressoras crônicas e transplantados também já tinham direito à vacina gratuita pelo SUS e recebem duas doses.
  • Entre os demais adultos, é preciso procurar a imunização na rede privada.

A hepatite A

A hepatite A é causada por um vírus transmitido principalmente pela via fecal-oral, mas práticas sexuais também podem representar risco. Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o aumento de casos por essa via em países com baixa endemicidade.

Muitas vezes, o indivíduo contaminado não apresenta sintomas e quando os primeiros aparecem, são inespecíficos. Com sinais como fadiga, febre, náuseas e icterícia, a infecção pode passar despercebida inicialmente, o que torna a transmissão sexual ainda mais perigosa.

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A hepatite A é causada por um vírus que pode ser transmitido pelo ato sexual ou pelo consumo de água e alimentos contaminados. O diagnóstico é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais

Não há tratamento específico para a hepatite A, por isso, deve-se evitar a automedicação. Apesar disso, existe vacina eficaz contra a doença. Entre os principais sintomas dessa tipagem estão: náusea sem motivo aparente, febre baixa, perda de apetite, dor abdominal e fadiga
A hepatite B também é causada por um vírus e pode ser transmitida por compartilhamento de objetos pessoais, ao realizar tatuagens e procedimentos cirúrgicos sem a devida higiene, durante relação sexual, entre outros. Entre os principais sintomas estão: amarelamento dos olhos, dor abdominal e urina escura
Já na hepatite B, o fígado pode apresentar um quadro de inflamação persistente e há risco de a doença evoluir para cirrose hepática. Ela pode ser identificada através de exames laboratoriais. Na maioria dos casos, pode ser tratada com medicamentos antivirais que impedem a multiplicação do vírus e retardam ou melhoram a evolução da doença
A hepatite C, também causada por vírus, tem meio de transmissão semelhante a hepatite B. Contudo, a hepatite C tem cura em mais de 95% dos casos e há tratamento disponível com medicamentos por via oral. Entre os sintomas estão fadiga, perda do apetite, náuseas, amarelamento dos olhos ou pele
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A hepatite é a inflamação do fígado. Ela pode ser causada por vírus, bactérias, uso excessivo de medicamentos ou consumo de bebida alcoólica. Existem cinco tipos de hepatite: A, B, C, D e E. No entanto, no Brasil, os tipos A, B e C são os mais comuns

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A hepatite A é causada por um vírus que pode ser transmitido pelo ato sexual ou pelo consumo de água e alimentos contaminados. O diagnóstico é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais

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Não há tratamento específico para a hepatite A, por isso, deve-se evitar a automedicação. Apesar disso, existe vacina eficaz contra a doença. Entre os principais sintomas dessa tipagem estão: náusea sem motivo aparente, febre baixa, perda de apetite, dor abdominal e fadiga

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A hepatite B também é causada por um vírus e pode ser transmitida por compartilhamento de objetos pessoais, ao realizar tatuagens e procedimentos cirúrgicos sem a devida higiene, durante relação sexual, entre outros. Entre os principais sintomas estão: amarelamento dos olhos, dor abdominal e urina escura

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Já na hepatite B, o fígado pode apresentar um quadro de inflamação persistente e há risco de a doença evoluir para cirrose hepática. Ela pode ser identificada através de exames laboratoriais. Na maioria dos casos, pode ser tratada com medicamentos antivirais que impedem a multiplicação do vírus e retardam ou melhoram a evolução da doença

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A hepatite C, também causada por vírus, tem meio de transmissão semelhante a hepatite B. Contudo, a hepatite C tem cura em mais de 95% dos casos e há tratamento disponível com medicamentos por via oral. Entre os sintomas estão fadiga, perda do apetite, náuseas, amarelamento dos olhos ou pele

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A hepatite D, também conhecida como hepatite Delta, é causada pelo vírus HDV (Vírus RNA, que precisa do vírus causador da hepatite B para que a infecção ocorra). Está presente no sangue e secreções e pode ser transmitido assim como no caso das hepatites B e C

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A hepatite D pode causar dores abdominais, cansaço e náuseas. O diagnóstico da doença deve ser feito através de exames clínicos e epidemiológicos

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A hepatite E, causada pela vírus VHE, é transmitida por via fecal-oral, ou seja, pelo consumo de água ou alimentos contaminados. Na maioria dos casos, essa versão da doença tem cura. Os sintomas incluem falta de apetite, náuseas e amarelamento da pele. Em casos raros, a doença pode progredir para insuficiência hepática aguda

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Independentemente da vacina, indicada para todos os casos, algumas recomendações são fundamentais para a prevenção das hepatites virais. São elas: lavar as mãos após a utilização de sanitários, lavar alimentos com água tratada, clorada ou fervida, cozinhar bem os alimentos e não tomar banho em água não tratada ou próxima a esgotos

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Além disso, utilizar preservativos, não compartilhar seringas ou materiais de uso pessoal e certificar-se de que protocolos de biossegurança são cumpridos antes de submeter-se a tatuagens, piercings, tratamentos odontológicos e procedimentos cirúrgicos pode ajudar a evitar a doença

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Além dessas, existe ainda a hepatite alcoólica, causada pelo consumo abusivo e prolongado de álcool. A hepatite medicamentosa, que causa inflamação no fígado após uso indiscriminado de medicamentos, e a Esteato-hepatite, por exemplo, que surge devido ao acúmulo de gordura no fígado

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Em casos mais leves, a doença pode desaparecer sozinha. Mas em certas tipagens é necessário o uso de medicamentos antivirais ou outros cuidados específicos

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Recentemente, diversas crianças com idades entre um mês e 16 anos foram diagnosticadas com hepatite aguda em países da Europa e nos EUA. A gravidade da doença levou 17 crianças a passarem por transplantes de fígado e uma delas morreu

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Os misteriosos casos de inflamação grave do fígado ainda não têm causa definida, mas evidências apontam para a infecção pelo adenovírus 41F

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“O vírus tem um período de incubação que varia de 15 dias a 2 meses, geralmente com os sintomas aparecendo só depois do primeiro mês. Com isso, a pessoa passa até 30 dias transmitindo a doença sem se dar conta”, explica a hepatologista Liliana Mendes, do Hospital DF Star, em Brasília.

Na maioria dos casos, a hepatite A se resolve em até seis meses, sem necessidade de medicação específica. No entanto, pode evoluir para formas graves, como hepatite fulminante, mais comum em adultos e que exige transplante de fígado.

Prevenção depende de higiene e imunização

Além da vacinação, medidas de higiene são fundamentais. Lavar as mãos, cozinhar bem os alimentos e higienizar frutas e verduras são práticas essenciais para evitar o contágio.

Também é recomendado o uso de preservativos durante o sexo, especialmente o anal, e a atenção redobrada com o consumo de água potável em viagens.

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Fonte: Metrópoles

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