O fenômeno do vício em jogos tem ganhado proporções alarmantes, com os celulares se tornando verdadeiros “cassinos portáteis” ao alcance das mãos. Essa é a conclusão dos especialistas entrevistados pelo dr. Roberto Kalil no Sinais Vitais deste sábado (21) – o programa analisa o crescente problema dos transtornos do impulso relacionados aos jogos de azar e apostas online.
De acordo com os profissionais, a prática de apostar faz parte do comportamento humano há milênios, com registros que datam de seis mil anos antes de Cristo. No entanto, a facilidade de acesso proporcionada pelos smartphones e a proliferação de aplicativos de apostas têm intensificado esse hábito, levando-o a níveis preocupantes.
O celular como catalisador do vício
A psicóloga Maria Paula Magalhães, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, destaca que os dispositivos móveis se transformaram em “cassinos portáteis”, permitindo que as pessoas façam apostas a qualquer momento, inclusive durante o trabalho. Essa disponibilidade constante aumenta significativamente o risco de desenvolvimento de comportamentos compulsivos.
O professor Hermano Tavares, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, ressalta que a combinação de jogos de aposta com as redes sociais cria um ambiente ainda mais propício para o vício. A “gamificação” e os elementos sociais dessas plataformas podem tornar a experiência de apostar mais atraente e difícil de resistir.
Especialistas recomendam que as pessoas estejam atentas aos sinais de comportamento compulsivo relacionado a jogos e apostas. Estes podem incluir a necessidade de apostar quantias cada vez maiores, dificuldade em controlar o tempo gasto com jogos online e impactos negativos na vida pessoal e profissional.
É fundamental que indivíduos que percebam sinais de vício busquem ajuda profissional. O tratamento para transtornos do impulso relacionados a jogos geralmente envolve terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, intervenção medicamentosa sob supervisão médica.