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Cassino, clássico de Scorsese, completa 30 anos

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Cassino, clássico de Scorsese, completa 30 anos

Quando Cassino chegou aos cinemas em 1995, muita gente acreditava que Martin Scorsese estava apenas repetindo a fórmula de Os Bons Companheiros (1990). Afinal, o trio principal era praticamente o mesmo – Robert De Niro, Joe Pesci e a máfia como pano de fundo. Mas o tempo se encarregou de mostrar que Cassino é uma obra única, com identidade própria, e que vai muito além de um simples filme de gângster.

Agora, em 2025, Cassino completa 30 anos. Três décadas depois, a produção ainda impressiona pelo seu ritmo, fotografia vibrante, trilha sonora potente e, claro, pela direção meticulosa de Scorsese. O filme gira em torno de Sam “Ace” Rothstein (De Niro), um apostador profissional que é convocado pela máfia para administrar o Tangiers, um cassino fictício que representa vários estabelecimentos reais da época. Ao seu lado está Nicky Santoro (Pesci), um mafioso explosivo enviado para proteger os interesses do grupo – o que acaba gerando tensão e violência. Já Sharon Stone brilha como Ginger, a mulher de Ace, em uma performance que lhe rendeu uma indicação ao Oscar.

Ao revisitar o filme hoje, é impossível não fazer comparações com os dias atuais. Há muitos anos, o mundo dos cassinos passou a ser administrado pelas grandes empresas e, com isso, a atividade tornou-se uma das formas de entretenimento mais procuradas pelo público. O sucesso é tanto que chegou ao digital, com plataformas como o cassino online na Betfair oferecendo uma nova experiência de apostas. Isso tudo, portanto, contrasta com o cenário retratado no filme, que envolve um ambiente bem menos lúdico do que o de agora.

Mas o que faz de Cassino um filme tão fascinante não é apenas a história de ascensão e queda. É o retrato minucioso de um sistema em colapso, da corrupção institucionalizada, e do glamour que disfarça um universo brutal. A forma como Scorsese utiliza a narração em off, os cortes rápidos e as trilhas icônicas transforma uma história que poderia ser apenas técnica em algo visceral.

Mais do que um filme sobre jogos

Mas Cassino é muito mais do que um filme sobre jogos. É, acima de tudo, sobre ganância, ego e desintegração moral. Sam Rothstein é obcecado por controle. Ele acredita que, se tudo for feito à risca, nada pode dar errado. Mas o universo em que vive – recheado de interesses, traições e vaidades – não permite esse tipo de precisão. É nessa falha entre o ideal e o real que a tragédia se constrói.

Sharon Stone, aliás, entrega uma das atuações mais memoráveis de sua carreira. Ginger não é uma personagem fácil de digerir – é manipuladora, vulnerável e, ao mesmo tempo, vítima e cúmplice de tudo ao seu redor. Scorsese não a trata com piedade, mas com profundidade, o que torna seu arco dramático ainda mais impactante.

A parte técnica do filme também é um espetáculo à parte. A direção de fotografia de Robert Richardson cria um visual marcante, com luzes estouradas e cores saturadas que retratam o brilho e o excesso da Las Vegas da época. Já a montagem de Thelma Schoonmaker, parceira fiel de Scorsese, mantém o ritmo ágil mesmo em um filme com quase três horas de duração.

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Obra-prima de Scorsese

Trinta anos depois, Cassino continua sendo uma das obras mais densas do diretor. Pode até não ter o charme instantâneo de Os Bons Companheiros ou a comoção de Taxi Driver, mas é provavelmente o trabalho mais completo de Scorsese quando o assunto é retratar as engrenagens do poder – e como elas inevitavelmente se desgastam com o tempo.

E se naquela época Las Vegas era o epicentro das apostas, hoje os cassinos se espalharam pelo mundo digital. Os jogos de azar evoluíram, mas a atração por eles continua a mesma. As luzes piscantes, a expectativa da vitória, o som característico das slots girando: tudo isso ainda exerce o mesmo fascínio que vemos no filme. A diferença é que agora não é preciso atravessar o deserto para se render ao jogo: basta um clique.

Ao celebrar três décadas de existência, Cassino mostra por que continua relevante. É um retrato estilizado, mas também brutal, de um tempo em que o jogo era mais do que diversão: era poder, era sobrevivência, era guerra.

Martin Scorsese, mais uma vez, fez história. E Cassino, com sua estética impecável e suas personagens inesquecíveis, segue sendo uma aposta certeira para quem gosta de cinema com C maiúsculo.

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Fonte: OFuxico

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