Uma nova gravação revelada na última sexta-feira (24) trouxe um elemento-chave para as investigações sobre a morte de Kauã dos Santos, de 18 anos, atingido por um disparo da Polícia Militar no bairro da Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo.
O vídeo, obtido pela CNN com a família do jovem, mostra um dos policiais dizendo “vira, vira, vira” ao colega durante a ação, instantes antes do disparo que matou Kauã em novembro de 2024.
Veja o vídeo:
A fala, registrada pelas câmeras corporais dos próprios agentes, levantou suspeitas sobre a conduta dos PMs e motivou questionamentos quanto à transparência da abordagem. A Defensoria Pública de São Paulo já havia contestado a versão apresentada pelos policiais, que alegam que o jovem estava armado e tentou fugir. No entanto, segundo a Defensoria, imagens analisadas e depoimentos de testemunhas indicam que Kauã não portava arma.
Policiais seguem afastados
A Secretaria de Segurança Pública informou que o Inquérito Policial Militar (IPM) foi concluído e encaminhado ao Poder Judiciário. Os policiais envolvidos permanecem afastados das ruas. Em paralelo, a Polícia Civil investiga o caso por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A apuração segue sob sigilo e visa esclarecer todas as circunstâncias da ocorrência.
Nos registros das câmeras, é possível observar o momento em que um dos policiais faz o alerta verbal ao colega. Pouco depois, há uma mudança no posicionamento do equipamento, o que tem sido interpretado como uma tentativa de reduzir o campo de visão da gravação.
Contradições
A versão inicial apresentada pela Polícia Militar dizia que Kauã teria reagido à abordagem e sacado uma arma, o que, segundo a corporação, motivou o disparo. A Defensoria Pública, no entanto, afirma que até o momento não há qualquer prova de que o jovem estivesse armado.
“Não há, até o momento, qualquer imagem que comprove que Kauã estivesse portando arma de fogo ou que tenha feito qualquer movimento que configurasse ameaça à integridade dos policiais”, afirmou o órgão em nota.
A Defensoria solicitou acesso completo às imagens e documentos que integram o inquérito policial. O laudo da perícia oficial ainda não foi divulgado.