Pelo menos 24 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos após disparos israelenses perto de um ponto de distribuição de alimentos no sul da Faixa de Gaza nesta terça-feira (3), informou o ministério da Saúde do enclave.
O Exército israelense afirmou que suas forças abriram fogo contra um grupo de indivíduos que haviam deixado as rotas de acesso designadas perto do centro de distribuição em Rafah.
As mortes ocorreram horas depois de Israel anunciar que três de seus soldados foram mortos em combates no norte da Faixa de Gaza, enquanto suas forças prosseguiam com uma ofensiva de meses contra militantes do Hamas, que devastou grande parte do enclave.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os relatos no norte e no sul de Gaza.
A Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos EUA, inaugurou seus primeiros locais de distribuição na semana passada, em um esforço para aliviar a fome entre a população de Gaza que, em grande parte, teve que abandonar suas casas para fugir dos combates.
O plano de ajuda da Fundação, que ignora grupos de ajuda tradicionais, tem sido duramente criticado pelas Nações Unidas e por instituições de caridade estabelecidas, que afirmam que ele não segue os princípios humanitários.
O grupo privado, apoiado por Israel, afirmou ter distribuído 21 caminhões de alimentos na manhã de terça-feira e que a operação de ajuda foi “conduzida com segurança e sem incidentes no local”.
No entanto, houve relatos de repetidos assassinatos perto de Rafah, enquanto multidões se aglomeravam desesperadamente para obter suprimentos.
No domingo (1°), autoridades palestinas e internacionais relataram que pelo menos 31 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas. Na segunda-feira (2), mais três palestinos teriam sido mortos por disparos israelenses.
Israel negou ter atacado civis que se reuniam para receber ajuda e classificou os relatos de mortes durante a distribuição de domingo como “invenções” do Hamas.
Nesta terça-feira, o grupo afirmou que as Forças de Defesa de Israel identificaram “vários suspeitos” se movendo em sua direção enquanto se desviavam das rotas de acesso.
“As forças dispararam tiros evasivos e, como não se afastaram, tiros adicionais foram disparados perto dos suspeitos que avançavam em direção às forças”, afirmou.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, disse na segunda-feira estar “consternado” com os relatos de palestinos mortos e feridos enquanto buscavam ajuda e pediu uma investigação independente.