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Câncer de próstata: oncologista sugere tratar doença como crônica

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Câncer de próstata: oncologista sugere tratar doença como crônica

O principal desejo do homem que descobre ter câncer de próstata é alcançar a cura. Este objetivo, porém, nem sempre é plausível. Mas conviver a longo prazo com o tumor não precisa ser sinônimo de uma vida sofrida. Ao contrário: controlar as doenças avançadas a ponto de torná-las crônicas é um dos principais focos das pesquisas médicas atuais.

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A defesa da abordagem do câncer como um tratamento permanente é feita por um dos maiores especialistas em câncer de próstata do mundo, o oncologista português Pedro Barata, que atua no Cleveland Center, em Ohio.

“As inovações terapêuticas que temos ainda não nos permitem curar o câncer de próstata quando ele já alcançou níveis metastáticos, mas permitiram aumentar muito a expectativa de vida dos pacientes. Nos tumores avançados, conseguir controlar a doença para que ela pare de se expandir e até regrida um pouco, mesmo que não cheguemos ao nível de zero tumores, seria transformar o paciente em alguém que trata uma doença crônica, o que poderia ser revolucionário. Pense, por exemplo, nos avanços que tivemos com a população com HIV ao conseguir chegar neste estágio”, explica o médico em entrevista ao Metrópoles.

Câncer de próstata

Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que ao menos 70 mil pessoas são diagnosticadas todos os anos com câncer de próstata no Brasil. Os pacientes vivem, em média, cinco anos após a descoberta da doença metastática. O objetivo é prolongar os anos de vida sem tumores ou com eles controlados, sem afetar a qualidade de vida dos pacientes.

Tratamentos inovadores para câncer de próstata

Desde 2020, novos medicamentos estão permitindo o prolongamento da sobrevida dos pacientes. É o caso dos bloqueadores hormonais darolutamida e enzalutamida, que impedem que as células do câncer cresçam em quadros de doença metastática. Ambos medicamentos diminuiram o risco de morte ou de nova metástase nos pacientes em até 70%.

Outra inovação dos últimos cinco anos foi no desenvolvimento de novos medicamentos radioterápicos que permitiram um combate mais concentrado aos tumores desenvolvidos na próstata. O uso dos remédios recentes com radioterapias, como a de dicloreto de rádio-223, aumentou a sobrevida livre de progressão em 31% em comparação com apenas as terapias mais recentes de bloqueio hormonal.

Como se trata câncer de próstata atualmente?

Atualmente, o tratamento do câncer de próstata, quando localizado, é feito com cirurgia, radioterapia ou apenas vigilância ativa em caso de crescimentos lentos do tumor. Muitas vezes, as estratégias são acompanhadas da castração química (uso dos bloqueadores hormonais para aumentar a eficácia terapêutica).

No caso dos tumores metastáticos, é preciso tratar as regiões atingidas pelo espalhamento da doença, mas também usar os bloqueadores de hormônio mais fortes. Apesar dos resultados, tratamentos como a darolutamida não são disponibilizados no SUS por seus altos custos.

“São tratamentos caros, é verdade, mas o horizonte de mudanças que eles trouxeram para o tratamento da doença é incomparável. Claro que gostaríamos de fazer uma detecção precoce de todos os tumores, monitorar com uma vigilância ativa para que as pessoas não precisassem passar por tratamentos tão agressivos, mas é preciso dar o melhor aos nossos pacientes. Não podemos atuar como fazíamos há 20 anos. Temos novos tratamentos para além da castração química e da quimioterapia e é importante garantir que nossos pacientes vivam mais e melhor”, diz Barata.

Barreiras para o diagnóstico precoce

Entre as principais barreiras encontradas pelo oncologista para aumentar a detecção precoce do câncer de próstata, ele aponta tanto a dificuldade de acesso a consultas com especialistas como a falta de reconhecimento dos homens sobre seus próprios corpos e sintomas.

“Falta reconhecer em si os sinais de uma doença. As pessoas enfrentam dores, cansaço, urina retida por anos, até que os sintomas se tornem muito piores. É fundamental que tenhamos conhecimento sobre nossos corpos”, afirma o médico.

Derrubando mitos sobre o tratamento do câncer de próstata

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Fonte: Metrópoles

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