A tensão entre o Irã e o Ocidente escala novamente após declarações do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Rafael Grossi alertou que o Irã poderia retomar o enriquecimento de urânio “em questão de meses”, contradizendo afirmações anteriores dos Estados Unidos sobre a destruição do programa nuclear iraniano. Segundo o analista sênior de Internacional da CNN Américo Martins, a AIEA é a “fonte mais confiável” no conflito entre Israel e Irã.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã anunciou nesta segunda-feira (30) que o país não pode continuar a cooperação com a AIEA devido a questões de segurança. Teheran criticou a decisão do presidente americano Donald Trump de manter as sanções contra o país e expressou desconfiança nas negociações com os EUA.
Impasse nas negociações
O Irã insiste que só retomará as negociações sobre seu programa nuclear caso receba garantias firmes de que não será atacado novamente. O país cita a instabilidade nas relações com os EUA, mencionando as mudanças frequentes de posicionamento do presidente Trump como um obstáculo para o diálogo.
A suspensão da cooperação com a AIEA levanta preocupações sobre a possibilidade de o Irã retomar seu programa nuclear secreto. Sem o monitoramento da agência da ONU, torna-se difícil para a comunidade internacional acompanhar as atividades nucleares iranianas.
Guerra de narrativas
O conflito entre Irã e Estados Unidos tem sido marcado por versões contraditórias sobre o estado atual do programa nuclear iraniano. Enquanto os EUA afirmam ter “obliterado” as instalações nucleares do Irã, Teheran nega tais alegações.
Neste cenário, as declarações de Rafael Grossi ganham relevância por representarem uma fonte mais neutra e confiável. O diretor da AIEA enfatiza a importância de manter o monitoramento das atividades nucleares iranianas e alerta para os riscos de um possível retorno ao enriquecimento de urânio em curto prazo.
A comunidade internacional agora enfrenta o desafio de encontrar um caminho diplomático para retomar as negociações e garantir a transparência do programa nuclear iraniano, em um contexto de crescente desconfiança entre as partes envolvidas.